Contribuições do Pilates na prevenção e auxílio no tratamento da incontinência urinária na terceira idade
INTRODUÇÃO
Como futuros profissionais de Educação Física, devemos levar em conta que habilitar os indivíduos significa torná-los capazes de vencer suas próprias barreiras.
Mediante tais fatos, a justificativa do tema escolhido, ou seja, "Contribuições do Pilates na prevenção e tratamento da incontinência urinária na terceira idade", se baseia no fato de tratar-se de um assunto atual, que cada vez mais tem proporcionado diversos debates dentro dos universos acadêmico e científico na busca de novos meios de proporcionar o bem-estar dos idosos que sofrem com a incontinência urinária.
Como se verá no decorrer deste trabalho, a incontinência urinária consiste na perda do controle da bexiga. Os sintomas podem variar desde uma infiltração de urina leve até a saída abundante e incontrolável da mesma. Grande parte dos problemas de controle da bexiga ocorre quando os músculos encontram-se demasiadamente enfraquecidos ou demasiadamente ativos. (RIBEIRO et al, 2016).
No que se refere ao Pilates, criado no início do século XX, pelo alemão Joseph Hubertus Pilates, esse método que leva o seu nome, trata-se de um sistema de exercícios físicos e mentais. O Pilates leva em sua base múltiplas especialidades, dentre elas, a ginástica, a traumatologia e a yoga. É uma atividade dinâmica já que une a força muscular com o controle mental, a respiração e o relaxamento. Por isso, a possibilidade de auxiliar nas questões de incontinência urinária nos idosos. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PILATES, 2016).
Levando em conta os conteúdos acima, o objetivo deste estudo é discutir a eficiência da prática do Pilates na prevenção e tratamento da incontinência urinária na terceira idade.
Todavia, devemos esclarecer que para a elaboração deste artigo optamos pela metodologia do tipo retrospectiva, com pesquisa bibliográfica. Foram pesquisados matérias de cunho científico e acadêmico junto aos seguintes bancos de dados: Centro Universitário Ítalo Brasileiro, Universidade de Campinas-UNICAMP, Universidade de São Paulo-USP, LILACs; e SCIELO. A partir daí foi possível identificar aqueles que ajudariam na composição propriamente dita desta investigação.
Devemos ressaltar que este artigo encontra-se dividido em duas partes, sendo que, a primeira aborda a questão da incontinência urinária na terceira idade, suas causas e conseqüências. A segunda contempla a questão da prática do Pilates destinada a esses indivíduos da terceira idade que sofrem de incontinência urinária e seus benefícios, rumo a uma vida qualitativa e saudável.
Feito isso, espera-se ter chegado a uma conclusão bem fundamentada e mais concreta sobre a questão aqui levantada, ou seja: o Método Pilates, realmente, consegue promover o bem-estar e a qualidade de vida nos idosos que sofrem de incontinência urinária? Isso é o que iremos discutir a seguir.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA TERCEIRA IDADE
De acordo com a International Continence Society-ICS (Sociedade Internacional de Incontinência, 2017), a incontinência urinária é um problema sanitário e social; condição médica caracterizada pela perda involuntária da urina.
A incontinência urinária (IU) é mais freqüente nas pessoas mais velhas. É resultado de múltiplos mecanismos, sendo sua incidência mais comum nas mulheres. Está associada à idade avançada, comorbidade, problemas urinários e neurológicos, bem como, às limitações funcionais. (MARTINEZ, 2017).
Apesar de a incontinência urinária não ser considerada uma doença de risco de morte, pode deteriorar significativamente a qualidade de vida das pessoas que sofrem dessa condição, bem como, diminuir a auto-estima ou, até mesmo, interferir na autonomia desses indivíduos. Segundo Ribeiro et al (2016):
As disfunções urinárias, como um todo, são de estrema relevância para a Área da Saúde por se tratarem de patologias que geram bastante constrangimento, apresentando graves complicações, sendo estas de caráter social, ocupacionais, psicológicas, físicas (de saúde), sexuais e/ou econômicas, interferindo negativamente na qualidade de vida do indivíduo. (RIBEIRO et al, 2016, p. 65).
Estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde-OMS (2016) revelaram uma predominância média de incontinência urinária, em torno de 30% a 40% em indivíduos na faixa da meia idade e cerca de 50% nos indivíduos na faixa da terceira idade. Além disso, o fato de a incidência de incontinência urinária aumentar linearmente com a idade levou a OMS (2016) a considerá-la uma das síndromes geriátricas, tanto por sua elevada predominância em adultos com mais de 65 anos, como pelo impacto negativo que ocasiona nos idosos que padecem da mesma. Ou seja, a incontinência urinária pode afetar o cotidiano ao influenciar de modo negativo: o sono; o descanso; o comportamento emocional; a interação social e as atividades de lazer dos idosos. A Sociedade Brasileira de Urologia (2017) afirma que,
Quatro em cada dez mulheres desenvolvem incontinência urinária após a menopausa. Isso ocorre porque com o avanço da idade a musculatura abdominal torna-se flácida, a uretra muda de posição e perde a capacidade de conter a urina. Acontece ainda com maior freqüência em mulheres que tiveram muitos partos normais, ou mesmo apenas um parto mal conduzido, e menos freqüentemente, mas não raro, em indivíduos jovens e crianças. O problema também afeta homens, tendo como principal causa o aumento da próstata, que leva à alteração do funcionamento da bexiga. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA, 2017, p. 1).
Dentre os fatores de risco associados à incontinência urinária na terceira idade, a International Continence Society-ICS (Sociedade Internacional de Incontinência, 2017) chama a atenção para os seguintes: a extirpação do útero; a obesidade; algumas doenças relacionadas ao sistema nervoso central e dos músculos; a demência; entre outros. Também afirma a existência de outros fatores de risco relacionados com o trabalho, como, por exemplo, aqueles que requerem grande esforço físico (esportes de impacto, entre outros).
A manutenção da incontinência urinária é um mecanismo complexo que exige a coordenação de sistemas cognitivos e neuromusculares, bem como, a aquisição de um comportamento aprendido. No processo de micção se fazem necessários o planejamento, o tempo e a seqüência, apropriados.
A bexiga funciona como reservatório para armazenamento e eliminação periódica da urina. Para que essas funções ocorram adequadamente, é necessário que a musculatura lisa vesical (detrusor) relaxe e haja aumento coordenado do tônus esfincteriano uretral durante a fase de enchimento da bexiga – e o oposto durante a micção. (GOMES; HISANO, 2010, p. 30).
Em outras palavras, a função da bexiga consiste em duas fases: enchimento e esvaziamento. Durante a etapa do enchimento, a bexiga armazena a urina até que possa ser esvaziada voluntariamente. Durante a etapa do esvaziamento, a bexiga libera o seu conteúdo por controle voluntário. Nesse contexto, transformações no armazenamento da bexiga podem causar incontinência urinária. Mudanças ocorridas na fase de esvaziamento podem causar retenção urinária parcial ou completa.
Com base em suas pesquisas FANTL (2008) observou que, geralmente, os indivíduos que sofrem de incontinência urinária não o falam aos seus médicos, ocultando o fato por motivo de vergonha, sendo que cerca de 70% dos idosos participantes que sofriam dessa condição tenderam a resistir falar sobre o assunto.
FANTL (2008) complementa seus achados ao afirmar que os indivíduos da terceira idade contam com três padrões urodinâmicos distintos, responsáveis pela disfunção das vias urinárias baixas; são estes: hiperatividade do músculo detrusor; alteração da função do músculo detrusor e a reação do músculo detrusor quanto à obstrução da saída.
De qualquer modo, o manejo da incontinência urinária deve ser enfocado na modificação dos fatores de risco, bem como, na minimização do impacto na saúde das condições de comorbidade. A prevenção se baseia na diminuição do impacto das doenças crônicas no risco relacionado à incontinência urinária, bem como, na prevenção do desenvolvimento dessa condição em si. (FANTL, 2008).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2016) a prevenção e tratamento da incontinência urinária nos idosos devem incluir mudanças de estilo de vida o que, por sua vez, requer exercícios da musculatura e aumento da resistência do sistema urinário. É exatamente aqui que entra o Método Pilates, foco deste estudo, como promotor da qualidade de vida dessa população que sofre de tal condição.
MÉTODO PILATES VERSUS INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA TERCEIRA IDADE: O que Esperar?
Como comentado anteriormente, a incontinência urinária é caracterizada pela perda involuntária da urina. Segundo Fantl (2008), o indivíduo que sofre com essa condição, sente uma vontade repentina de urinar, sendo incapaz de retê-la. Algumas vezes pode trazer situações embaraçosas, já que tais escapes podem se dar através de um simples espirro, risada, ou exercício de esforço físico. A incontinência urinária não é considerada como uma doença, mas uma situação que pode ocorrer quando a pressão dentro da bexiga é superior à pressão na uretra, por exemplo. Kenway (2014) esclarece que a incontinência urinária pode ocorrer quando o assoalho pélvico torna-se enfraquecido.
Sobre o assunto, o Ministério da Saúde (2017) chama a atenção ao afirmar que se por um lado, um dentre dez indivíduos na terceira idade pode sofrer de incontinência urinária; por outro a idade avançada por si só não leva à perda de urina, ou seja:
Apesar de, com o passar dos anos, o corpo sofrer uma série de modificações que favorecem o envelhecimento normal ou fisiológico, a incontinência urinária é um sintoma que revela uma patologia escondida que deve ser investigada. Não se trata de um problema normal e inevitável que não tem solução, tampouco deve se ter vergonha de pedir ajuda medica para solucionar a mesma. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017, p. 1-2).
Mediante tais fatos, ao abordar os fatores de risco que poderiam resultar no surgimento de incontinência urinária, a Associação Portuguesa de Urologia (2017) aponta os seguintes, como sendo os mais comuns: (a) antecedentes (gravidez múltipla, partos traumáticos, intervenções ginecológicas, cirurgia de próstata); (b) problemas médicos (Parkinson, Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico conhecido através da sigla AVC, demência, hidrocefalia, patologia da medula espinhal, neuropatias periféricas, diabetes mal controlada, insuficiência cardíaca, artrose, osteoporose, infecções urinárias, entre outros); (c) consumo de fármacos (diuréticos, hipnóticos, antidepressivos, anti-psicóticos, analgésicos narcóticos, entre outros); (d) situação funcional (impossibilidade de movimento; necessidade de ajuda para usar o banheiro; vestir roupas inadequadas); e (e) situação social (barreiras arquitetônicas para acessar o banheiro; ausência de cuidadores suficientes).
O Ministério da Saúde (2017) também esclarece que a incontinência urinária pode ocorrer por causas transitórias que não contam com lesões orgânicas permanentes, tais como: infecção urinária; medicamentos; alterações psicológicas; entre outras.
As causas conhecidas como "estabelecidas" são aquelas caracterizadas por alterações estruturais, tais como: incontinência urinária de urgência, mais comum nos idosos, que consiste numa necessidade urgente de urinar; ou seja, não dá tempo suficiente para que a pessoa chegue ao banheiro para urinar. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
Nesse caso, "a repentina vontade de urinar é produzida por uma hiper-excitabilidade da musculatura da bexiga, que provoca contrações involuntárias do músculo detrusor durante a fase de enchimento". (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE UROLOGIA, 2017, p. 1).
A incontinência urinária de esforço, também conhecida como incontinência urinária de estresse, se dá através do escape da urina no momento em que se produz uma pressão forte na cavidade abdominal como, por exemplo, ao espirrar, ao tossir, ao rir, ao levantar um peso, entre outros.
Segundo o Centro Sano Pilates (2017), a incontinência urinária de esforço é mais freqüente nas mulheres, sendo pouco habitual nos homens.
Outros fatores que podem desencadear a incontinência urinária é a menopausa (por conta da transformação hormonal que produz); uma modificação da posição normal do útero (prolapso) ou um aumento de seu volume; a obesidade; problemas renais, entre outros. (ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE UROLOGIA, 2017)
Outro tipo comum que pode ocorrer nos indivíduos da terceira idade é a incontinência urinária por transbordamento que se dá através da perda involuntária da urina em uma bexiga distendida e cheia. Nesse caso, a perda involuntária da urina se produz devido ao fluxo da urina que sofre alguma obstrução, sendo que mesmo havendo o enchimento da bexiga, esta não se esvazia com normalidade o que, por sua vez, resulta em transbordamento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
Dentre as causas principais de incontinência urinária por transbordamento encontram-se certas doenças neurológicas: como conseqüência de determinados problemas do sistema nervoso, dentre eles: doenças neurológicas que danificam o cérebro; a medula espinhal ou os nervos que desempenham uma função importante no mecanismo da micção. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
A Sociedade Brasileira de Urologia (2017) esclarece que, graças às diferentes opções terapêuticas existentes, e isso inclui o Método Pilates, hoje em dia, é possível solucionar a incontinência urinária em quase 30% a 40% dos casos, diminuindo a severidade dos sintomas em 40% a 50% dos casos.
Mediante tais fatos, é importante ressaltar que uma pesquisa feita no ano de 2015, pelo Centro Sane Pilates de Madrid, em mulheres da terceira idade que sofriam com incontinência urinária, revelou que o Método Pilates pode ser um grande aliado no combate dessa condição.
A Associação Brasileira de Pilates (2016) indica que o Método Pilates se fundamenta em seis princípios que podem auxiliar na prevenção e tratamento da incontinência urinária, são estes: (a) centralização, (b) concentração; (c) controle; (d) fluidez; (e) precisão e; (f) respiração.
Também esclarece que o Método Pilates foi desenvolvido com base na filosofia, a qual seu criador denominou "centro de energia", sendo ali o local aonde se concentra (centraliza) toda a energia necessária para que o indivíduo possa realizar seus exercícios. Em outras palavras, os exercícios Pilates devem começar a partir dos músculos abdominais, lombares, entre outros, que, por sua vez, segundo seu idealizador constituem o centro da energia ou poder. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PILATES, 2016).
Izakowitz (2010) lembra que a concentração é outro princípio de fundamental importância para o Pilates, já que é através dela que o indivíduo terá a possibilidade de conectar corpo e mente. Assim sendo, no decorrer da realização dos exercícios faz-se imprescindível se concentrar na área do corpo que se estiver trabalhando como, por exemplo, o assoalho pélvico, no caso da incontinência urinária, de modo que seja possível sentir a atividade que está sendo desenvolvida de forma plena e, assim, atingir os resultados esperados.
Todavia, deve-se ressaltar que o Método Pilates também se articula em torno do controle muscular, não havendo necessidade de movimentos bruscos ou irregulares que possam resultar em lesões. E isso requer controle mental. (IZAKOWITZ, 2010).
No que se refere à precisão, a Associação Brasileira de Pilates (2016) aponta que está é fundamental na realização dos movimentos. Também esclarece que a mesma deriva do controle exigido para realizá-los. Ou seja, o fato de cada movimento feito no Pilates ter um propósito, faz com que a precisão seja vital para a correta execução dos exercícios.
Mas não é somente isso, Izakowitz (2010) revela que os exercícios do Pilates devem ser feitos com fluidez, ou seja, deve ter um equilíbrio, não devendo ser muito lentos ou muito rápidos, lembrando que o Pilates não conta com movimentos independentes ou estáticos, mas movimentos que seguem a fluidez natural do corpo humano.
A respiração correta também é de suma importância para o Pilates, tanto é que faz parte integral de cada exercício, sendo sempre coordenada com o movimento. Segundo a Associação Brasileira de Pilates (2016), uma das finalidades principais do Pilates é limpar a corrente sanguínea através da oxigenação, bem como, aumentar a eficácia da assimilação do oxigênio e da capacidade respiratória, sendo que para isso faz-se necessário respirar corretamente e manter um ritmo de inspirações e expirações adequado durante a realização dos exercícios, pois só assim será possível revitalizar todo o sistema.
Pilates e Miller (2009) chamam a atenção ao indicar que juntamente com os princípios anteriormente citados, existem outros que também são fundamentais para a correta realização do Método Pilates, já que ajudam a maximizar seus benefícios: (a) imaginação; (b) intuição; (c) integração; e (d) flexibilidade.
Durante a realização dos exercícios podem ser utilizadas metáforas visuais para estimular o movimento físico através da imaginação; também é importante escutar o corpo e seguir a própria intuição natural. (PILATES; MILLER, 2009).
Ainda, para poder realizar os exercícios da forma correta há necessidade de levar em conta o corpo em sua integridade, de modo que a cada exercício seja colocada em prática a totalidade da massa muscular do corpo, indo da cabeça aos pés. (PILATES; MILLER, 2009).
Todos os exercícios do Pilates foram criados com o objetivo de flexibilizar e tonificar os músculos, e assim, proporcionar uma sensação de bem-estar, bem como facilitar atividades diárias, tais como, caminhar, sentar, se agachar, correr, entre outras. (PILATES; MILLER, 2009).
Sobre o assunto Martins (2013) ressalta que, dentre todos os princípios criados, ao desenvolver o seu Método, Joseph Pilates enfatizou o conceito de contrologia, que de acordo com o referido autor consiste no:
[...] controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo. É a correta coordenação do corpo, da mente e do espírito. Por meio dela é possível desenvolver o corpo uniformemente, corrigir a má postura, restaurar a vitalidade física, revigorar a mente e elevar o espírito. A contrologia proporciona flexibilidade, graça natural, habilidades e força muscular, que são refletidas no desenvolvimento uniforme de todo o corpo, na medida em que adquirirmos boa forma física. (MARTINS, 2013, p. 4).
Levando em conta o acima exposto, ao conduzir, durante seis meses, testes com mulheres que sofriam de incontinência urinária de urgência, Moreira et al (2002) concluíram que aquelas que haviam realizado exercícios Pilates do assoalho pélvico mostraram melhoria bem significativa, em relação àquelas que não estavam praticando qualquer atividade física.
De acordo com Berlezi, et al (2009), os exercícios do assoalho pélvico são um dos principais tratamentos para a incontinência de esforço feminino sendo muito eficazes na prestação de alívio dos sintomas. O sucesso com exercícios Pilates no assoalho pélvico tem sido muito significativo em casos com incontinência de esforço leve a moderada chegando a alcançar a casa dos 80%.
Ao avaliar a eficácia do Pilates sobre os músculos do assoalho pélvico Culligan et al (2009) afirmou que tal modalidade terapêutica é realmente eficiente, podendo auxiliar mulheres que experimentam fraqueza muscular pélvica.
A fim de realizar seus estudos, o Centro Sano Pilates (2015) contou com dois grupos: um grupo constituído por 45 mulheres na terceira idade, praticantes do Pilates, 1 vez por semana, num período de 3 anos; o outro, constituído por 45 mulheres, também na terceira idade, que jamais tinham feito quaisquer tipos de exercícios Pilates.
Os resultados manifestaram significativa diferença quanto à presença de incontinência urinária entre os referidos grupos, sendo que enquanto que as 45 mulheres do Grupo 1, que tinham o hábito de praticar o Pilates diminuíram a incidência de incontinência urinária em 76%; as 45 mulheres do Grupo 2 que jamais haviam praticado o Pilates aumentaram em 52% a incidência de incontinência urinária.
De acordo com Silva et al (2011, p. 10), "ao se estudar o Método Pilates e toda sua aplicabilidade, observou-se que sua prática tem sido eficaz para o fortalecimento de todos os músculos do corpo, inclusive dos músculos abdominais, assim como do assoalho pélvico".
Todavia, pesquisas realizadas por Andreazza e Serra (2007) com 12 mulheres demonstraram que o Método Pilates promove um fortalecimento eficiente da musculatura do períneo, o que por sua vez, ajuda a prevenir o surgimento de disfunções no trato do sistema urinário.
Percebe-se que o Método Pilates é o que mais influencia a força do assoalho pélvico, podendo ser usado como forma de prevenção, ou seja, o Método Pilates pode ser utilizado para o fortalecimento da musculatura perineal como forma de prevenção para o aparecimento de disfunções dessa musculatura. (ANDREAZZA; SERRA, 2007, p. 15).
Outro estudo realizado por Borges, Santos e Silva (2005), com mulheres idosas, entre 74 e 77 anos, que sofriam com incontinência urinária, revelaram contribuições positivas do Método Pilates na diminuição de perda urinária e aumento da força muscular do períneo, após três meses de prática.
Caetano et al (2007) afirmam que a existência de inúmeros benefícios decorrentes do exercício regular para o corpo de maneira geral é fato. E advertem:
[...] as mulheres com incontinência urinária não devem ser aconselhadas a evitar atividades físicas por causa da incontinência. Os profissionais que trabalham com atividades físicas, aulas de ginástica e esportes devem ser preparados e informados a respeito da incontinência urinária e suas conseqüências, para poderem, assim, oferecer orientações e ajuda às mulheres de todas as idades que praticam exercícios e esportes, através de estratégias não invasivas, como os exercícios para o fortalecimento do períneo (Pilates). (CAETANO ET AL, 2007, p. 273).
Dentre as técnicas existentes para prevenir ou tratar a incontinência urinária, a Sociedade Brasileira de Urologia (2017) afirma que o Método Pilates, é aquele que tem tido maior destaque:
[...] sendo considerado um dos mais importantes, visto que seus principais objetivos são ganho de coordenação, força, flexibilidade, equilíbrio e resistência. [...] a ativação permanente do "centro do poder" que inclui a musculatura do assoalho pélvico, estimula esta, atuando de forma positiva, não somente no tratamento da incontinência urinária, quando já instalada, mas também como técnica preventiva da incontinência urinária. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA, 2017, p. 6).
Carrollton (2017) concorda com o acima mencionado, na medida em que afirma que o exercício é essencial para manter a força e a flexibilidade no assoalho pélvico. É também uma parte importante do tratamento e gestão de distúrbios do assoalho pélvico, usado para fortalecer os músculos para melhorar o apoio pélvico sendo, o Pilates particularmente útil para estes fins, uma vez que ensina técnicas para aumentar a força, coordenação, flexibilidade e postura, fatores esses que contribuem para a saúde pélvica (SILVA et al, 2011).
Além disso, o treinamento de força é abordado de forma equilibrada em Pilates, de modo que todos os músculos que contribuem para o apoio pélvico são envolvidos e fortalecidos. Ou seja, o Pilates fornece exercícios que se completam no sentido de manter a força e a estabilidade pélvicas. (CARROLLTON, 2017).
Após mais de uma década de estudos e experiência própria na instrução do Pilates aos seus clientes Northrup (2012) descobriu que uma das maneiras mais bem sucedidas para prevenir e tratar da incontinência urinária é o exercício dos músculos do assoalho pélvico, como por exemplo, através do uso de uma bola pequena. Isso porque, como qualquer outro músculo do corpo, o músculo do assoalho pélvico também requer treinamento, sendo o Método Pilates um dos mais indicados, pois ajuda a prevenir e tratar da incontinência de esforço, por exemplo, que consiste na incapacidade de controlar os movimentos do intestino, da bexiga ou ambos quando esses músculos são colocados sob tensão, na forma de tossir, espirrar, correr, pular, e assim por diante; além de prevenir o prolapso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos através de pesquisas que o método Pilates pode contribuir e auxilia na prevenção da incontinência urinaria.
O Método Pilates conta com mais de 500 exercícios que ajudam a contrair os músculos pélvicos, e, posteriormente, os músculos abdominais;
Ainda, no que se refere à questão da incontinência urinária, a prática dos exercícios Pilates promovem o tônus muscular do assoalho pélvico, ao mesmo tempo em que fortalecem e tonificam o corpo, sem elevar o volume muscular.
A incontinência urinaria é uma patologia que, com certeza, poderá fazer parte da vida de alguns indivíduos, principalmente aqueles que se encontram na faixa da chamada "terceira idade". Assim sendo, é indispensável conhecer as opções terapêuticas existentes que poderão auxiliar essas pessoas a ter uma vida plena e isso não diz respeito apenas às medicações ou cirurgias, mas outros tipos de terapias alternativas e eficientes como, por exemplo, o Método Pilates.
Seus exercícios ajudam a oxigenar os músculos de modo que ensinam as pessoas a se conscientizarem de seu próprio corpo. Ajudam a controlar os músculos. Trata-se de uma prática que relaxa e fortalece o corpo e a mente que pode ser de grande auxilio para prevenção da incontinência urinária, principalmente na terceira idade, mas como tudo aquilo que tem relação com a saúde, o Pilates deve ser considerado como um método que requer seriedade, profissionalismo e compromisso do paciente, pois só assim bons resultados poderão ser alcançados.
REFERÊNCIAS
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BERLEZI, E. V. [et al] Incontinência urinária em mulheres no período pós-menopausa: um problema de saúde pública. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 2009; 12(2):159-73.
BORGES, J.; SANTOS, M. T. B.; SILVA, I. P. R. da. Técnica de Pilates no tratamento da incontinência urinária em mulheres idosas. Atelier do Corpo, Bahia, 2005. Disponível em: <https://www.atelierdocorpoba.com.br/site/conteudo/artigos/>. Acesso em: 04 de abril de 2017.
CAETANO, A. S. [et al] Incontinência urinária e a prática de atividades físicas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 13, nº 4 – Jul/Ago, 2007.
CARROLLTON. E. Pilates. Disponível: <www.drugwatch.com.> Acesso em 04 de abril de 2017.
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FANTL, J. A. Behavioral intervention for community-dwelling individuals with urinary incontinence. Urology, 2008; v. 51(Suppl 2A), p. 30-34.
GOMES, C. M.; HISANO, M. Anatomia e fisiologia da micção. In: NARDOZZA JÚNIOR, A.; ZERATI FILHO, M; REIS, R. B. dos. [eds] Urologia fundamental. São Paulo: Planmark, 2010, 422p.
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UROLOGIA, Sociedade Brasileira de. Disponível em: <http://portaldaurologia.org.br > Acesso em: 01 de maio de 2017.
POR:
Arturo Lamadrid Dreger
Evangevaldo de Lima Santos
Fabiana Gomes
José Sérgio
Renata Gomes Galdino
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