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Pessoas com deficiência e suas rotina fitness

estudante mineiro Vítor Dourado, 20

Vi uma matéria sobre pessoas com deficiência que postam em redes sociais suas rotinas fitness e achei um barato. Apesar de acompanhar atletas paralimpicos em redes sociais, gostei de ver que esse "habito" se estende a pessoas que não são atletas paralimpicos. A reportagem traz o exemplo do Vitor dourado, estudante mineiro. Aos 20 anos, marca presença na academia diariamente e não descuida da alimentação. O resultado –muitos músculos e uma barriga "tanquinho"– é frequentemente compartilhado com seus quase 80 mil seguidores nas redes sociais.

Ele é um dos saradões do Instagram que têm alguma deficiência física e que, cada vez mais, fazem sucesso mostrando a agitada rotina fitness e inspirando outras pessoas a praticar exercícios.

Vítor precisou amputar as duas pernas após um acidente de carro quando tinha 17 anos. Foi no processo de reabilitação que ele passou a ter contato com o esporte. Primeiro com a natação, modalidade pela qual chegou a competir, e depois com o vôlei e o jiu-jítsu.

Mas foi no fisiculturismo, há dois anos, que ele diz ter encontrado sua paixão. Patrocinado por uma marca de suplementos, ele já participou de dois campeonatos e está fase de preparação para vários outros neste ano.

A parte mais difícil, explica Vítor, está na prática de exercícios aeróbicos, necessários para manter seu percentual de gordura baixo.

"As minhas próteses não são feitas para quem tem uma vida tão ativa. Elas vivem quebrando porque eu exijo demais delas. Como eu não consigo correr, treino sempre na bicicleta ergométrica, que me machuca", detalha.

Apesar das dificuldades, Vítor diz que não desanima e que recebe bastante incentivo nas redes sociais. Chegou a distribuir autógrafos durante um dos maiores eventos de fisiculturismo do Brasil, o Arnold Classic, no Rio.

A modelo Paola Antonini, 21, também compartilha sua rotina fitness nas redes sociais. Só no Instagram ela tem quase 700 mil seguidores.

Após ser atropelada em dezembro de 2014, ela teve a perna esquerda amputada acima do joelho e agora usa uma prótese.

Além de não fazer questão nenhuma de escondê-la, Paola não deixou de lado as atividades físicas. Frequenta a academia, faz aulas de dança e já se aventurou no skate.

Acompanhado por quase 170 mil pessoas nas redes sociais, o paulistano Fernando Fernandes, 35, é outro que ostenta na internet uma intensa rotina de treinos na academia e em diferentes esportes ao ar livre.

Uma das principais apostas de medalha do Brasil nos Jogos Paraolímpicos no Rio, ele é tetracampeão mundial de paracanoagem.

"Acho que as redes sociais deram mais visibilidade para a prática de esporte pelos deficientes. Muitas vezes é preciso adaptar os exercícios para a nossa realidade. Mas agora as pessoas veem que não é preciso mais ter vergonha disso, de ser diferente", conta ele.

A cada compartilhamento em seus perfis, Fernando, Paola e Vítor colecionam elogios e palavras de motivação.

Não é só no Brasil que atletas fitness com deficiência física estão rompendo barreira e fazendo sucesso. No ano passado, a edição britânica da revista "Men's Health", uma das mais tradicionais publicações dirigidas ao público masculino, trouxe na capa o personal trainer e modelo fitness Jack Eyers.

Eyers nasceu com um problema congênito e precisou amputar uma das pernas ainda na adolescência Isso não o impediu de ter formação em educação física e de praticar esportes como natação, boxe e musculação.

Um ano antes, a edição americana da revista "Men's Health" já havia estampado o ex-soldado Noah Galloway, que perdeu parte de um braço e de uma perna na Guerra do Iraque.

Além de ter continuado com a prática de exercícios –e com o corpo saradíssimo–, Galloway iniciou uma bem-sucedida carreira como modelo.

Antes de chegarem às capas de revista, os dois fizeram muito sucesso em vídeos e fotos compartilhadas na rede.

VANTAGENS

Independentemente da modalidade, quem tem alguma limitação física deve praticar esportes sob orientação de um médico e de um profissional de educação física, para diminuir o risco de sobrecarga ou lesões. Mas os exercícios são altamente recomendados: há benefícios comprovados para o corpo e para a mente.

"A pessoa com deficiência, quando vai buscar o esporte, alia a superação dos limites físicos da deficiência e também aquilo que é natural do esporte, que é de superar os próprios desafios. Nesse processo, ela própria vai trabalhando seus pensamentos e derrubando suas próprias crenças de limitação", diz a psicóloga Sílvia Deschamps, doutora em educação física e preparadora de atletas com e sem deficiência


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