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A biomecânica dos desequilíbrios musculares

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Os desequilíbrios musculares tornaram-se grande alvo de estudos e discussões dentro da Medicina Desportiva, como prováveis responsáveis pelo alto índice de lesões entre os atletas. Porém, boa parte dos estudos que se propõem a discutir o assunto não apresentam fundamentação científica (Klee et al, 2004).
Sabe-se que a estabilidade corporal, responsável pelo alinhamento do corpo, é diretamente ligada ao controle do Sistema Nervoso Central (SNC), pelo feedback sensorial das estruturas osteoligamentares e pelo controle da musculatura ativa. Logo, qualquer disfunção em um desses fatores vai promover instabilidade, a qual será compensada pelo corpo de alguma forma. Uma dessas formas é causando um desequilíbrio entre músculos (Liebenson & Lardner, 1999). De modo que os músculos que são mais utilizados, seja em tarefas do dia-a-dia, seja por práticas esportivas, tornam-se mais fortes e mais encurtados. Por consequência, ocorre um enfraquecimento e estiramento dos músculos antagonistas (Christensen, 2000).
O desequilíbrio muscular pode ser explicado pela diferença de força e flexibilidade entre grupos musculares que atuam sobre uma mesma articulação, isto é, ocorre quando determinado grupo muscular apresenta-se mais forte e/ou mais tensionado do que seu respectivo antagonista (Kollmitzer et al, 2000; Klee et al, 2004; Liebenson & Lardner, 1999).
O desequilíbrio pode ser fator causador ou estar associado a diversos fatores, como: uso inadequado, repetição excessiva, má postura, postura antálgica, patologias articulares, patologias musculares, contraturas ou aderências, déficits neurológicos, desuso ou atrofia, prática indiscriminada de atividades esportivas, dentre outras (Stokes, 2000).
Como fator causador, os desequilíbrios ocorrem, basicamente, pela promoção de um desalinhamento postural por alterar o posicionamento das estruturas ósseas ao aproximar origem e inserção (encurtamentos); ou promover sobrecargas excessivas em determinadas articulações ou parte delas, ligamentos e outras estruturas, podendo causar lesões agudas ou crônico-degenerativas (Kendall, 1995).
Como fator secundário, pode ocorrer como consequência de uma lesão inicial. Nesse caso, destacam-se as lesões traumáticas e as neurológicas que podem facilitar ou inibir as contrações musculares de determinados músculos, como, por exemplo, é o caso da espasticidade que atinge grupos musculares predominantes, inibindo a reação de seus antagonistas (Stokes, 2000).
Alguns grupos musculares apresentam uma predisposição natural ao encurtamento. Embora não exista uma explicação para isso, acredita-se que exista correlação com a posição fetal. Dentre os músculos que sabidamente tendem ao encurtamento, destaca-se: eretores espinhais, quadrado lombar, tensor da fáscia lata, piriforme, retofemural, gastrocnêmio e sóleo, peitoral maior, trapézio superior, elevador da escápula, esternocleidomastóideos, e escalenos; enquanto seus antagonistas diretos tendem ao estiramento (Stokes, 2000).
O processo de instalação de um desequilíbrio muscular, normalmente, não é perceptível ao indivíduo até que suas consequências comecem a se manifestar, normalmente em forma de quadros álgicos e/ou deformidades. E, levando-se em consideração o complexo de cadeias musculares que compõem o corpo humano, o processo será seguido de uma série de compensações locais e a distância, transformando o problema inicial em complexo processo de reabilitação postural (Moraes, 2002).
De forma simplificada, pode-se dizer que o tratamento dos desequilíbrios consiste em promover um reequilíbrio das cadeias musculares alongando o que está encurtado e fortalecendo o que está fraco. Vale ressaltar, porém, que o equilíbrio fisiológico de forças não é necessariamente o mesmo valor entre os grupos musculares. Por exemplo, é considerado um sistema em equilíbrio quando os isquiotibiais apresentam cerca de 70% da força do quadríceps (Kollmitzer et al, 2000; Kolyniak et al, 2004).
AUTORA:
Brena Guedes de Siqueira Rodrigues
Fisioterapeuta
Contato: brenagsr@yahoo.com.br


Referencias bibliográficas

KOLLMITZER, J; EBENBICHLER, GR; SABO, A; KERSCHAN, K; BOCHDANSKY. Effects of Back Extensor Strength Training Versus Balance Training on Postural Control. Medicine Science in Sports and Exercise. v.32, n°10, 2000;
KOLYNIAK, IEGG; CAVALCANTI, SMB; AOKA, MS. Avaliação Isocinética da Musculatura Envolvida na Flexão e Extensão do Tronco: Efeito do Método Pilates®. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v.10, n.6, Niterói, nov/dec 2004;
MORAES, Luci Fabiane Scheffer. Os Princípios das Cadeias Musculares na Avaliação dos Desconfortos Corporais e Constrangimentos Posturais em Motoristas do Transporte Coletivo. Universidade Federal de Santa Catarina [dissertação de Mestrado]. Florianópolis, 2002;
STOKES, Maria. Neurologia Para Fisioterapeutas. São Paulo: Editora Premier, 2000


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