Reeducação alimentar previne a obesidade na infância
RIO — Substituir, já partir dos 2 anos, laticínios integrais por versões com baixos teores de gordura; aumentar o consumo de frutas, vegetais e cereais integrais, limitar o consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar e incentivar um estilo de vida mais ativo são algumas das recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para impedir o aumento do número de crianças e adolescentes com excesso de peso e obesidade. A doença está se tornando epidemia em todo o mundo, e, sem a participação dos pais e o engajamento de toda a família, fica muito difícil combater o problema, dizem os especialistas. E pode causar muitos outros males, como diabetes, hipertensão e doenças ósseos e nas articulações, além de problemas psicológicos.
O grande número de crianças acima do peso levou os ministérios da Saúde e da Educação a lançarem a primeira edição da Semana de Mobilização Saúde na Escola, que vai até sexta-feira e cujo foco é prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada em 2008 e 2009 pelo IBGE, uma em cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos pesa mais do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. De 10 a 19 anos, 1 em cada 5 apresenta excesso de peso. Para o pediatra Fabio Ancona Lopez, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a prevenção da obesidade, que pode ter fator hereditário e sofre grande influência do ambiente, começa na gestação.
— Filhos de pais obesos têm mais chances de se tornarem obesos. Os cuidados começam na gravidez, com uma alimentação adequada, balanceada, e consultas do pré-natal. É normal o ganho de peso nesta fase, mas de, no máximo, 20% do peso da gestante. Se a mulher já estiver acima do peso, não precisa ganhar mais. Neste caso, ela tem que ver com seu médico apenas se apresenta carência de vitaminas e minerais — explica Lopez.
Quando o bebê nasce, a principal medida para evitar o ganho de peso é o aleitamento materno até o sexto mês, ensina o médico, conforme preconizado inclusive pela OMS. Com o aleitamento, diz Lopez, o bebê só come o que ele quer, na hora em que ele quer e na quantidade suficiente para se sentir alimentado. Depois deste período, o pediatra recomenda diversificar ao máximo a oferta de alimentos saudáveis, acostumando a criança a comer frutas e legumes. Os pais também devem manter bons hábitos alimentares, até para servir de exemplo.
— É importante manter os horários das refeições, comer num ambiente sem distrações e evitar oferecer guloseimas nos intervalos das refeições. Outra medida é abolir os alimentos indutrializados e embutidos, todos ricos em sal e gordura. É bom lembrar que o excesso de sódio ajuda a reter líquidos — alerta o pediatra.
A SBP recomenda ainda diminuir incentivar a realização de atividades físicas sempre que possível. Lopez lembra ainda que, durante toda a infância e a adolescência, é preciso fazer consultas periódicas ao pediatra, para ver se a criança ou o jovem está dentro da curva de crescimento e no peso adequado.
No caso do adolescente com quilos a mais, além da prática de atividade física com orientação de um profissional de educação física, é essencial fazer a reeducação alimentar com o apoio de pediatra, nutricionista e família. Para alguns pacientes, recomenda-se acompanhamento psicológico porque, não raro, a obesidade está associada a distúrbios emocionais e alimentares, como compulsão.
Durante a primeira Semana de Mobilização Saúde na Escola, especialistas vão fazer avaliações nutricionais e medir índices de massa corporal de estudantes de mais de 22 mil escolas públicas em 1.938 municípios do país. Também estão previstas atividades e palestras envolvendo alunos, profissionais e funcionários das instituições e visitas das famílias des estudantes a unidades básicas de saúde localizadas próximo às escolas. Estima-se que mais de 5 milhões de estudantes receberão orientações sobre obesidade e serão encaminhados a atendimento quando necessário.
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