História do Lazer no Brasil: Como valorizar esta pratica?
No Brasil, observando suas características próprias, é a partir do momento da transição da sociedade tradicional para a sociedade moderna, que há uma ruptura entre a vida como um todo e o lazer, este adquirindo assim uma significação própria. O lazer está inserido então em dois estágios da sociedade brasileira, o tradicional quase inexistente e o moderno dominando o cenário nacional. De acordo com Marcellino (2002), "mesmo que convivam, ainda hoje, os dois 'modelos' de sociedade, em diferentes regiões do país, os valores veiculados pela indústria cultural, através de meios de comunicação de massa, são os da sociedade moderna – urbano-industrial, fazendo com que as questões relativas ao lazer sejam entendidas a partir desses valores hegemônicos".
É necessário considerar alguns elementos para conceituar o lazer, todavia existe alguns pontos que os autores vêem como comuns e necessários para definir – lo. Exemplos: atividades realizadas sem obrigação, num tempo disponível, que proporcione momentos de prazer e alegria, desenvolvendo aspectos na vida do indivíduo como o pessoal, intelectual, mental e/ou físico e de acordo com Dumazedier apud Marcellino (1987) o lazer é "Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou ainda para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação social voluntária, ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais".
Marcellino (2002) assevera "A possibilidade de escolha das atividades e o caráter 'desinteressado' de sua prática são características básicas do lazer.", portanto as atividades que seguirem esse pressuposto podem vir a ser consideradas lazer. Mas não podemos isolar o lazer das outras áreas de atuação humana, ele se inter-relaciona com estas. Senão se levar isso em conta poderão ocorrer uma série de equívocos, "Um deles se manifesta na valorização unilateral das atividades de lazer, que não leva em conta uma série de riscos, como as possibilidades de sua utilização como fuga, fonte de alienação e simples consumo", afirma Marcellino (2002).
Sabe-se hoje que o lazer e a recreação são tão importantes na vida do ser humano que, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no parágrafo 3º do artigo 217 garante: "O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social". Além disso também a Constituição traz no capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º que, "IV- salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas a as de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, …". O lazer, como explicitado na própria Constituição Federal é, uma necessidade vital básica e portanto um direito do cidadão brasileiro. Falaremos a seguir mais sobre o lazer e uma de suas práticas mais comuns, a recreação.
Para outros estudiosos, o lazer é fruto da sociedade urbano-industrial. Segundo Marcellino (2002), "não há, a rigor, uma rejeição entre as duas correntes, mas sim enfoques diferentes: a primeira aborda a 'necessidade de lazer', sempre presente, e a segunda se detém nas características que essa necessidade assume na sociedade moderna".
Sabemos que verdadeiramente o lazer é tão antigo quanto o homem. É o que nos diz Brunhs (1997), "As civilizações antigas não tinham um nome para lazer no sentido que conhecemos hoje. É verdade que o jogo e o brinquedo são fatos tão ou mais antigos que o homem". Ou seja, na antiguidade já se praticava lazer, só que este não era denominado assim.
Para Marcellino (1987) o lazer como é "uma necessidade importante do homem, em todos os tempos e lugares, que varia apenas de intensidade e de forma de expressão, segundo o contexto físico, sócio-econômico e político-social de cada grupo".
Deste tempo até o lazer moderno, muitas coisas mudaram, e para melhor entendê-lo há que se compreender como os homens vivem e viveram seus tempos, o de trabalho e o de não-trabalho e quando começou a distinguir os dois. "Vale alertar que essa 'transição' é relativa; de um lado tanto o brinquedo e as brincadeiras continuam existindo em sua especificidade, como também o jogo; de outro lado, formas relacionadas à indústria do turismo e do entreterimento colocam dimensões novas e peculiares ao lazer de nossos dias.", afirma Bruhns (1997).
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