quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Biomecânica da corrida




Como a corrida trata-se de uma modalidade acessível, adaptável e barata, muitas pessoas optam por praticá-la no dia a dia. Contudo, é extremamente possível desenvolver algumas lesões por ser considerado um esporte aparentemente simples.

Alguns fatores ajudaram a transformar a corrida num esporte extremamente popular. O primeiro deles é a praticidade e o custo-benefício. Ao contrário de outras modalidades que exigem entrar numa academia e comprar equipamentos caros, para correr só é necessário um bom par de tênis.

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Sabendo disso, muita gente optou por correr alguns quilômetros diários ao invés de praticar outras atividades. Mas se não tiverem uma boa orientação poderão sofrer de patologias e lesões, especialmente no quadril, joelho e tornozelo.

Antes de qualquer coisa, é interessante entendermos um pouco melhor como o corpo se comporta durante a corrida. Conseguimos essas informações ao estudar mais profundamente a biomecânica.

Apesar do que muita gente imagina, a corrida na verdade é uma atividade bastante complexa. Mostraremos a seguir quantas articulações, musculaturas e estruturas estão envolvidas. Qualquer pequeno desequilíbrio numa dessas importantes partes pode ser a origem de lesões em corredores.

Fases da corrida

A corrida é composta por strides, que é um ciclo repetido toda vez que o pé toca o solo. Durante esse stride o corredor passa pelas seguintes fases:

  • Foot Strike: contato inicial com o solo;
  • Mid Support: apoio do membro inferior com o solo;
  • Toe-off: desprendimento da base;
  • Swing: oscilação do membro inferior fora do solo;
  • Deceleration: período de desaceleração.

Ao passar por esse ciclo, os membros inferiores são forçados a suportar todo o peso do corpo, gerando o risco de sobrecarga nas articulações. O período mais crítico para o membro é o de apoio unipodal, quando uma perna está no ar e a outra faz toda a sustentação.

Se o corpo estiver equilibrado, com musculaturas de base fortalecida, esse ciclo não trará malefícios. Mas quem disse que todos nossos alunos têm um corpo perfeito? Pelo contrário, praticamente todo mundo apresenta compensações.

Apesar de durarem poucos segundos, alterações nas fases da marcha podem levar a patologias e lesões graves. Especialmente num esporte onde os ciclos se repetem centenas de vezes.

Outro fator a ser observado é o movimento do tronco durante a corrida. Muitos profissionais esquecem que a movimentação não está restrita aos membros inferiores.

Na marcha em ritmo normal, o tronco é estendido na fase de contato inicial. Nisso a corrida é bastante diferente, já que o tronco sofre uma flexão nessa primeira fase. Isso gera uma ativação de musculaturas eretoras da coluna ao mesmo tempo em que extensores de quadril, tornozelo e joelho se ativam.

Ao avaliar a quantidade de musculaturas ativadas enquanto alguém corre, articulações envolvidas e movimentos, percebemos como ela realmente é complexa.

Fatores biomecânicos que influenciam nas lesões

Devido a essa ação complexa de diversas musculaturas, podemos perceber como é fácil alguém se lesionar correndo. Alguns fatores são importantes nas lesões em corredores, confira os principais deles abaixo.

Tamanho do stride

O tamanho da passada que damos tanto ao andar quanto ao correr é decorrente da individualidade biológica. Então ninguém dá passadas idênticas e não existe um tamanho correto.

Porém, quem dá strides muito largos precisa tomar cuidado. Nesse tipo de passada o calcanhar chega ao chão antes do joelho, mantendo essa articulação estendida. A aterrissagem que acontece no overstride gera um impacto muito forte que chega até o joelho.

Além disso, a desaceleração súbita é prejudicial para tornozelos e outras articulações envolvidas na atividade.

Aterrissagem

Muitos corredores ficam bastante focados na maneira como aterrissam no solo. Essa é outra característica individual, mas que pode levar a danos caso possua um problema exagerado.

Ao levar primeiro o calcanhar no chão o impacto é transmitido ao joelho. Já quando o atleta aterrissa com a ponta do pé, ele joga o impacto no tornozelo. O ideal é encontrar uma posição média, entre esses dois extremos, para evitar lesões em corredores.

Tensão de músculos não relacionados

Durante a corrida um grande número de musculaturas está ativado, principalmente as de membros inferiores e do Core. Isso não é errado, pelo contrário, ativar bem músculos importantes na corrida é ótimo para uma maior eficiência.

Temos problemas quando o aluno tenciona algo não relacionado ao ato de correr. Alguém que mantém ombros e pescoços ativados, por exemplo, está gastando energia desnecessária e piorando seu movimento.

Como prevenir lesões em corredores?

Podemos agora partir para a prevenção de lesões em corredores. Pronto para começar a fazer isso?

Avaliação de gestos específicos

Sempre começamos com uma boa avaliação. Mas essa deverá ser um pouquinho diferente daquela que você realizaria com um aluno não atleta.

O nosso foco na prevenção de lesões em corredores será em gestos específicos da modalidade. Isso quer dizer que você precisa ver seu aluno correr.

Aspectos como a passada, a curvatura do joelho durante a corrida e inclinação do tronco serão essenciais para você.


Espero que você tenha gostado desse texto.

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