quarta-feira, 27 de março de 2013

Recomendação profissional de colegas na Educação Física



Tem cenas que ocorrem na vida da gente que é inesquecível. Lembro-me da cara do meu treinador de voleibol quando disse que iria cursar a faculdade de Educação Física.  Meio incrédulo, mas feliz, ele me desejou boa sorte e se precisasse de algo, poderia contar com ele. E contei. Foi ele quem me deu meu primeiro estágio dentro da área de Educação Física.

Essa pequena história mostra a importância de deixar sempre uma boa imagem seja qual for o lugar que você passe, principalmente no âmbito profissional.  Geralmente, as pessoas com quais você trabalhou, são as mesmas que podem (não quer dizer que vão) te ajudar a arrumar uma nova colocação, talvez na mesma área de atuação.

Não adianta, ao ser demitido, sair falando mal do empregador ou dos colegas da antiga escola, academia, clube e etecetera. Além de ser deselegante - falta de educação mesmo (e acho que anda faltando isso nas pessoas, de uma forma geral) - as pessoas não irão ajudar quem fala mal delas. Assim sendo, perde-se uma oportunidade de se re-colocar no mercado. Geralmente, um profissional de educação física que trabalha numa academia, não trabalha numa só. Pode-se não ter espaço numa academia, mas quem garante que na outra, não se terá?

A motivação para escrever esse texto veio da reclamação de uma amiga professora de educação física: "Dani, fulano me ligou hoje reclamando que não o indico para a academia x. Pô, na academia y ele saiu falando mal de todo mundo e colocou a academia na junta?"  E fiquei sem ter como responder, já que o fulano é um querido que eu sei que está precisando muito de grana.  Mas o pensamento dela não está errado! Uma indicação, ainda mais para o seu próprio local de trabalho, vale muito!

Prudência, calma e foco na importância da indicação de colegas de profissão para manter, sempre, uma boa imagem para ex-empregadores e colegas de profissão.

OBS: "colocou a academia na junta" significa entrar com processo trabalhista no Ministério do Trabalho.


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segunda-feira, 25 de março de 2013

Pesquisa: Exercícios não evitam envelhecimento dos músculos


A perda de massa muscular independe da prática de atividade física Foto: Getty Images A perda de massa muscular independe da prática de atividade física Foto: Getty Images

Malhar colabora para manutenção da saúde, mas não evita que os músculos percam o tônus. A informação vem de uma pesquisa da Universidade Loughborough, na Inglaterra, divulgada pelo jornal Daily Mail. O estudo contesta as recomendações dadas até hoje de que exercícios evitam a fraqueza muscular com o avanço da idade.

De acordo com os cientistas, os músculos perdem forma e força com o passar dos anos, de qualquer maneira. "Especialistas afirmam que o envelhecimento muscular é causado por fatores como inatividade, no entanto, acompanhamos mudanças na musculatura ao longo dos anos, em pessoas na Inglaterra e nos Estados Unidos. Não observamos que as atividades físicas alteram as mudanças relacionadas à idade", disse o professor Jamie Timmons.

Segundo o estudo, um quarto das pessoas não desenvolve a musculatura mesmo se fazem esforços para serem fisicamente ativos. E para as demais, exercícios não demonstram parar ou retardar o envelhecimento.

O especialista critica a recomendação geral de prática de exercícios. "Movimentos repetitivos podem piorar quadros de pressão alta ou diabetes em algumas pessoas. Para algumas pessoas, pode ser melhor prestar atenção à dieta e ao sono", explica.


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sexta-feira, 22 de março de 2013

Jump emagrece


Quer emagrecer, enrijecer o bumbum e deixar as suas pernas mais definidas? Pule, mas pule muito! A aula de Jump é uma das prediletas de quem quer queimar calorias, principalmente quando se trata do público feminino. Ao som de músicas empolgantes, o aluno segue coreografias em cima de plataformas elásticas que impulsionam os movimentos.

É claro que a perda de calorias está diretamente ligada à intensidade dos exercícios. E como qualquer outra atividade, é bom que você comece com muita cautela. Mas, de uma maneira geral, 45 minutos de Jump são capazes de eliminar de 300 a 600 calorias. Por isso, a dica é: Pule com força e entusiasmo!

Além de emagrecer a aula ajuda a melhorar a coordenação motora, já que as coreografias exigem ritmo e concentração. E realmente vale à pena tanto esforço! A panturrilha, as pernas e o bumbum são muito trabalhados e ganham novos contornos. Até contra a celulite o Jump é um ótimo remédio!

Contudo, se você tem algum problema de coluna ou no joelho, é melhor tomar cuidado! Pular pode piorar ainda mais a sua situação. Uma boa dica é que você combine esta aula com um treino de musculação. Desta maneira, você queima a gordura e fortalece os músculos ao mesmo tempo.

O que você deve saber sobre o Jump:

- Não dê ouvidos ao papo de que esta é uma aula que deixa as mulheres com os seios caídos mais rapidamente. Para fazer esta aula ou qualquer outro tipo de atividade física, é essencial que você use um top que segure bem seus seios.

- Utilizar caneleiras para potencializar a atividade faz mal? A resposta é: SIM! Este aumento de carga é extremamente prejudicial às articulações. O que você precisa entender é que o Jump é uma atividade aeróbica e não para ganhar massa. Por isso, não misture as coisas!

- Gestante pode fazer Jump? Claro que não! Não faz bem, durante qualquer período da gestação, fazer uma atividade deste tipo, onde a mulher fica pulando sem parar! Existem muitas outras atividades que são adequadas às grávidas. Escolha uma delas.

- E quem tem labirintite, pode fazer Jump? Neste caso, a resposta é sim, porém, com uma condição. Que a pessoa esteja devidamente medicada e receba autorização do médico que a acompanha.

- O Jump, como ajuda a melhorar a circulação é uma ótima opção no combate à celulite!
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quarta-feira, 20 de março de 2013

O papel das vitaminas na atividade física


As vitaminas são consideradas nutrientes acessórios ao organismo humano (micronutrientes), pois não fornecem energia e não contribuem de maneira significativa para a massa corporal. Com exceção da vitamina D, nosso corpo não produz vitaminas, daí a importância de seu fornecimento na dieta. As vitaminas são produzidas nas folhas verdes e nas raízes das plantas durante a fotossíntese, e passam a fazer parte dos organismos animais que as consomem. As principais funções das vitaminas são a regulação dos processos metabólicos celulares, a facilitação da liberação de energia e sua participação no processo de síntese óssea e tecidual. São conhecidos treze tipos de vitaminas, subdividas em lipossolúveis e hidrossolúveis.

As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) são absorvidas e armazenadas nos tecidos adiposos do corpo e no fígado. Estas vitaminas são obtidas através das gorduras contidas na dieta, portanto uma dieta pobre em gordura pode acarretar carência de vitaminas lipossolúveis, enquanto que seu excesso pode provocar danos renais e outros malefícios à saúde. As vitaminas hidrossolúveis (C, B6, B1, B2, niacina, ácido pantotênico, biotina, ácido fólico e cobalamina), funcionam como coenzimas, ou seja, ativadores de enzimas que aceleram reações químicas. Por serem solúveis em água e dispersarem-se pelos líquidos corporais, estas vitaminas praticamente não são armazenadas pelo corpo. Uma ingestão acima do necessário acaba sendo eliminada pela urina. Uma parte do oxigênio consumido durante o metabolismo energético mitocondrial forma radicais livres (moléculas altamente reativas).

Estas moléculas também são produzidas por fatores externos como poluentes e fumaça de cigarro. Um acúmulo de radicais livres aumenta a possibilidade de danos celulares em substâncias importantes para o organismo, como por exemplo o DNA. Nesta situação de estresse oxidativo os ácidos graxos da membrana plasmática da célula são deteriorados, deixando-a mais vulnerável.

Os radicais livres podem também oxidar o colesterol lipoprotéico de baixa densidade (LDL), acelerando o processo de aterosclerose (formação de placas e entupimento das artérias). Algumas enzimas antioxidantes e as vitaminas A, C e E, e também o precursor da -caroteno, funcionam como um mecanismo de defesa, protegendo avitamina A, o membrana plasmática através da sua própria reação com os radicais livres. Uma dieta com níveis adequados de vitaminas antioxidantes está associada à redução do risco de vários tipos de câncer. Alguns estudos demonstraram que o metabolismo aeróbio elevado eleva a produção dos radicais livres, e isto pode representar um risco à saúde. Porém, já foi demonstrado que as defesas antioxidantes são adequadas ou podem ser aprimoradas através de adaptações induzidas pelo exercício. Uma recomendação prudente consiste na ingestão de uma dieta balanceada, contendo frutas, cereais e vegetais. Como já citado, as vitaminas atuam também como coenzimas ou precursores de coenzimas que regulam o metabolismo energético.

Porém, nenhuma pesquisa demonstrou que uma maior ingestão de vitaminas aprimoraria a liberação de energia e melhoraria o desempenho em atividades físicas. Pelo contrário, um estudo envolvendo suplementação vitamínica e mineral em indivíduos sadios e bem-nutridos não mostrou nenhum benefício para a aptidão aeróbia, força muscular e desempenho geral.

A suplementação de vitaminas poderia ser benéfica no caso de indivíduos com reservas muito abaixo do normal, mas isso só deve ser feito com extrema supervisão.
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Prioridades axiológicas, atividade física e estresse ocupacional

 

INTRODUÇÃO

O interesse pelo estudo do estresse no trabalho é crescente na literatura científica, particularmente nos últimos anos. Centenas de estudos têm sido publicados nesta área nas duas últimas décadas. Os pesquisadores salientam o aumento crescente do estresse no trabalho, que tem adquirido proporções de epidemia, com conseqüências nefastas para a saúde de gerentes e empregados e para o seu desempenho (Tilson, 1997; Cavanaugh et al., 2000). Esta situação, um tanto alarmante, certamente é objeto de preocupação e reflexão, principalmente por parte de gestores e gerentes, em empresas e organizações e tem provocado numerosas tentativas sistemáticas de gerenciamento do estresse no trabalho e das suas conseqüências sobre a saúde. Esses esforços, contudo, são ainda insatisfatórios e apresentam duas deficiências estruturais básicas: primeiro, eles visam mais à diminuição dos efeitos do estresse do que à redução da presença de fatores estressantes no trabalho e, segundo, talvez como conseqüência do primeiro, as intervenções promovidas por esses programas têm visado ao indivíduo em vez da organização (Kahn e Byosiere, 1992). A investigação científica continua estudando a natureza e os mecanismos do estresse ocupacional, bem como as variáveis que o influenciam e as conseqüências que ele tem sobre a saúde e o desempenho do empregado. Os resultados obtidos nas pesquisas científicas continuam sendo utilizados para definir e/ou aprimorar programas e estratégias de prevenção ou redução do estresse no trabalho.

Spector, Chen e O'Connel (2000, p. 211) afirmam que "uma das questões mais fundamentais para a psicologia industrial/organizacional é o quanto fatores e condições de trabalho afetam a saúde e o bem-estar do empregado". Numerosos fatores, tais como a natureza da tarefa e do papel ocupacional, o relacionamento com colegas e chefia, variáveis da própria organização e características pessoais do empregado têm sido identificados como fontes de estresse no trabalho ou como mediadores dele. Nesta pesquisa estudaram-se três variáveis de tipo individual: a importância dada pelo empregado aos diversos tipos de valores pessoais, enquanto princípios ou metas que orientam a sua vida, a prática regular de algum tipo de exercício físico e o gênero. A primeira variável parece não ter sido estudada até o presente, já que os autores desta pesquisa não acharam nenhuma referência na literatura nacional e internacional. Em relação ao exercício físico, a importância dada a esta variável é recente e crescente na literatura e na prática organizacional, já que, em muitas empresas, ele tem sido integrado na rotina cotidiana de trabalho como forma de combater o estresse e aumentar a produtividade. As pesquisas nesta área ainda são insuficientes, particularmente em relação ao impacto do exercício físico praticado fora da empresa, fora das horas de trabalho.

A presente investigação procurou a interação constante da teoria com a pesquisa empírica. Neste sentido, foi realizado um levantamento cuidadoso das abordagens teóricas sobre o estresse ocupacional e sobre os seus antecedentes. Os resultados deste levantamento foram confrontados com resultados empíricos observados por outros pesquisadores e com os resultados desta pesquisa, que foram obtidos por medidas padronizadas realizadas numa organização pública(1).

Existem diversas abordagens teóricas do estresse ocupacional. O denominador comum de todas elas parece ser o desajustamento no trabalho e/ou as estratégias de coping utilizadas. O estresse ocupacional é o resultado da interação das características do empregado com o ambiente de trabalho, sendo que as exigências do trabalho excedem as habilidades do empregado para enfrentá-las. Apesar de alguns autores salientarem a importância dos fatores organizacionais na gênese do estresse (Laschinger e Havens, 1997), não existe certeza sobre a contribuição relativa das características pessoais e do ambiente de trabalho. Entre as teorias do estresse mais populares podem-se mencionar a teoria do ajustamento pessoaambiente (Edwards e Cooper, 1990), o modelo de estresse de McGrath (1976) e a teoria cibernética de Edwards (1992). Os elementos ou postulados básicos comuns a estes modelos são os seguintes: (1) o desajuste existente entre o ambiente de trabalho e as características da pessoa são a fonte principal do estresse; (2) as incongruências ambiente-pessoa são essencialmente de natureza subjetiva; (3) a gênese das reações de estresse envolve a interação do ambiente de trabalho com o indivíduo e fatores externos ao trabalho; e (4) as discrepâncias ambiente-pessoa e a conseqüente deterioração do bem-estar pessoal provocam no indivíduo uma reação de afrontamento, visando a reduzir as divergências e a recuperar o bem-estar. Desta forma, o estresse ocupacional pode ser descrito como a discrepância negativa entre o percebido no trabalho e o esperado pela pessoa. A intensidade do estresse depende da importância dada pelo indivíduo às discrepâncias existentes. A discrepância entre desejos e percepções produz impacto negativo sobre o bem-estar físico e psicológico do empregado (Peiró, 1993). A maioria dos modelos de estresse ocupacional consideram que existe relação causal entre o ambiente de trabalho (estressores no trabalho) e a saúde e bem-estar do empregado. Jex e Beehr (1991) classificam as reações ao estresse ocupacional em três categorias: reações somáticas (por exemplo, dores de cabeça, úlceras); comportamentais (procura compulsiva de álcool ou drogas); e psicológicas (insatisfação no trabalho, ansiedade). Alguns autores têm considerado que estas reações bem como os próprios estressores no trabalho podem ser determinados, em parte, por outros fatores, particularmente variáveis afetivas, tais como a disposição e a afetividade negativa (Brief et al., 1988; Zapf, Dormann e Frese, 1996). Resultados de pesquisa recente, porém, têm mostrado que a relação entre os estressores no trabalho e as suas conseqüências sobre a saúde e o bem-estar do empregado é muito pouco influenciada por fatores disposicionais até o ponto que o controle destes fatores pode ser negligenciado nas pesquisas (Spector et al., 2000; Spector, Chen e O'Connell, 2000).

As pesquisas empíricas sobre o estresse ocupacional têm compreendido desde os antecedentes organizacionais do estresse até as suas conseqüências e os programas preventivos realizados nas empresas, passando pelas reações fisiológicas e psicológicas. Kahn e Byosiere (1992) apresentam um modelo das pesquisas empíricas realizadas. A maioria das pesquisas concluem a existência de seqüências causais, verificadas ou postuladas, que se iniciam com um determinado fator estressante. De acordo com o modelo destes autores, os antecedentes do estresse podem ser assim classificados: (1) organizacionais, por exemplo, tamanho da organização (Katz e Kahn, 1978), características do papel (Bartunek e Reynolds, 1983; Iwata e Suzuki, 1997) e da tarefa (Alfredsson e Theorell, 1983) e o próprio deslocamento cotidiano da residência até à organização (Koslowsky, 1997); (2) estressores na vida organizacional, isto é, estímulos gerados na vida organizacional que provocam conseqüências negativas, de natureza física (barulho, iluminação) ou psicossocial (ambigüidade do papel, conflito entre papéis, conflito interpessoal no trabalho e sobrecarga de trabalho) nas pessoas a eles expostas (Frone, 1990; Spector e Jex, 1998); e (3) características da pessoa, que Kahn e Byosiere (1992) consideram como mediadores do estresse. Os dados empíricos relativos ao efeito moderador das diferenças individuais sobre a tolerância ao estresse são recentes, apesar de que, do ponto de vista teórico, a relação entre estas variáveis constitui um componente antigo na explicação do comportamento humano.

As características psicológicas mais estudadas têm sido a auto-estima, o padrão de comportamento tipo A e o locus de controle. A idéia fundamental em relação a auto-estima é que ela desempenha uma função importante na proteção do self. A auto-estima elevada confirma a percepção que o indivíduo tem de si mesmo, protegendo-o contra informações que ameaçam o seu autoconceito. As pessoas com auto-estima elevada processam somente aquelas informações que são consistentes com a percepção que têm de si mesmas, ao passo que pessoas com auto-estima baixa processam e aceitam tanto as informações consistentes com a sua própria imagem como as inconsistentes (Campbell e Fairey, 1985; Brown, 1990; Brown e Smart, 1991). A auto-estima elevada constitui, portanto, um filtro protetor que seleciona as informações. Este efeito tem-se observado também no nível das situações estressantes no trabalho. As pesquisas têm mostrado que a auto-estima elevada está associada com baixos níveis de estresse ocupacional (Mossholder, Bedeian e Armenakis, 1982; Petrie e Rotheram, 1982).

Um dos moderadores mais exaustivamente estudado tem sido o padrão de comportamento tipo A. Os resultados, porém, não são convergentes. Vários estudos, a maioria, têm mostrado que os indivíduos tipo A (competitivos, impacientes, agressivos), quando trabalhando em condições iguais com indivíduos tipo B, são mais vulneráveis à tensão (Hurrell, 1985; Ganster, 1987; Jamal, 1990). Algumas pesquisas não têm encontrado efeito principal do tipo A sobre o estresse (Keenan e McBain, 1979; Kirmeyer e Diamond, 1985).

O locus de controle, da mesma forma que a auto-estima, tem sido objeto de numerosas pesquisas e o seu impacto tem sido observado sobre as mais diversas variáveis. Em relação ao estresse, a hipótese geral é que as pessoas com locus de controle dominado pela internalidade responderão de forma diferente aos estressores do que aquelas com escores altos em externalidade. Os resultados das pesquisas empíricas não são totalmente convergentes, mas a tendência geral é de confirmação desta hipótese (Krause e Stryker, 1984; Kahn e Byosiere, 1992).

As variáveis estudadas nesta pesquisa referem-se ao gênero, atividade física e prioridades axiológicas. O efeito de gênero tem sido observado em várias pesquisas, sendo que, em geral, o nível e a freqüência de estresse são superiores para as mulheres do que para os homens (Spielberger e Reheiser, 1994; Xie e Johns, 1995). Por exemplo, Brown et al. (1986) e Thoreson et al. (1990) encontraram que as professoras universitárias apresentaram mais estresse do que os professores, mais ansiedade, isolamento e doenças físicas recorrentes. As mulheres reportam também mais sintomas ao estresse do que os homens, tais como exaustão mental e reações físicas e emotivas (Geller e Hobfoll, 1994; Murphy et al., 1994; Wolfgang, 1995).

Entre os hábitos que as pessoas desenvolvem ao longo da sua vida, a prática regular de exercício físico tem-se revelado como variável importante para a saúde em geral. Há evidências de que a atividade física regular aumenta a tolerância ao estresse ocupacional (Taylor, 1986). Vários autores têm salientado uma variedade de exercícios rápidos planejados para ajudar os executivos e outros trabalhadores a controlar e diminuir os níveis de estresse laboral (Freeberg, 1984). Os programas para aumentar a qualidade de vida no trabalho também têm-se desenvolvido muito nos últimos anos, particularmente nas grandes empresas. Estes programas geralmente visam a ajudar os empregados no aumento da produtividade por meio de melhorias de saúde no trabalho; a maioria deles incluem algum tipo de atividade física. Barrios-Choplin, McCraty e Cryer (1997) estudaram, com um grupo de empregados da Motorola, o impacto da administração interna da qualidade (Inner Quality Management) sobre diversas variáveis. Os resultados mostraram que o programa teve impacto positivo sobre a redução do estresse ocupacional. Segundo Van Doormen e De Geus (1993), numerosos estudos têm revelado que os sujeitos de bom condicionamento físico são menos vulneráveis ao estresse laboral. Simplicio (1995) estudou, em uma amostra de 1.139 sujeitos, o impacto da atividade física moderada e observou que, no grupo experimental, o nível de estresse foi inferior quando comparado com o grupo controle, particularmente nos sujeitos de 18 a 25 anos e nos homens de 46 a 60 anos. Revisões da literatura têm concluído que, entre os vários métodos atuais para lidar com o estresse, a atividade física e o condicionamento físico reduzem tanto o estresse fisiológico como o psicológico e social (Crews e Landers, 1987). O impacto da freqüência e da quantidade de atividade física foi estudado por Aldana et al. (1996) uma amostra de 32.229 empregados com idade média de 35,3 anos. Os sujeitos indicaram a freqüência com que realizavam atividade física por semana e a duração das sessões. A partir destes dados os autores determinaram o total de energia gasta por pessoa na execução de exercícios físicos. Os autores observaram uma relação inversa entre a atividade física e o estresse. Os autores concluem que, entre trabalhadores adultos, a atividade física tem forte impacto sobre o estresse.

O impacto das prioridades axiológicas ainda não foi estudado. Esta situação pode ser conseqüência do fato de que, no passado, o estudo dos valores baseavase numa abordagem em que o impacto deles não era investigado de forma global ou estrutural, mas considerando um ou dois valores de cada vez. Desta forma, os valores não apresentavam uma dimensão estrutural a partir da qual pudesse ser estudada a influência do conjunto das prioridades axiológicas sobre o estresse. A abordagem estrutural dos valores foi desenvolvida na década de 90 por Schwartz e Bilsky (1987, 1990) e ela é orientada não pela prioridade dada pela pessoa a um único valor, mas pela prioridade dada a conjuntos de valores que apresentam entre si relações de oposição e de conflito. Neste contexto teórico os valores representam as tendências motivacionais da pessoa e expressam aquilo que ela considera bom para si e para sociedade. Nesta abordagem teórica parece lógico que as prioridades axiológicas, que representam princípios e metas que orientam a forma de agir e de pensar do indivíduo, sejam determinantes da forma do seu comprometimento no trabalho e da forma como ele lida com as tensões cotidianas encontradas na organização.

O sistema de valores de uma pessoa é "nada mais do que uma disposição hierárquica de valores, uma classificação ordenada de valores ao longo de um contínuo de importância" (Rokeach, 1969, p. 551). A organização hierárquica de valores pressupõe que o indivíduo não se relaciona com o mundo físico e social como observador que assiste a um espetáculo, mas como ator que participa, que toma partido, que se envolve nele. Os valores implicam necessariamente uma preferência e distinção entre o que é importante para o indivíduo e o que é secundário, entre o que tem valor e o que não tem. Assim, as prioridades axiológicas da pessoa definem a sua visão do mundo, do trabalho, do relacionamento com os colegas e determinam o leque de interesses na vida e no trabalho.

Segundo Schwartz (1992) os valores expressam as metas motivacionais do indivíduo. "O conteúdo fundamental que diferencia os valores entre si é o tipo de meta motivacional que expressam" (Schwartz, 1996). Assim, o estudo das prioridades axiológicas refere-se ao estudo de tipos motivacionais de valores - TMV (Schwartz, 1992; Tamayo e Schwartz, 1993; Tamayo, 1994). Esses tipos motivacionais de valores foram deduzidos a partir das exigências básicas do ser humano, a saber: (1) necessidades biológicas do organismo; (2) necessidades sociais relativas à regulação das interações interpessoais; e (3) necessidades sócio-institucionais referentes à sobrevivência e bem-estar dos grupos.

A partir dessas três necessidades básicas, dez tipos motivacionais de valores têm sido empiricamente identificados em diversas culturas. Cada um deles expressa uma tendência motivacional própria e é, em conseqüência, constituído por valores que têm metas e interesses comuns ou altamente similares (Schwartz, 1992). Os TMV são apresentados e definidos no Quadro 1. A relação entre os tipos motivacionais é dinâmica. Ela foi verificada por meio do método da análise do espaço menor (Smallest Space Analysis) que é uma técnica de análise multidimensional indicada para determinar a estrutura da similaridade de dados. Por meio dela os valores são representados como pontos no espaço multidimensional, de tal forma que as distâncias entre eles expressam as relações empíricas entre os valores, determinadas a partir das correlações entre os seus graus de importância, de acordo com as respostas dos sujeitos. A Figura 1 ilustra as relações dinâmicas observadas entre os TMV. Os cinco tipos de valores que expressam interesses individuais (autodeterminação, estimulação, hedonismo, realização e poder social) ocupam, no espaço multidimensional, uma área contígua que é oposta àquela reservada aos três conjuntos de valores que expressam primariamente interesses coletivos (benevolência, tradição e conformidade). Os tipos motivacionais segurança e universalismo, constituídos por valores que expressam interesses tanto individuais como coletivos, são opostos e situam-se nas fronteiras dessas duas áreas (Tamayo e Schwartz, 1993). Schwartz e Bilsky (1987, 1990) postulam compatibilidade entre os tipos de valores que são adjacentes no espaço multidimensional (por exemplo, estimulação e hedonismo, tradição e conformidade) e conflito entre os tipos de valores situados em direções opostas (por exemplo, estimulação e conformidade, hedonismo e tradição). A busca simultânea de valores pertencentes a áreas adjacentes é compatível, porque esse tipo de valores está ao serviço de um mesmo interesse. Desta forma, "as ações tomadas no perseguimento de um tipo de valores têm conseqüências psicológicas, práticas e sociais que podem ser conflituosas ou compatíveis com a perseguição de outro tipo de valores" (Sagiv e Schwartz, 1995, p. 438).

 

 

 

 

A relação estrutural básica entre os valores e entre os tipos motivacionais por eles constituídos, pode ser sintetizada mediante duas dimensões bipolares, já verificadas empiricamente, tanto no Brasil (Tamayo, 1993; Tamayo e Schwartz, 1993; Tamayo, 1994) como no exterior (Schwartz, 1992, 1994). A primeira, abertura à mudança versus conservação, ordena os valores com base na motivação da pessoa a seguir os seus próprios interesses intelectuais e afetivos através de caminhos incertos e ambíguos, por oposição à tendência a preservar o statu quo e a segurança que ele gera no relacionamento com os outros e com as instituições. Teoricamente, situam-se, num dos pólos deste eixo, os valores relativos aos tipos motivacionais estimulação e autodeterminação e, no outro, os referentes aos tipos segurança, conformidade e tradição. A segunda dimensão, autopromoção versus autotranscendência, apresenta, num dos extremos, os valores relativos aos tipos motivacionais poder, realização e hedonismo e, no outro, os valores de filantropia e benevolência. Este eixo ordena os valores com base na motivação da pessoa para promover os seus próprios interesses mesmo às custas dos outros, por oposição a transcender as suas preocupações egoístas e promover o bem-estar dos outros e da natureza (vide Figura 1).

Na área do trabalho, Banas e Sinclair (1998) observaram que os valores individuais têm impacto sobre o desempenho funcional do empregado. Ros, Schwartz e Surkiss (1999) estudaram a influência das prioridades axiológicas da pessoa sobre a significação que ela atribui ao trabalho. Dois fatores de ordem superior, autotranscendência e conservação, correlacionaram-se positivamente com o trabalho. Tamayo et al. (1998) verificaram o impacto dos valores pessoais sobre o comportamento de cidadania organizacional e constataram que as prioridades no nível dos valores de autotranscendência, autopromoção e abertura à mudança e conservação tiveram influência significativa sobre vários fatores de cidadania organizacional. Tamayo (2000) estudou a relação dos valores pessoais com a satisfação no trabalho e constatou que os valores de autotranscendência influenciam a satisfação com os colegas de trabalho e a prioridade dada aos valores de conservação afetam a satisfação com a chefia e a satisfação com os colegas. Recentemente, Tamayo e colaboradores (2000) verificaram o impacto das prioridades axiológicas dos empregados de duas empresas na área de energia elétrica sobre o comprometimento organizacional. Os resultados da pesquisa revelaram que o comprometimento organizacional não é um comportamento que se desenvolve a partir de uma única motivação, mas apresenta um núcleo motivacional complexo. Basicamente, o comprometimento organizacional parece atender a motivações de conservação do statu quo, de procura do bem-estar coletivo e de obtenção de statu social, de prestígio e de controle de pessoas e recursos. Finalmente, ele é incompatível, do ponto de vista motivacional e axiológico, com a busca de novidade, de mudança e de desafios.

As prioridades axiológicas do empregado influenciam direta ou indiretamente o seu nível de estresse no trabalho? Esta relação parece não ter sido estudada empiricamente. Foi objetivo desta pesquisa verificar as diferenças no nível de estresse ocupacional entre os empregados que apresentam escores altos e baixos em cada um dos dez tipos motivacionais de valores. Parece apropriado esperar que, em função das motivações e da percepção do mundo subjacentes aos valores, as pessoas sejam mais ou menos vulneráveis aos diversos estressores encontrados no ambiente de trabalho. Por exemplo, um indivíduo que muito priorize os valores relacionados com a realização profissional, reportar-se-á diferentemente com o mundo de trabalho do que aquele que dá pouca importância a este tipo de valores. Além disso, foi também verificada a importância da prática de exercícios físicos regulares e do gênero sobre o nível de estresse profissional.

 

MÉTODO

Amostra

Participaram desta pesquisa 192 empregados de uma instituição pública de grande porte, com sede em Brasília (DF) e agências em vários Estados. Deste total, 45% praticavam, fora das horas de expediente, exercícios físicos regularmente e 56% eram sedentários, 73 eram do sexo masculino e 119 do sexo feminino. A idade média foi de 36,23 anos (D.P. = 8,44) e o tempo médio de serviço na organização foi de 11,96 anos (D.P. = 7,72). Eles eram técnicos com nível secundário ou superior e exerciam tarefas de tipo administrativo.

Instrumentos

Para a avaliação das prioridades axiológicas dos empregados foi utilizado o Inventário de Valores de Schwartz, traduzido e validado por Tamayo e Schwartz (1993). A escala de vulnerabilidade ao estresse (Cranwell-Ward, 1990) foi utilizada como medida do estresse ocupacional. A consistência interna da escala foi verificada para esta pesquisa por meio do coeficiente alfa, sendo ele de 0,86. Além destes dois instrumentos de medida, foram agregadas questões relativas a dados pessoais dos participantes e, particularmente, relativas à prática regular de algum tipo de exercício físico.

Procedimento

A aplicação dos instrumentos foi realizada coletivamente, na própria organização, em salas apropriadas para este tipo de atividade. Os questionários foram distribuídos, após breve explicação padronizada sobre os objetivos da pesquisa. Cabe salientar, porém, que a apresentação dos objetivos foi vaga, sem especificar que se tratava de estudar a relação entre os valores do empregado e o estresse ocupacional. Para eles foi simplesmente colocado que se tentava levantar crenças e valores pessoais e a sua possível manifestação no mundo do trabalho. A partir das respostas dos empregados, eles foram divididos em dois grupos, de acordo com o escore alto (acima da média) ou baixo (abaixo da média) obtido em cada um dos tipos motivacionais de valores.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Anova 2X2X2 revelou efeito principal da variável gênero (F(191;1) = 5,07; p < 0,02), sendo o escore em estresse superior para as mulheres (vide Tabela 1). Este resultado é convergente com os resultados obtidos em pesquisas anteriores. Como explicar este impacto do gênero? Uma primeira tentativa pode ser utilizando fatores externos à organização, tais como as obrigações decorrentes da maternidade e do cuidado da casa. As condições talvez da maioria das mulheres na nossa sociedade levam a pensar que o trabalho pode constituir-se numa situação estressante, já que ele representa exigências que vem a agregar-se às que a mulher já enfrenta com o cuidado e educação dos filhos e com a administração da casa. Numerosos autores têm insistido na necessidade de considerar as variáveis gênero e papéis familiares, tanto nas pesquisas sobre estresse ocupacional como no gerenciamento do estresse no trabalho (Repetti, Matthews e Waldron, 1990; Kahn e Byosiere, 1992). Uma segunda hipótese pode ser elaborada a partir do próprio ambiente de trabalho que, em numerosas organizações, foi construído pelos homens, com características mais propícias à psicologia masculina e, em conseqüência, podendo apresentar maior número de estressores para as empregadas do que para os empregados masculinos, como o tem mostrado a pesquisa de Hochwarter, Perrewe e Dawkins (1995), que observaram que as mulheres relatam maiores níveis de exigências no trabalho do que os homens.

 

 

Foi observado também um efeito principal da variável atividade física regular (F(191;1) = 10,72; p < 0,001), sendo o nível de estresse superior para aqueles que não praticavam exercícios físicos regularmente (vide Tabela 1). Este resultado é convergente com resultados de pesquisas anteriores. A hipótese explicativa mais evidente da relação entre atividade física e estresse ocupacional parece ser de ordem fisiológica. O exercício físico regular desenvolve o condicionamento cardiovascular que, por sua vez, provoca uma redução, na corrente sangüínea, da taxa de diversas substâncias associadas ao estresse (Crews e Landers, 1987). Outra explicação do impacto da atividade física pode ser a dimensão psicossocial inerente a várias modalidades de atividade física. A interação social, a companhia e a comunicação interpessoal podem agir como poderosas estratégias para lidar com o estresse e com algumas das suas reações fisiológicas (Kobasa, 1979). Além disso, o alto nível de desejabilidade social do exercício físico pode constituir também um fator positivo na luta contra o estresse ocupacional, no sentido da satisfação do indivíduo por estar realizando uma meta socialmente desejável, sugerida, recomendada e apresentada pela mídia como sendo de grande importância para a saúde.

O impacto das prioridades axiológicas do empregado foi significativo no nível dos tipos motivacionais dos valores realização (F(191;1) = 3,86; p < 0,05) e hedonismo (F(191;1) = 5,16; p < 0,02), sendo o nível de estresse superior para os sujeitos que mais enfatizaram estes dois tipos de valores (vide Tabela 1). Como ilustra a Figura 1, a realização e o hedonismo expressam interesses individuais e são adjacentes, o que significa que têm metas compatíveis. A busca simultânea dos valores de realização e hedonismo é compatível porque os valores que os compõem expressam orientações motivacionais compartilhadas. A meta dos valores de realização é a procura de sucesso pessoal obtido por meio de uma demonstração de competência pessoal reconhecida socialmente; a meta dos valores de hedonismo é a procura de prazer e de gratificação sensual. Assim, os sujeitos que mais enfatizam o sucesso pessoal e o prazer são mais vulneráveis ao estresse ocupacional, ao passo que aqueles que dão menos importância a estes dois componentes axiológico-motivacionais são menos sensíveis às fontes de estresse encontradas no ambiente de trabalho. Esta diferença pode ser explicada pela interpretação diferencial que fazem os empregados destes dois grupos axiológicos do seu próprio desempenho no trabalho. Sucesso e fracasso no trabalho são resultados comportamentais, que podem ser observados objetivamente do exterior; mas o sujeito, ator desses comportamentos, interpreta a partir das suas expectativas, isto é, a partir de metas que ele próprio se fixa. Um mesmo resultado, portanto, pode ser percebido como sucesso ou como fracasso, segundo o nível de motivação de realização do empregado. O padrão de sucesso no trabalho é determinado, entre outros fatores, pela força da motivação pessoal de realização. Parece lógico, portanto, que os empregados que priorizam os valores de realização sejam mais vulneráveis ao estresse ocupacional. Em relação ao impacto do hedonismo sobre a vulnerabilidade ao estresse ocupacional, a seguinte hipótese explicativa pode ser avançada. Os sujeitos com escores altos em hedonismo, que valorizam a procura do prazer mais do que o grupo com escores baixos, podem considerar o ambiente de trabalho e o próprio trabalho como sendo uma atividade mais onerosa, mais dificilmente compatível com o lazer, com a procura de atividades prazerosas e, em conseqüência, mais estressante, mais conflitante com as suas motivações pessoais. Dessa forma, o ajustamento ao ambiente de trabalho pode ser mais difícil para aqueles indivíduos, cuja vida está mais orientada por valores e metas que visam ao prazer e à realização.

Como foi mencionado anteriormente, os dez tipos motivacionais de valores organizam-se em torno de duas dimensões bipolares, que dão origem a quatro fatores de segunda ordem (vide Figura 1). As análises de variância em que estes quatro fatores foram considerados como variáveis independentes revelaram o efeito principal da autopromoção sobre o nível de estresse ocupacional (F(191;1) = 8,94; p < 0,003), sendo o estresse superior para os empregados que mais enfatizaram a autopromoção (vide Tabela 1). Este fator está constituído pelos tipos motivacionais realização, hedonismo e poder (vide Figura 1) e se opõe à autotranscendência. O eixo autopromoção versus autotranscendência ordena os valores com base na motivação da pessoa para promover os seus próprios interesses e sucesso e obter domínio sobre os outros, por oposição a transcender as suas preocupações egoístas e aceitar os outros como iguais, preocupando-se com o bem-estar de todos. Assim, o maior nível de estresse observado pode ser conseqüência da excessiva preocupação do empregado com o seu próprio sucesso e com o desejo de superar os outros no trabalho.

Em síntese, foi observado impacto do gênero, da atividade física regular e da prioridade dada aos valores de realização, hedonismo e autopromoção sobre o nível de estresse ocupacional. Esses resultados podem ser de grande utilidade para gestores e gerentes na definição de políticas e estratégias de redução do estresse organizacional.

 

NOTA

1 O autor agradece a colaboração dos alunos do curso de graduação em psicologia da Universidade de Brasília. Graziele Andrade, Cássio M. B. Veludo, Thiago L. Carneiro, Thiago Z. Turra, Tiago D. Galvão e Wainer M. Martins, sobretudo na fase da coleta de dados da presente pesquisa.

 

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Alvaro Tamayo, é Doutor em Psicologia pela Université de Louvain, Bélgica. Professor Titular do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, além de Diretor da O&T Consultoria e Consultor de Empresas. Suas áreas de interesse em pesquisa são valores organizacionais e pessoais e sua relação com o comportamento organizacional.
Endereço: Universidade de Brasília - UnB, Instituto de Psicologia - IP, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Instituto Central de Ciências - ICC, Ala Sul, Caixa Postal 4500, 70910-900, Brasília, DF, Brasil. E-mail: tamayo@unb.br


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Exercício físico e síndrome metabólica


A inatividade física e baixo nível de condicionamento físico têm sido considerados fatores de risco para mortalidade prematura tão importantes quanto fumo, dislipidemia e hipertensão arterial(1). Estudos epidemiológicos têm demonstrado forte relação entre inatividade física e presença de fatores de risco cardiovascular como hipertensão arterial, resistência à insulina, diabetes, dislipidemia e obesidade(2-5). Por outro lado, a prática regular de atividade física tem sido recomendada para a prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, seus fatores de risco, e outras doenças crônicas(6-16).

A síndrome metabólica - também conhecida como síndrome X, síndrome da resistência à insulina, quarteto mortal ou síndrome plurimetabólica - é caracterizada pelo agrupamento de fatores de risco cardiovascular como hipertensão arterial, resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose/diabete do tipo 2, obesidade central e dislipidemia (LDL-colesterol alto, triglicérides alto e HDL-colesterol baixo). E estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado que a prática regular de atividade física é um importante fator para a prevenção e tratamento dessa doença(2-5,11-16).

O objetivo desta revisão é demonstrar o papel da prática regular de atividade física na prevenção e tratamento da síndrome metabólica, bem como descrever a quantidade e modalidade de exercício necessário para esse fim.

 

EXERCÍCIO E OBESIDADE

Nas últimas décadas tem havido rápido e crescente aumento no número de pessoas obesas, o que tornou a obesidade um problema de saúde pública. Essa doença tem sido classificada como uma desordem primariamente de alta ingestão energética. No entanto, evidências sugerem que grande parte da obesidade é mais devida ao baixo gasto energético que ao alto consumo de comida, enquanto a inatividade física da vida moderna parece ser o maior fator etiológico do crescimento dessa doença nas sociedades industrializadas(13).

Estudos epidemiológicos e de coorte têm demonstrado forte associação entre obesidade e inatividade física(3-5), assim como tem sido relatada associação inversa entre atividade física, índice de massa corpórea (IMC)1, razão cintura-quadril (RCQ)2 e circunferência da cintura(2,3,5). Esses estudos demonstram que os benefícios da atividade física sobre a obesidade podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada ou alta, indicando que a manutenção de um estilo de vida ativo, independente de qual atividade praticada, pode evitar o desenvolvimento dessa doença.

Para o tratamento da obesidade é necessário que o gasto energético seja maior que o consumo energético diário, o que nos faz pensar que uma simples redução na quantidade de comida através de dieta alimentar seja suficiente. No entanto, isso não é tão simples; tem sido demonstrado que mudança no estilo de vida, através de aumento na quantidade de atividade física praticada e reeducação alimentar, é o melhor tratamento(16).

O gasto energético diário é composto de três grandes componentes: taxa metabólica de repouso (TMR), efeito térmico da atividade física e efeito térmico da comida (ETC). A TMR, que é o custo energético para manter os sistemas funcionando no repouso, é o maior componente do gasto energético diário (60 a 80% do total). O tratamento da obesidade apenas através de restrição calórica pela dieta leva a uma diminuição da TMR (através de diminuição de massa muscular) e do ETC, o que leva à redução ou manutenção na perda de peso e tendência de retorno ao peso inicial, apesar da restrição calórica contínua, contribuindo para uma pobre eficácia de longo período dessa intervenção(13). No entanto, a combinação de restrição calórica com exercício físico ajuda a manter a TMR, melhorando os resultados de programas de redução de peso de longo período. Isso ocorre porque o exercício físico eleva a TMR após a sua realização, pelo aumento da oxidação de substratos, níveis de catecolaminas e estimulação de síntese protéica(17,18). Esse efeito do exercício na TMR pode durar de três horas a três dias, dependendo do tipo, intensidade e duração do exercício(19,20).

Outro motivo que incentiva a inclusão da atividade física em programas de redução de peso está em que a atividade física é o efeito mais variável do gasto energético diário, pelo que a maioria das pessoas consegue gerar taxas metabólicas que são 10 vezes maiores que os seus valores em repouso durante exercícios com participação de grandes grupos musculares, como caminhadas rápidas, corridas e natação(13,20). Atletas que treinam de três a quatro horas diárias podem aumentar o gasto energético diário em quase 100%(20). Em circunstâncias normais, a atividade física é responsável por entre 15 e 30% do gasto energético diário (fig. 1).

 

 

Embora a maioria dos estudos tenha examinado o efeito do exercício aeróbio sobre a perda de peso, a inclusão do exercício resistido (musculação) mostra vantagens. O exercício resistido é um potente estímulo para aumentar a massa, força e potência muscular, podendo ajudar a preservar a musculatura, que tende a diminuir devido à dieta, maximizando a redução de gordura corporal(21-23). Além disso, seu potencial em melhorar a força e resistência muscular pode ser especialmente benéfico para as tarefas do cotidiano, podendo facilitar a adoção de um estilo de vida mais ativo em indivíduos obesos sedentários(16).

A recomendação tradicional de no mínimo 150 minutos semanais (30 minutos, cinco dias por semana) de atividade física de intensidade leve a moderada, que é baseada primariamente nos efeitos da atividade física sobre a doença cardiovascular e outras doenças crônicas, como o diabetes mellitus, demonstra não ser suficiente para programas que priorizem a redução de peso. Com isso, tem sido recomendado que programas de exercício para obesos comecem com o mínimo de 150 minutos semanais em intensidade moderada e progridam gradativamente para 200 a 300 minutos semanais na mesma intensidade(16). Entretanto, se por algum motivo o obeso não puder atingir essa meta de exercícios, ele deve ser incentivado a realizar pelo menos a recomendação mínima de 150 minutos semanais, pois mesmo não havendo redução de peso haverá benefícios para a saúde(24-26).

 

EXERCÍCIO E RESISTÊNCIA À INSULINA

A associação entre inatividade física e resistência à insulina foi sugerida pela primeira vez em 1945(27). Desde então, estudos transversais e de intervenção têm demonstrado relação direta entre atividade física e sensibilidade à insulina(2,5,28,29).

Estudos transversais demonstram menores níveis de insulina e maior sensibilidade à insulina em atletas, quando comparados a seus congêneres sedentários(30-32). Atletas másteres demonstram ser protegidos contra a deterioração da tolerância à glicose associada ao envelhecimento(33,34). Entretanto, pouco tempo de atividade física está associado a baixa sensibilidade à insulina e alguns dias de repouso estão associados a aumento da resistência à insulina(2,5,35).

Tem sido demonstrado que uma única sessão de exercício físico aumenta a disposição de glicose mediada pela insulina em sujeitos normais, em indivíduos com resistência à insulina parentes de primeiro grau de diabéticos do tipo 2, em obesos com resistência à insulina, bem como em diabéticos do tipo 2, e o exercício físico crônico melhora a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis, em obesos não-diabéticos e em diabéticos dos tipos 1 e 2(13,36-38).

Apesar do claro benefício da prática de atividade física sobre a sensibilidade à insulina, há situações em que o exercício agudo não melhora a sensibilidade à insulina e pode até piorá-la. A sensibilidade à insulina está diminuída após a corrida de maratona(39), assim como após exercício extenuante e excêntrico, como correr numa ladeira(40); uma provável explicação para esse fato é a utilização aumentada e contínua de ácidos graxos como combustível muscular. Entretanto, estas são condições extremas em que a intensidade de exercício é maior do que a intensidade que a maioria dos indivíduos com síndrome metabólica conseguem suportar.

O efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina tem sido demonstrado de 12 a 48 horas após a sessão de exercício, porém volta aos níveis pré-atividade em três a cinco dias após a última sessão de exercício físico(13), o que reforça a necessidade de praticar atividade física com freqüência e regularidade.

O fato de que apenas uma sessão de exercício físico melhora a sensibilidade à insulina e que o efeito proporcionado pelo treinamento regride em poucos dias de inatividade levantam a hipótese de que o efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina é meramente agudo. No entanto, foi demonstrado em estudo que indivíduos com resistência à insulina melhoram a sensibilidade à insulina em 22% após a primeira sessão de exercício e em 42% após seis semanas de treinamento(41), o que demonstra que o exercício físico apresenta tanto um efeito agudo como um efeito crônico sobre a sensibilidade à insulina.

Benefício do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina é demonstrado tanto com o exercício aeróbio como com exercício resistido(41-45). O mecanismo pelo qual essas modalidades de exercício melhoram a sensibilidade à insulina parece ser diferente(42), o que sugere que a combinação das duas modalidades de exercício pode ser aditiva.

 

EXERCÍCIO E DIABETES DO TIPO 2

Estudos epidemiológicos e de intervenção demonstram claramente que a prática regular de atividade física é eficaz para a prevenção e controle do diabetes do tipo 2(14,46-49). A prática regular de atividade física tem demonstrado diminuir o risco de desenvolver diabetes do tipo 2, tanto em homens como em mulheres, independente da história familiar, do peso e de outros fatores de risco cardiovascular como o fumo e a hipertensão(46,47). Estudos de intervenção têm demonstrado que mudanças no estilo de vida, adotando-se novos hábitos alimentares e prática regular de atividade física, diminuem a incidência de diabetes do tipo 2 em indivíduos com intolerância à glicose(49,50); a realização de pelo menos quatro horas semanais de atividade física de intensidade moderada a alta diminuiu em média 70% a incidência de diabetes do tipo 2, em relação ao estilo de vida sedentário, após quatro anos de seguimento(49).

A prática de atividade física também tem sido considerada uma importante ferramenta no tratamento de indivíduos com diabetes do tipo 2(51). Programas de exercício físico têm demonstrado ser eficientes no controle glicêmico de diabéticos, melhorando a sensibilidade à insulina e tolerância à glicose e diminuindo a glicemia sanguínea desses indivíduos(14,48,52).

Geralmente tem sido recomendada a realização de exercícios aeróbios para indivíduos com diabetes do tipo 2(48,50,52). No entanto, recentes estudos têm demonstrado que o exercício resistido também é benéfico no controle glicêmico de diabéticos do tipo 2(12,53-55).

O exercício resistido pode ser especialmente benéfico para diabéticos idosos, pois durante o envelhecimento há diminuição da força e massa muscular, a qual afeta o metabolismo energético de maneira indesejável (fig. 2). O aumento da força e massa muscular através da prática de exercício resistido pode reverter esse quadro, melhorando o controle glicêmico desses indivíduos(45). De acordo com isso, foi demonstrada diminuição dos níveis de glicose sanguínea, aumento dos estoques de glicogênio muscular, redução da pressão sistólica e gordura do tronco, aumento da massa muscular e do nível de atividade física diária de diabéticos idosos de ambos os sexos, após 16 semanas de exercício resistido, o que resultou em redução da medicação em 72% dos praticantes, enquanto que indivíduos que participaram do grupo controle tiveram inalterados os níveis de glicemia sanguínea, pressão sistólica, gordura do tronco e atividade física diária, e diminuídos os estoques de glicogênio muscular, sendo que 42% tiveram a medicação aumentada(14).

 

 

EXERCÍCIO E HIPERTENSÃO ARTERIAL

Estudos epidemiológicos e clínicos têm demonstrado efeitos benéficos da prática de atividade física sobre a pressão arterial em indivíduos de todas as idades. Alto nível de atividade física diária está associado a menores níveis de pressão arterial em repouso(56). A prática regular de exercício físico tem demonstrado prevenir o aumento da pressão arterial associado à idade(57,58), mesmo em indivíduos com risco aumentado de desenvolvê-la(59). Programas de atividade física têm demonstrado diminuir a pressão arterial sistólica e diastólica, tanto de indivíduos hipertensos como de normotensos(12,60,61).

Esses benefícios da atividade física sobre a pressão arterial fazem dela uma importante ferramenta na prevenção e tratamento da hipertensão(12). Uma metanálise de 54 estudos longitudinais randomizados controlados, examinando o efeito do exercício físico aeróbio sobre a pressão arterial, demonstrou que essa modalidade de exercício reduz, em média, 3,8mmHg e 2,6mmHg a pressão sistólica e diastólica, respectivamente(12). Reduções de apenas 2mmHg na pressão diastólica podem diminuir substancialmente o risco de doenças e mortes associadas à hipertensão(62), o que demonstra que a prática de exercício aeróbio representa importante benefício para a saúde de indivíduos hipertensos.

Tem sido proposto que o efeito do exercício aeróbio sobre a pressão arterial é mais devido ao efeito agudo da última sessão de exercício, que às adaptações cardiovasculares ao treinamento(13). De acordo com isso, estudo realizado pelo nosso grupo de pesquisa demonstrou que indivíduos hipertensos tiveram reduções na monitoração ambulatorial da pressão arterial durante 24 horas (MAPA 24h) quando realizada logo após a última sessão de exercício, as quais não foram observadas quando realizadas 72 horas após a última sessão(63).

Indivíduos hipertensos têm sido tradicionalmente desencorajados a realizar exercício resistido devido ao receio de essa modalidade de exercício precipitar um evento cerebrovascular ou cardíaco. Porém, estudos investigando o efeito de longo período de treinamento com exercício resistido sobre a pressão sanguínea de repouso não documentaram efeitos deletérios, sugerindo que indivíduos hipertensos não devem evitar sua prática, pois ela proporciona grandes benefícios para a qualidade de vida, principalmente de indivíduos idosos(42,45).

 

EXERCÍCIO E DISLIPIDEMIA

Os efeitos da atividade física sobre o perfil de lipídios e lipoproteínas são bem conhecidos. Indivíduos ativos fisicamente apresentam maiores níveis de HDL colesterol e menores níveis de triglicérides, LDL e VDLL colesterol, comparados a indivíduos sedentários(64).

Estudos de intervenção demonstram que perfis desfavoráveis de lipídios e lipoproteínas melhoram com o treinamento físico(64). Essas melhoras são independentes do sexo, do peso corporal e da adoção de dieta, porém, há possibilidade de ser dependentes do grau de tolerância à glicose(13,51,64,65). A atividade física tem demonstrado ser eficiente em diminuir o nível de VLDL colesterol em indivíduos com diabetes do tipo 2; entretanto, com algumas exceções, a maioria dos estudos não tem demonstrado significante melhora nos níveis de HDL e LDL colesterol nessa população, talvez devido à baixa intensidade de exercício utilizada(51).

Apesar de estudos acerca do efeito do exercício físico sobre o perfil de lipídios e lipoproteínas em indivíduos com síndrome metabólica serem escassos, considerando as evidências acima e o fato de que o exercício amplia a habilidade do tecido muscular de consumir ácidos graxos e aumenta a atividade da enzima lípase lipoprotéica no músculo(66), é provável que o exercício físico seja eficiente em melhorar o perfil de lipídios e lipoproteínas em indivíduos com síndrome metabólica.

 

PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO FÍSICO

Na prática ou prescrição de treinamento físico com o objetivo de obter algum efeito fisiológico de treinamento, seja ele a melhora do condicionamento físico ou a prevenção e tratamento de doenças, devem-se levar em consideração quatro princípios básicos. O primeiro é o princípio da sobrecarga, que preconiza que, para haver uma resposta fisiológica ao treinamento físico, é necessário que esse seja realizado numa sobrecarga maior do que a que se está habituado, a qual pode ser controlada pela intensidade, duração e freqüência do exercício. O segundo é o princípio da especificidade, que se caracteriza pelo fato de que modalidades específicas de exercício desencadeiam adaptações específicas que promovem respostas fisiológicas específicas. O terceiro é o princípio da individualidade, pelo qual deve-se respeitar a individualidade biológica de cada indivíduo na prescrição de um determinado programa de exercícios, pois a mesma sobrecarga e modalidade de exercício irá provocar respostas de diferentes magnitudes em diferentes indivíduos. O quarto e último princípio é o princípio da reversibilidade, que se caracteriza pelo fato de que as adaptações fisiológicas promovidas pela realização de exercício físico retornam ao estado original de pré-treinamento quando o indivíduo retorna ao estilo de vida sedentário(20).

A realização de pelo menos 30 minutos de atividade física (podendo ser formal ou de lazer, de maneira contínua ou acumulada em sessões de pelo menos 10 minutos), de intensidade no mínimo moderada (nível 12 na escala de Borg3 - fig. 3), realizada na maioria dos dias da semana (de preferência todos), em que haja um dispêndio total de 700 a 1.000kcal (quilocalorias) por semana, tem sido proposta para a manutenção da saúde e prevenção de uma grande variedade de doenças crônicas(6-9).

 

 

No entanto, para que os benefícios e segurança à saúde da prática regular de atividade sejam maximizados, é necessário que haja uma prescrição de exercícios que considere as necessidades, metas, capacidades iniciais e história do praticante(20,67,68). Além disso, para o tratamento de certas doenças, como a obesidade, por exemplo, essa quantidade de exercício tem demonstrado não ser suficiente(16). Esses fatores nos levam a crer que indivíduos com síndrome metabólica, por apresentarem fatores de risco para doença cardiovascular, obterão maiores benefícios com a prática regular de atividade física se esta for planejada de forma individualizada, focalizando a melhora de seu estado de saúde, e considerando seu estado de saúde, fatores de risco e capacidade física, bem como sua história e metas.

A quantidade de pesquisas acerca dos efeitos do treinamento resistido sobre o metabolismo é pequena em comparação com as que envolvem exercícios aeróbios. Entretanto, com base nos estudos de revisão atuais(20,65,66), propomos que um programa de atividade física, focalizado na prevenção e tratamento da síndrome metabólica, deve incluir componentes que melhorem o condicionamento cardiorrespiratório, força e resistência muscular.

A realização desses exercícios baseia-se nos seguintes motivos:

-Tanto o exercício resistido quanto o aeróbio promovem benefícios substanciais em fatores relacionados à saúde e ao condicionamento físico (fig. 4), incluindo a maioria dos fatores de risco da síndrome metabólica(13,42).

 

 

- Os mecanismos pelos quais o exercício resistido e o aeróbio afetam algumas variáveis da síndrome metabólica, como a resistência à insulina, a intolerância à glicose e a obesidade, parecem ser diferentes(14,16,42), podendo haver somatório dos efeitos das duas atividades.

- Com o envelhecimento ocorre diminuição da força e massa muscular, as quais estão associadas a uma série de disfunções, incluindo disfunções metabólicas (fig. 3); a realização de exercício resistido pode prevenir ou controlar esse quadro(42,45).

- O condicionamento físico, que é definido como a habilidade de realizar atividade física de nível moderado a intenso sem cansaço excessivo e a capacidade de manter essa habilidade no decorrer da vida, é parte integrante da boa qualidade de vida e a realização de exercícios resistidos e aeróbios, juntamente com exercícios de flexibilidade, tem sido extensamente recomendada para a melhora e manutenção do condicionamento físico, bem como para a prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares, em adultos de todas as idades(6,42,68-71).

Embora a dose mínima de exercício necessária para alcançar muitos dos benefícios à saúde seja conhecida, a dose ótima para a prevenção e tratamento da maioria das desordens ainda é desconhecida.

Em relação aos exercícios aeróbios, tem sido recomendado que eles sejam realizados de três a seis vezes por semana, com intensidade de 40 a 85% da FCR4 (40 a 85% do , ou 55 a 90% da FCmáx ou nível 12 a 16 na escala de Borg), e duração de 20 a 60 minutos(7,68). Pelo fato de que maiores intensidades de exercício estão associadas a maior risco cardiovascular e lesão ortopédica e à menor aderência a programas de atividade física(68), recomenda-se que programas direcionados para indivíduos sedentários e com fatores de risco para doença cardiovascular enfatizem intensidade moderada (50 a 70% da FCR e níveis 12 a 13 na escala de Borg) e prolongada duração (30 a 60 minutos)(9,68).

A recomendação atual para a prática de exercício resistido é de uma série de oito a 12 repetições (10 a 15 para indivíduos acima de 50/60 anos), intensidade de 50 a 70% da carga máxima5 (13 a 15 na escala de Borg), realizadas com oito a 10 exercícios que trabalhem todos os grandes grupos musculares, duas a três vezes por semana(7,67,68). No entanto, esta recomendação toma por base apenas os melhoramentos na força e resistência muscular(72). A realização de maior número de séries (duas a três) elevará o gasto energético da sessão de exercício, podendo aumentar o benefício da atividade para indivíduos com síndrome metabólica. Com isso, recomendamos que indivíduos com síndrome metabólica iniciem com uma série e, após adaptação, aumentem para duas e posteriormente três séries.

Todas as sessões de atividade física, aeróbio e resistido, devem incluir aquecimento e volta à calma, com a utilização de exercícios de flexibilidade no início e no final de cada sessão (figura 5).

 

 

PRECAUÇÕES PARA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

Apesar do efeito benéfico da atividade física sobre a prevenção e tratamento de doenças, sabe-se que o risco relativo de um evento cardiovascular ou lesão músculo-esquelética durante a prática de exercício físico é maior que em atividades habituais(68). Com isso, alguns cuidados devem ser tomados em relação à prática de atividade física pelo paciente com síndrome metabólica.

Antes de iniciar um programa de atividade física, qualquer indivíduo deve passar por uma avaliação da história clínica recente. Em indivíduos com síndrome metabólica recomenda-se a realização de teste ergométrico para avaliação cardiovascular. Caso o teste ergométrico não apresente anormalidades, nenhuma outra avaliação é necessária, com exceção dos indivíduos com diabetes do tipo 2. Porém, se o teste apresentar alguma anormalidade, o indivíduo deve realizar outros exames de acordo com a necessidade e a prescrição do exercício será de acordo com as recomendações de exercício para indivíduos com doença cardiovascular(7).

Aos indivíduos com diabetes do tipo 2, além de avaliação cardiovascular, recomenda-se avaliar a presença de doença arterial periférica (sinais e sintomas de claudicação intermitente, diminuição ou ausência de pulsos, atrofia de tecidos subcutâneos, etc.), retinopatia, doença renal e neuropatia autonômica(51). É importante salientar que nenhuma dessas doenças impede a participação do paciente em programas de atividade física, porém elas influenciam na modalidade e intensidade do exercício a ser prescrito.

Durante a prática de atividade física, deve ser dada atenção à vestimenta adequada. O uso de roupas leves e confortáveis é recomendado (camiseta, shorts ou calças de tactel ou cotton). Quando caminhada ou corrida é realizada, recomenda-se a utilização de calçados confortáveis, com solado macio e boa absorção de impacto(73). Também deve-se dar atenção para o controle da hidratação antes de iniciar e durante a sessão de exercício, principalmente em indivíduos diabéticos(20,51).

Para os pacientes diabéticos, atenção especial deve ser dada aos pés e ao controle glicêmico. O uso de palmilhas macias, bem como o uso de meias de algodão para manter o pé seco, é importante para minimizar traumas. Os pacientes devem ser educados a verificar constantemente o aparecimento de bolhas e qualquer outro tipo de ferimento, antes e ao final de cada sessão de exercício. Em pacientes em uso de insulina ou outro medicamento para controle da glicemia sanguínea, deve-se prestar atenção no horário dos medicamentos, para que o paciente não realize a atividade em estado hipoglicêmico.

 

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Autor:
Emmanuel Gomes CiolacI; Guilherme Veiga GuimarãesII
Espero que você tenha gostado desse texto.

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