sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Educação física como prática científica e prática pedagógica: reflexões à luz da filosofia da ciência



Os discursos sobre a teoria da Educação Física foram classificados por BETTI (1996) em dois grandes grupos: a matriz científica, que concebe a Educação Física como área de conhecimento científico, e a matriz pedagógica, que a concebe como prática pedagógica, como prática social de intervenção. Após apontar as possibilidades e limitações de autores que se polarizavam em uma ou outra matriz, BETTI (1996), buscando a superação dos dualismos recorrentes identificados no debate teórico-epistemológico da Educação Física, propôs uma Teoria da Educação Física concebida como um campo dinâmico de pesquisa e reflexão. A teoria assim proposta poderia sistematizar e criticar conhecimentos científicos e filosóficos, receber e enviar demandas à prática social, e às Ciências e à Filosofia. A "prática" passaria a configurar-se como possibilidade de mediação entre a 'matriz científica' e a 'matriz pedagógica' que se apresentam no debate sobre a identidade epistemológica da Educação Física, entre a 'teoria' e a 'prática', entre o 'fazer corporal' e o 'saber sobre esse fazer'.

A Educação Física não se caracterizaria, então, como uma "ciência" específica, mas como uma área acadêmico-profissional com necessidades e características próprias, que se vale das diversas ciências e da filosofia para construir seus objetos de reflexão e direcionar sua intervenção pedagógica.

O objetivo deste ensaio é contribuir para o debate teórico-epistemológico que se tem travado na Educação Física brasileira em torno do seu estatuto científico e/ou pedagógico, no sentido de buscar, a partir de reflexões alimentadas pela Filosofia da Ciência, alternativas consistentes para a superação dos dualismos com que a área tem pensado a si própria. Para tal, realiza-se inicialmente uma revisão crítica das idéias de TANI (1996), BRACHT (1992, 1999) e LOVISOLO (1996, 1998), autores que, ao longo da década de 1990, contribuíram de modo importante para o tema em questão, ao trazerem à luz novas perspectivas, demarcarem posições e travarem diálogos, alternando, de modo implícito ou explícito, dissensões e alguns poucos consensos1. A seguir, recorre-se a alguns temas da Filosofia da Ciência tal como abordados por CHALMERS (1994), FOUREZ (1995) e ALVES-MAZZOTTI (1999), objetivando alimentar o debate com novos referenciais.

 

Educação física e ciência: o debate brasileiro

Após a longa argumentação de BRACHT (1999) e LOVISOLO (1996), torna-se difícil sustentar a proposi ção da Educação Física como uma disciplina científica, aos moldes de uma Cinesiologia (TANI, 1996) ou de uma Ciência da Motricidade Humana (SÉRGIO, 1987).

Para LOVISOLO (1996), existe uma questão paradigmática ou de hegemonia na Educação Física que expressa a dificuldade de construir uma identidade disciplinar, estabelecer acordos sobre o objeto teórico próprio e metodologias apropriadas; assim, haveria impossibilidade de construir uma área disciplinar em sentido estrito que pudesse "ocupar o lugar da multiplicidade dos enfoques disciplinares atuantes no campo das ciências que estudam os esportes, a atividade corporal e a Educação Física" (p.51). O autor lembra que a filosofia, sociologia, economia, fisiologia, biomecânica, etc., são disciplinas que se ocupam de aspectos ou recortes do esporte e da atividade física. Assim, o esporte e a Educação Física seriam campos de aplicações nas quais essas disciplinas realizam esforços de explicação e interpretação, utilizando seus respectivos marcos teóricos e metodológicos, mas tal não implica a criação de .novos objetos teóricos nem novos conceitos ou metodologias específicas, embora possam colocar questões teóricas e metodológicas a partir desses campos para suas próprias disciplinas. (p.67).

Em perspectiva semelhante, BRACHT (1999) vê o campo acadêmico da Educação Física constituirse pela absorção de conhecimentos científicos provenientes de outras disciplinas e pela produção de conhecimentos por intermédio de práticas científicas marcadas por abordagens monodisciplinares (quer dizer, determinadas pelas "ciências-mães": Sociologia, Biologia, etc.) do fenômeno do movimento humano ou da atividade física. Assim, .no processo de sua constituição, o campo acadêmico Educação Física fragmentou-se; as línguas científicas faladas são diferenciadas, específicas. (p.31), o que se tornou uma fonte da .crise de identidade. da Educação Física, pois o desejo de tornar-se ciência confronta-se com a constatação de sua dependência de outras disciplinas - a Educação Física é "colonizada epistemologicamente por outros disciplinas" (p.30-1). Ou seja, a Educação Física não possuiria uma identidade epistemológica própria, quer dizer, aquela "forma própria com que cada disciplina científica interroga e explica a realidade, o que é determinado pelo tipo de problema que levanta, pelos métodos de investigação e pela linguagem que desenvolveu e utiliza" (p.32). Portanto, "a pesquisa em fisiologia do exercício não é ciência da Educação Física e, sim, ciência fisiológica, assim como história do esporte não é Ciência do Esporte e, sim, ciência histórica" (p.32).

Porém, dada a importância e 'status' que a ciência goza na sociedade e no meio acadêmico, "a Educação Física coloca como meta tornar-se ela própria uma ciência" (BRACHT, 1999, p.31): daí, as propostas de criação de uma 'nova' ciência (Ciência da Motricidade Humana, Ciência do Movimento Humano, etc.).

No entendimento de BRACHT (1999), o que ocorreu no âmbito da Educação Física foi um equívoco que ele atribui à influência de uma concepção empirista ingênua da ciência, que confunde objeto científico com algum fenômeno ou recorte da realidade, e, portanto, o movimento humano não seria por si só um objeto científico, mas os problemas que lhe são colocados sob uma nova perspectiva é que poderiam configurar um novo campo de conhecimento, pois um objeto científico "é algo construído a partir de determinada abordagem" (p.32).

LOVISOLO (1996) levanta também o problema da legitimidade na Educação Física - relacionado à questão do reconhecimento social e cultural das profissões que envolvem o estudo e a orientação da prática esportiva e corporal. Não haveria, por exemplo, objeto teórico da Engenharia no sentido em que há objeto teórico na Física; a Engenharia formularia "programas de intervenção em campos específicos do social a partir das ciências da natureza, aplicação, e do acúmulo de racionalização de experiências geradas no processo de intervenção" (p.68). Tal fato não afetaria, contudo, a regulamentação legal das atividades do engenheiro, nem a legitimidade social da sua intervenção.

Na esteira de LOVISOLO (1996), sugere-se que a proposição da Educação Física como uma disciplina científica na segunda metade do século XX pode ser compreendida como uma estratégia de sobrevivência da área no interior da Universidade. Sabe-se como o movimento disciplinar norte-americano foi inicialmente motivado pela ameaça à sobrevivência da Educação Física no âmbito universitário, uma das motivações para o famoso artigo de F. M. Henry em meados da década de 1960 (HENRY, 1964). Argumentos dessa ordem são também arrolados por TANI (1996). Todavia, com bem descreve LOVISOLO (1996), a mesma Universidade que havia elevado a produção do conhecimento como seu principal objetivo, também o havia ampliado em direção à intervenção social.

Deve-se considerar a hipótese de que essa ampliação de objetivos tenha facilitado a incorporação de certas áreas (inclusive a Educação Física) à Universidade, exatamente pelo caráter de intervenção que esta passou a assumir.

Tal pode ser exemplificado com o caso do esporte moderno. Organizado pela burguesia e aristocracia européia no século XIX, como forma de lazer e distinção social (e só posteriormente meio/conte údo pedagógico nas escolas), permaneceu alheio ao discurso científico, pelo menos naquele sentido da fundamentação científica de cunho fisiológicoanat ômico que esteve presente na formulação dos sistemas ginásticos europeus à mesma época.

Foi pela sua importância social, econômica e política, adquirida no pós-segunda guerra, e pela valorização da sua ideologia liberal, que o esporte adentrou vigorosamente a escola, e depois a Universidade como campo de pesquisa - quer dizer colocou-se a questão de como intervir com critérios científicos para maximizar o rendimento dos atletas. Do mesmo modo, surge a preocupação de como ensinar melhor o esporte, e nas chamadas "Ciências do Esporte" surgem as pesquisas pedagógicas (BRACHT,1999).

Ora, assistimos hoje o mesmo processo ocorrer, de modo mais amplo, no âmbito da Educação Física. Por exemplo, espera-se que a Universidade, por interm édio da prática científica que abriga, contribua para a solução dos problemas educacionais, desde a adequada formação de professores de Educação Física até a elaboração de políticas públicas de esporte e lazer.

É aí que o conceito de .pesquisa científica. ampliase necessariamente, e não só porque .fazer ciência. para a Universidade e para os órgãos de fomento à pesquisa não se restringe mais aos parâmetros das ciências naturais e alcança as ciências humanas e sociais, mas o próprio conceito de .pesquisa. passa a incluir programas de intervenção racionalizados, quer dizer, que buscam auxílio na racionalidade/ método científico, abrangendo áreas tão diversas como administração de empresas, enfermagem e formação de professores. Mesmo TANI (1996) não se refere à "Cinesiologia" como ciência, mas como área de conhecimento ou área acadêmica.

Por isso, de certa forma, a crítica à concepção tradicional de ciência (ainda prevalecente no meio universitário) une BRACHT (1999) e TANI (1996). Já LOVISOLO (1996) não a critica diretamente porque distingue radicalmente .ciência. (que objetivaria .explicar mecanismos.), de .programas de intervenção racionalizados., e é neste último campo que se situa para ele a Educação Física. A contradição presente em TANI (1996) é que, em última instância, busca legitimar a Educação Física comparando-a com as ciências já estabelecidas, que para ele só precisariam de uma correção de rumos para superar o paradigma analítico e fragmentador do conhecimento prevalecente na ciência tradicional. Por outro lado, BRACHT (1999) reluta em falar a favor da ciência, porque centra fogo na racionalidade científica tradicional, que seria limitada em relação às necessidades da fundamentação da prática na Educação Física, e vê esta subordinada a um projeto político de intervenção.

O modelo analítico e experimental das ciências naturais, paradigma da ciência tradicional, inevitavelmente coloca em questão a possibilidade de aplicação dos conhecimentos assim gerados em situações reais (na Educação Física escolar, por exemplo), e TANI (1996) sugere recurso aos novos paradigmas da ciência (complexidade, sistemas dinâmicos, etc.), além de apelar à interdisciplinaridade como promotora da integração de conhecimentos. Contudo, o .novo paradigma da ciência., como alertou LOVISOLO (1996), não produziu estudos significativos que o demonstrem como alternativa viável frente ao paradigma tradicional: "A intencionalidade holística, unitária ou não fragmentária ainda não validou suas razões como produções de conhecimento que levem a modificar o modo tradicional de operação da ciência" (p.71).

TANI (1996), de fato, propõe a integração dos conhecimentos, quando admite que fenômenos e eventos complexos (como é o caso do movimento humano) podem ser analisados em diferentes níveis (do bioquímico ao antropológico), nos quais existiriam epistemologias e metodologias adequadas. Contudo, a partir daí, para o autor, a integração passa a ser uma questão de fé e esperança (no sentido da espera): "acredita-se que o conjunto das contribuições de estudos, dentro dessa visão do movimento humano, possa resultar num corpo de conhecimentos coerentemente organizado, capaz de evidenciar uma identidade acadêmica claramente definida" (p.29).

Então, questões como a da inter ou transdisciplinaridade (que Bracht também vê se impor ao campo da Educação Física), e da complexidade dos fenômenos humanos, enquanto não resolvidas, tornam a Educação Física refém de metodologias/práticas científicas que ainda não existem.

Já LOVISOLO (1996) subestima a importância da ciência para a Educação Física, quando a restringe aquela à descoberta dos mecanismos que fazem as "coisas funcionarem". Todavia, na Educação Física, o método científico representa um importante caminho de legitimação da sua prática profissional, quer no sentido "positivo" - por exemplo, demonstrando os benefícios psico-físicos advindos das práticas corporais - como no "negativo", por exemplo, problematizando as idéias de que "atividade física é boa para a saúde", ou de que "judô é bom para descarregar a agressividade". Contudo, LOVISOLO (1998) relativizou sua concepção inicial quando propôs que as pesquisas na pós-graduação devam também se dedicar à avaliação de produtos e processos da intervenção.

 

A resposta pedagógica

BRACHT (1992, 1999) realizou profícua reflexão para fundamentar a Educação Física como uma prática pedagógica.

Inicialmente, o termo 'Educação Física' designa, para BRACHT (1992), em sentido restrito, aquelas atividades pedagógicas que, no âmbito da instituição educacional, têm como tema o movimento corporal; no sentido amplo, designa "todas as manifestações ligadas à ludomotricidade humana" (p.15), mas que para o autor seriam melhor abarcadas por termos como cultura corporal ou cultura de movimento.

A seguir, em oposição à concepção de Educação Física como área de conhecimento científico, BRACHT (1992) a define como "prática pedagógica que tem tematizado elementos da esfera da cultura corporal/movimento [...] prática social de intervenção imediata, e não uma prática social cuja característica primeira seja explicar ou compreender um determinado fenômeno social ou uma determinada parte do real". Ao explicitar seu entendimento de "prática pedagógica", BRACHT (1999) a caracteriza como prática de intervenção caracterizada pela intenção pedagógica com que trata um conteúdo.

Significativo avanço é empreendido por BRACHT (1999) quando define o objeto da Educação Física como o saber específico de que trata essa prática pedag ógica, .cuja transmissão/tematização e/ou realização seria atribuição desse espaço pedagógico que chamamos Educação Física. (p.42). A definição desse objeto/ saber específico caracteriza o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação, e este, por sua vez, determina a função atribuída à Educação Física. O autor identifica-se então com o entendimento de que o saber próprio da Educação Física é a cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento, e o movimentar-se humano é visto como forma de comunicação com o mundo, constituinte e construtora de cultura, mas também possibilitada por ela; é linguagem, que na qualidade de cultura habita o mundo do simbólico. Como conseqüência, tomar a cultura corporal de movimento como objeto da Educa ção Física implica avançar do fazer corporal para um saber sobre o movimentar-se do ser humano, o qual deve ser incorporado pela Educação Física (na escola) como um saber a ser transmitido (aos alunos).

Então, quando BRACHT (1999) fala em "objeto da Educação Física" refere-se "ao 'saber' específico de que trata essa prática pedagógica, e não "ao objeto de uma prática científica"(p.41), pelo que não se colocam as exigências que são feitas para definir o objeto de uma ciência. Contudo, admite que toda prática social com características de prática pedagógica exige um suporte teórico que não pode prescindir do saber científico para fundamentar as decisões com as quais está constantemente confrontada, e, portanto, "constituir um campo acadêmico é necessário complemento/acompanhamento dessa prática" (p.126). O que o autor questiona é a suposição de que a Educação Física somente alcançaria legitimidade afirmando-se como ciência. A questão mais importante passaria a ser, então, quais as características e os contornos desse campo acadêmico, como e com quais outros interage, e com qual concep ção de racionalidade (científica) deve operar.

BRACHT (1999) questiona a capacidade da ciência de nos fornecer respostas seguras/verdadeiras para a tomada de decisões no âmbito da prática pedagógica da Educação Física. Lembra que um dos principais pressupostos da ciência moderna é o de que as explicações da realidade estão contidas nela mesma - há leis internas que determinam o movimento das coisas. A descoberta dessas leis permitiria prever o comportamento dos corpos ou das coisas de forma universal; ou seja, a realidade contém regularidades e possui uma ordem.

A tentativa de aplicação desses mesmos princípios para o conhecimento 'científico' da realidade social e do comportamento humano (por exemplo, Durkheim e Comte na Sociologia) foi logo questionada. BRACHT (1999) cita a conhecida distinção que Dilthey operou entre a categoria de .compreensão. (que seria própria das humanidades: compreender o sentido/significado subjetivo das condutas humanas) e .explicação. (que seria própria às ciências naturais). O autor vê prosseguir o debate em torno do dualismo metodológico ou epistemológico entre as ciências naturais e ciências humanas/sociais e se pergunta: "o estudo do movimento humano deve ser feito a partir dos princípios das ciências naturais ou das ciências sociais e humanas, ou, ainda de ambas?" (p.35).

Parece então a BRACHT (1999) que mais importante é entender o tipo de conhecimento do movimentar-se humano que uma e outra abordagem possibilitam, bem como suas limitações.

A distinção entre o saber fático e o ético-normativo é ponto central na argumentação de BRACHT (1999), ao ponderar que a ciência sempre se propôs a se pronunciar sobre o que é a realidade (quais leis a regem) ou o que somos nós, mas não pode se pronunciar sobre como a realidade ou nós deveríamos ser (o que implica decisões éticas). Ou seja: "De sentenças sobre o que a realidade é não é possível deduzir lógica e necessariamente (ou cientificamente) o que ela deve ser" (p.124).

Como a Educação Física, na qualidade de prática pedagógica, necessariamente envolve a dimensão do ético-normativo, para que a ciência (ou a racionalidade científica) possa lhe fornecer a fundamentação necess ária, seria preciso, entende BRACHT (1999): ou complementar o conhecimento científico com a filosofia - opção que atribui a BETTI (1996) - ou trabalhar com um novo conceito de racionalidade, a qual "talvez não precise ser adjetivada de científica se nos livrarmos do fetiche da ciência moderna" (p.124). A racionalidade assim concebida buscaria estabelecer a ponte entre o fático e o normativo sem abdicar da pretensão à racionalidade para suas assertivas. Tal é, lembra BRACHT, o conhecido projeto de J. Habermas, o da razão comunicativa, cuja base é a superação do paradigma científico centrado na relação sujeito-objeto, a favor do paradigma da linguagem, base do conceito de razão comunicativa, na qual a linguagem não é mais mera forma de representa ção, e sim uma forma de ação.

Contudo, para BRACHT (1999), não se trataria de considerar supérfluo o conhecimento produzido a partir do interesse técnico pelas ciências empírico-analíticas, nem absolutizar o conhecimento produzido a partir do interesse prático pela ciências histórico-hermenêuticas, mas, sim de "reconhecer seus limites e possibilidades e reinterpretá-los, submetê-los ao outro critério, a uma racionalidade comunicativa" (p.125).

Concluindo suas reflexões, para BRACHT (1999), o debate epistemológico atual parece indicar, por um lado, a superação da racionalidade científica clássica ou predominante (originada na Física), e por outro um certo relativismo que desloca a racionalidade ao mesmo nível de outras "racionalidades" ou discursos acerca da realidade. As dificuldades e os movimentos aludidos "parecem indicar prudência no que diz respeito à reivindicação de adjetivar uma teoria da Educação Física de científica", embora indiquem também "prudência quanto à propensão de abandonar precocemente a pretensão da fundamentação racional da prática" (p.144).

BRACHT (1999), então, coloca em perspectiva os desafios que vê para uma teoria da Educação Física: articular organicamente os conhecimentos produzidos acerca do movimentar-se humano pelas diferentes disciplinas científicas; articular o conhecimento da realidade com uma visão prospectiva da realidade, portanto com uma visão de homem no mundo e sociedade (quer dizer, articular descrição com prescrição); e articular o saber conceitual com o saber prático.

 

Para além da educação física escolar

A ambição de eleger a prática pedagógica como objeto da Educação Física exige a ampliação da .resposta pedagógica. ensaiada por BRACHT para além dos muros escolares. Ao buscar conceber a Educação Física como prática pedagógica no âmbito da cultura corporal de movimento, e não a percebendo como restrita à escola, BETTI (2003) a define como .área de conhecimento e intervenção profissional-pedagógica, que lida com a cultura corporal de movimento, objetivando a melhoria qualitativa das práticas constitutivas daquela cultura, mediante referenciais científicos, filosóficos e estéticos. (p.150).

Por cultura corporal de movimento entende-se aquela parcela da cultura geral que abrange as formas culturais que se vêm historicamente produzindo, nos planos material e simbólico, mediante o exercício da motricidade humana. A motricidade humana é entendida, a partir de SÉRGIO (1987), como capacidade de movimento do ser humano para a transcendência2, e como agente e criadora de cultura. O conceito de qualidade ali incluído é valorativo, quer dizer, exige a opção por valores, entendidos estes como possibilidades de escolha (ABBAGNANO, 2000). Ao lado dos referenciais científico e filosófico, a dimensão estética é incluída por conta de BRACHT (1999), para quem uma educação crítica no âmbito da Educação Física, teria igual preocupação com a educação estética e com a educação da sensibilidade, o que significa dizer: 'incorporação', não por via do discurso e, sim, por via das 'práticas corporais' de normas e valores que orientam gostos, preferências, que, junto com o entendimento racional, determinam a relação dos indivíduos com o mundo" (p.54). Portanto, pode-se também adjetivar de 'pedagógica' a intervenção que a Educação Física leva a cabo como profissão, mesmo fora da escola.

Na escola, a Educação Física seleciona e problematiza temas da cultura corporal de movimento tendo em vista sua intencionalidade pedagógica (que decorre da escolha por determinados valores), aqui delimitada pela intenção de propiciar aos alunos a apropriação crítica3 da cultura corporal de movimento, associando organicamente o "saber movimentar-se", o "sentir movimentar-se" e o "saber sobre" esse movimentar-se, constituindo o que BETTI (1994) denominou saber orgânico. Tal deveria ser também a tarefa profissional-pedagógica da Educação Física em outros espaços sociais: auxiliar o sujeito no processo de mediação simbólica desse saber orgânico para a consciência (por intermédio da linguagem), levando o sujeito à autonomia crítica no âmbito da cultura corporal de movimento.

Então, pode-se definir a "prática pedagógica" como aquela dinâmica comunicativa, repleta de intencionalidades e valores, na qual interagem o professor/ profissional, o aluno/cliente/atleta, e as possibilidades da cultura corporal de movimento, por intermédio de várias linguagens (corporal, verbal, etc.).

Portanto, mesmo na argumentação de BRACHT (1999), nada há que restrinja, no âmbito da Educa ção Física, a pesquisa científica no sentido lato do termo. Os conhecimentos das disciplinas científicas continuariam a alimentar a reflexão e prática pedagógicas; a articulação do prescritivo com o normativo e do saber conceitual com o saber prático exige que no debrucemos sobre a própria prática pedagógica como 'objeto' ou 'campo' de pesquisa. Seria necessário, contudo, cuidado para não 'colonizar' cientificamente a prática pedagógica, desrespeitando sua lógica tácita em nome de uma racionalidade hoje posta em questão, e atentando para a diferença metodológica/epistemológica entre ciências naturais e ciências humanas/sociais, assim como para a relativização da importância do conhecimento científico apontada pelos debates recentes no plano da ciência e da epistemologia que afetam as bases e princípios do pensamento científico moderno.

Em qualquer caso, a menos que se concorde integralmente com LOVISOLO (1996), para quem a Educação Física como área de intervenção prescinde da ciência, parece que a Educação Física necessita mesmo de um princípio integrador que oriente os seus esforços de pesquisa. Bracht vê na prática pedagógica tal princípio. Tal é próximo do que já havia concluído BETTI (1996). Contudo, é preciso considerar a possibilidade de que esta 'resposta pedagógica' possa alcançar também outros espaços sociais dedicados à exercitação sistemática e profissionalmente orientada da motricidade humana (academias, clubes, etc.), e não apenas a Escola, como aparece em BRACHT.

Então, retornamos à proposição de BETTI (1996), para quem que as problemáticas de pesquisa em Educação Física devem ser procuradas na prática social, e enviadas às ciências e à filosofia, para que de lá retornem com respostas ou novos problemas, mas que de qualquer modo nos farão ver a prática com novos olhos. Por isso, a Educação Física caracterizar-se-ia como área de pesquisa 'aplicada', caso se aceite a distinção pesquisa básica/aplicada.

Contudo, a idéia que a ciência trará soluções definitivas para a prática pedagógica é ideologia positivista já suficientemente criticada, embora continue a vigorar em certa medida nas práticas cientificas da Educação Física.

Vamos supor, retomando os exemplos mencionados anteriormente, que não se comprove que 'atividade física é boa para a saúde' (hipótese que aliás vários estudos epidemiológicos têm rejeitado total ou parcialmente), ou que a prática do judô não torna as crianças menos agressivas e mais .disciplinadas.. O que aconteceria, então? Pode-se pensar em mudanças nas estratégias e conteúdos das práticas profissionais/ pedagógicas, buscando preservar a valoração que foi efetuada inicialmente (quer dizer, a articulação entre meios e fins), até a confrontação com o paradigma hegemônico vigente sobre saúde, ou com os pressupostos filosóficos e pedagógicos que fundamentam o esporte como meio de educação. Não vejo aí como se possa separar a "prática" da "teoria", ou a "intervenção" da "explicação", como insinua LOVISOLO (1996).

É claro que já na interrogação científica existe um projeto pleno de valores e intencionalidades. Então, quando CSIKSZENTMILHALY (1985), por exemplo, demonstra empiricamente, como opera no plano psicológico o prazer e a satisfação das experiências lúdicas, valendo-se da "teoria do fluxo ou fluir", podemos retrospectivamente perceber que o propósito de valorar o lúdico como importante dimensão do homem já estava presente desde o início. Tal conhecimento assim produzido, por sua vez, será importante para constituir e/ou legitimar uma pedagogia da Educação Física que valorize o lúdico como meio e conteúdo. Por isso, o empreendimento científico é ideológico (no sentido de que contém pré-concepções) e político, porque atende a projetos.

Portanto, a problematização científica da Educação Física exige sempre uma resposta pedagógica explícita, e que fica apenas implícita na 'matriz científica', na qual a Educação Física existe apenas como sub-área ou ramo pedagógico.

Se invertermos a perspectiva da "Cinesiologia" (TANI,1996) com o olhar da pedagogia de intervenção da Educação Física, o objeto "movimento humano" assume formas culturais concretas, estas é que são "ensinadas" e "aprendidas" (e não apenas em processos educacionais escolares), e portanto devem ser o objeto da Educação Física. Tal conclusão nos leva novamente ao conceito de "cultura corporal de movimento".

 

Dialogando com a filosofia da ciência

Alguns dos argumentos discutidos por FOUREZ (1995) permitem aprofundar o debate e apresentar suporte aos pontos de vista de BRACHT e LOVISOLO, os quais apontam a impossibilidade de a Educação Física constituir-se como disciplina científica autônoma.

O primeiro e mais importante argumento levantado por FOUREZ (1995) é o de que empreendimento científico reflete projetos4, que são visões de mundo carregadas de pré-concepções, expectativas, interesses, valores.

FOUREZ (1995) assim representa a abordagem científica: olhamos o mundo inicialmente já com certas idéias - idéias preconcebidas, representações, modelos (científicos, pré-científicos ou míticos) - as quais não são destituídas de coerência, e que não provêm unicamente das experiências que se acaba de fazer, mas dependem das idéias que se aceitava de início; quando tais representações não nos convêm, nós as substituímos por outras que nos sirvam melhor para fazer o que quisermos:

Se desejo corrigir uma má-formação congênita, será melhor que eu tenha uma representação do mundo fortemente ligada à Biologia do que uma representando o corpo de maneira artística. Mas, para outros projetos, é possível que uma visão artística do mundo seja mais prática. (p.66).

Nesse sentido, os sistemas teóricos são como interpretações que organizam nossa percepção do mundo, organização que não é determinada pelos objetos que o habitam, mas pela maneira como vejo meus projetos no mundo; são "criações do espírito humano, assim como as visões poéticas, artísticas, estéticas, etc". (FOUREZ, 1995, p.67).

É em função desse projeto que se desencadeia tudo o mais: teorias, delineamentos de pesquisa, etc. Portanto, será preciso refletir sobre as implicações para a pesquisa quando se assume o projeto da Educação Física escolar como apropriação crítica da cultura corporal de movimento.

O segundo argumento, relacionado ao primeiro, é a lembrança de que na origem de uma disciplina científica existe uma construção do seu objeto, que o delimita e distingue de outros, em virtude do projeto que se persegue.

Para FOUREZ (1995), em torno e na base de cada disciplina científica existe .um certo número de regras, princípios, estruturas mentais, instrumentos, normas culturais e/ou práticas, que organizam o mundo antes de seu estudo mais aprofundado. (p. 105) - quer dizer, uma matriz disciplinar ou um paradigma. Estes pressupostos é que irão, por exemplo, separar e distinguir os fenômenos físicos dos fenômenos químicos; na Biologia, o que é vivo do que não é; na Psicologia, é a distinção entre indivíduo e a sociedade, e assim por diante. Tal representa um 'corte', uma ação humana que 'separa' e que 'proíbe' confundir, sempre em virtude de um projeto.

Lembra FOUREZ (1995) que essa separação, essa construção do objeto pela comunidade científica é o que G. Bachelard chama de 'rupturas epistemológicas', as rupturas que dão um estatuto a um saber determinado. Portanto, "na base da prática científica existe essa ação humana, e não um objeto que seria 'dado'" (p.107), e é por isso "que uma disciplina científica é menos determinada por seu objeto do que por seu objetivo" (p.110). Daí decorre a constatação do autor de que os cientistas são sujeitos sociais e politicamente situados, perseguindo seus projetos, e, portanto, a comunidade científica faz parte do método científico, estas não são instâncias independentes, como pensa a concepção tradicional de ciência. O método de produção da ciência envolve processos sociais, os quais permitem a formação de equipes estáveis, recursos, contratos, alianças sociopolíticas, etc.

Delimitar o 'movimento humano' como objeto da Educação Física estabelece poucas 'proibições', e, portanto, dificulta dizer o que não é Educação Física. A única interdição possível seria o não-movimento, mas como lembrou MORAIS (2002), o conceito de atividade muscular como expressividade não deve ser reduzido ao movimento humano visível, pois a linguagem corporal apoia-se tanto no movimento quanto nos processos posturais de um corpo que se imobiliza. E como também sabemos que a contração de um grupo muscular para produzir determinado movimento (agonistas) implica o relaxamento de outro (antagonistas), abre-se caminho para o tema do relaxamento e afins.

Por isso, definir o que é e o que não é Educação Física, é tarefa sempre arriscada e problemática, pois tal decisão não seria 'científica', no sentido de 'neutra', mas ideológica, porque pressuporia um projeto, inevitavelmente carregado de pré-concepções, valores, etc., não por uma distorção que se poderia evitar, mas porque é assim mesmo que se definem os objetos de pesquisa, como FOUREZ demonstrou amplamente.

O terceiro argumento é que o reducionismo característico da ciência tradicional não é apenas reducionismo metodológico, é obrigatoriamente reducionismo porque é obrigatório reduzir o problema aos pressupostos, critérios e linguagem do paradigma. Na concepção tradicional de ciência (em especial nas ciências naturais, e na Educação Física, nas subáreas de aprendizagem motora, fisiologia do exercício e biomecânica), isso se atrela, usualmente, a delineamentos experimentais de pesquisa.

Por exemplo, vamos supor que um pesquisador em aprendizagem motora se interesse por estudar as variáveis envolvidas na habilidade de um goleiro de futebol defender pênaltis, 'adivinhando o canto', quer dizer, antecipando-se ao chute do adversário. Trata-se de uma questão de grande interesse para jogadores e treinadores de futebol. Contudo, a situação 'real' envolve um grande número de variáveis, desde o estado psicológico do goleiro até a ovação da torcida, passando pelos 'sinais' que o chutador emite (por exemplo, olhar para o canto em que vai chutar) até o local em que a bola é efetivamente chutada, com que força, etc. Acaba o pesquisador sendo obrigado a simplificar excessivamente a situação real, 'controlando' muitas variáveis e pressupondo controle de outras, de tal forma que se distancia muito da resposta à questão inicial, e dificilmente os resultados que encontrar servirão à prática.

Em problemas semelhantes, todos os esforços para criar situações próximas à realidade podem resultar inúteis porque o objetivo implícito é resolver problemas (testar leis, teorias) do paradigma adotado (no âmbito da aprendizagem motora) e não indicar meios para aumentar a eficiência dos goleiros. A dificuldade aí presente é que o pesquisador pergunta-se: por quê e como o goleiro defende, e não o que é ser um bom goleiro, que se antecipa e defende muitos pênaltis. É claro que a segunda opção exigiria outra abordagem metodológica.

Pensar em termos de um paradigma da complexidade também não resolveria o problema, pois nesse caso também se busca testar as teorias com delineamentos experimentais. Aliás, nas situações 'reais' de ensino e aprendizagem de habilidades motoras, a formulação de delineamentos experimentais acaba por ser muito difícil, dado exatamente seu caráter complexo. Portanto, seria preciso mudar o enfoque, e considerar a prática pedagógica da Educação Física em contextos reais como 'objeto' de estudo, para fugir às armadilhas do reducionismo.

Relacionado ao anterior, o quarto argumento é a questão da tradução efetuada por um paradigma e o possível abuso de saber que daí decorre. Para FOUREZ (1995), os paradigmas são instrumentos intelectuais poderosos no domínio do mundo, por permitirem 'traduzir' um termo da vida cotidiana em linguagem mais técnica e precisa. O paradigma simplifica o problema a fim de abordá-lo de maneira mais precisa; porém, ao efetuar essa tradução do problema, .esquecese por vezes a sua origem [...] arrisca-se assim a produzir uma prática inútil. (p.132). Contudo, adverte o mesmo autor que .a força da ciência consiste justamente em enfrentar problemas 'simplificados' [...], mas é esta também uma de suas fraquezas' (p.132). Em conseqüência, parece haver 'uma enorme distância entre o cotidiano - o real, dirão alguns - e a ciência' (p.132).

E o lugar do paradigma, prossegue FOUREZ (1995), é o laboratório. O laboratório " é um lugar abstrato (no sentido etimológico da palavra: retirado) e privilegiado, no qual se pode praticar certos experimentos controlados [...] de maneira tal que as experiências que nele se realizam podem ser analisadas diretamente de acordo com conceitos previstos pelo paradigma" (p.125). O laboratório é 'a instituição que serve para traduzir os problemas do cotidiano em linguagem disciplinar, e depois devolvê-los" (p.126).

Assim como FOUREZ, também CHALMERS (1994) concorda com a derrocada da concepção tradicional de ciência, identificada com o positivismo lógico, em decorrência das críticas à observação, indução, subdeterminação das teorias, etc. Fracassaram as tentativas de demonstrar a existência de um método universal e a-histórico, e até mesmo de diferenciar claramente o que é ciência e o que não é, já que os padrões históricos mudam.

Para CHALMERS (1994), tais críticas conduziram ao relativismo radical, uma espécie de 'vale tudo' metodológico, de um lado; e de outro, tentativas, até certo ponto bem sucedidas, de comprovar a tese de que a ciência é uma produção histórica e social, e portanto não há que buscar 'status' privilegiado na ciência em relação a outras práticas sociais. Ele então situa suas reflexões entre essas duas possibilidades, buscando apreender o campo entre o método universal e o relativismo céptico. No fundo, trata-se de um debate entre aspectos cognitivos e não-cognitivos da ciência, entre seu estatuto epistemológico e político-ideológico.

Para CHALMERS (1994), se não existe método ou padrão universal na ciência, existiriam contudo "padrões contingentes implícitos nas atividades bem-sucedidas" (p.18).

CHALMERS (1994) afirma ainda não acreditar que os filósofos disponham de recursos para formular uma explicação geral do conhecimento "sem um exame detalhado de alguns exemplos reais do que é considerado conhecimento" (p.40). Para o autor, as explicações mais tradicionais, além de não apreenderem os aspectos distintivos desses tipos variados de conhecimento, "falham no momento em que passam a ser utópicas, pois especificam critérios para o conhecimento genuíno que não podem ser satisfeitos" (p.41).

A meta da ciência segundo CHALMERS (1994) é estabelecer teorias e leis extremamente gerais e aplic áveis ao mundo; é a produção do conhecimento do mundo (fisico e social). Mais especificamente, é "produzir conhecimento geral capaz de tratar da natureza do mundo de maneira superior, mais competente e mais ampla do que o conhecimento anterior" (p.126).

Agora, segundo CHALMERS (1994), o quanto essas leis e teorias são realmente aplicáveis ao mundo "deve ser determinado no confronto entre elas e o mundo, da maneira mais rigorosa possível, segundo as técnicas habituais existentes" (p.19). Além do mais, compreende ele que a generalidade e o grau de aplicabilidade de leis e teorias estão sujeitos a um constante aperfeiçoamento, e que esta é uma meta não-utópica, algumas vezes satisfeita na ciência. Então, em resposta ao relativismo, afirma que as teorias e resultados de pesquisa podem ser avaliados em relação à meta da ciência, e em alguns casos verificar que são mais satisfatórias.

Para CHALMERS (1994), o argumento da indeterminação das teorias dá atenção insuficiente ao desenvolvimento da ciência. O conhecimento novo surge como resposta a problemas que emergem do conhecimento anterior. Se as teorias inovadoras devem ser inteligíveis, não há outra opção senão usar, modificar ou ampliar os conceitos por analogias com outros conceitos existentes, ao mesmo tempo em que, se eles tiverem alguma utilidade, devem ao menos oferecer promessa de alguma possível linha viável de investigação. Portanto, a indeterminação das teorias não levaria necessariamente à introdução de fatores sociais extracientíficos na ciência.

CHALMERS (1994) distingue o chamado .modo de descoberta. do .modo de justificação.. Segundo essa distinção, a maneira como uma teoria vem a ser proposta é um tipo de questão que exige uma resposta histórica, ao passo que a forma pela qual é justificada como conhecimento satisfatório é questão que exige uma resposta epistemológica. Contudo, a distinção entre as questões de origem e as questões de mérito científico não deve ser considerada algo que desvalorize as investigações da primeira, pois "a inovação científica e o avanço de uma ciência especializada podem acontecer por meio de alguma informação ou fato de fora da especialidade, que tenha importantes implicações, por exemplo, para a organização institucional da ciência e para a educação científica" (p.120).

Portanto, CHALMERS (1994) não considera "a ciência sua própria explicação, que avança segundo um modo de racionalidade divino e eterno" (p. 127). A existência e extensão da atividade científica em nossa sociedade e seus inter-relacionamentos com outras atividades sociais, políticas e econômicas, são questões que exigem análise e explicação. No que o autor insiste é que "é possível e importante fazer a distinção entre a meta de produzir o conhecimento científico e outras metas, e que essa distinção é essencial para uma explicação e uma avaliação satisfatória da ciência" (p.127).

Mas, quando se adota o ponto de vista de que a meta da ciência é o estabelecimento de generalizações que governam o mundo, "há nisso um problema fundamental a ser resolvido", pois "o mundo à nossa volta é complexo e desordenado e por isso não é possível distinguir as regularidades que poderiam constituir as generalizações científicas aplicáveis a ele" (CHALMERS, 1994, p.45). A experimentação, introduzida na ciência por Galileu, é uma tentativa de resposta a isso, segundo CHALMERS (1994). As teorias e as leis científicas descrevem as tendências que têm os sistemas de comportar-se de determinadas maneiras. Nas situações reais, tais tendências combinam-se de maneiras complexas, de modo que poucas regularidades aparecerão no nível dos eventos observáveis. Mediante uma intervenção experimental, tenta-se isolar e investigar as tendências individuais e discernir as leis que as regem. Pressupõe-se então "que essas leis, cuja demonstração é comprovada aqui e ali por meio de intervenções experimentais, aplicam-se tanto ao mundo exterior quanto ao mundo interno nas situações experimentais" (p.53).

CHALMERS (1994) impõe algumas restrições a esta "solução". Para ele, não existe nenhuma garantia a priori de que as leis identificadas na atividade experimental continuem a ser aplicadas fora das situações experimentais. "O que se pode obter, pressupondo que isso aconteça, é algo que terá de ser aprendido na prática" (p.53). Mesmo, por exemplo, que a Física tenha provado ser muito eficiente para tratar de situações tecnológicas artificialmente criadas, possui capacidade limitada para tratar do mundo natural, fora de determinados aspectos da astronomia.

Para CHALMERS (1994), se a exigência de certeza é utopia no empreendimento científico, não o é "a exigência de que nosso conhecimento esteja sempre sendo transformado, aperfeiçoado e ampliado" (p.57). Pode-se pedir que as candidatas a leis e teorias científicas sejam justificadas "pelo confronto rigoroso delas com o mundo, de modo a tentar estabelecer sua superioridade em relação a outras concorrentes" (p.57-8). E, mais ainda, "quaisquer métodos ou padrões mais fundamentados do que essas afirmações moderadas terão de ser produzidos na prática dentro das próprias ciências" (p.58).

Em resposta aos céticos, CHALMERS (1994) lembra que, embora os resultados da Física não sejam determinados pelo mundo físico, em conseqüência de algum confronto direto, como diria o empirista radical, os experimentos são planejados para que o mundo físico desempenhe um papel decisivo na aceitação ou rejeição dos resultados" (p.116). O experimento "não implica simplesmente em falar sobre o mundo, mas, na prática, agir sobre ele" (p.97).

 

Educação física como prática científica

Se pensarmos, para a Educação Física como uma possível disciplina científica, a meta da ciência proposta por CHALMERS (1994) - produzir, no confronto com o mundo físico e social, conhecimento geral de modo mais competente e mais amplo que o conhecimento anterior -, teríamos que nos perguntar se existe um conhecimento específico que ela produz. Tal pergunta nos leva novamente às posições dicotômicas que já discutimos, e à impossibilidade de construir um objeto "único" para a Educação Física.

Para não voltar ao impasse, é necessário recorrer a duas argumentações vitais em FOUREZ (1995): 1) a idéia de que a ciência é um projeto humano, de intervenção no mundo; 2) de que a ciência é uma prática social concreta, realizada pela "comunidade científica" - ou seja, a comunidade científica faz parte do método científico.

Em frase conclusiva pouco citada pelos que invocam seus argumentos, HENRY (1964) afirma que se a disciplina acadêmica da Educação Física não existisse, ela precisaria ser inventada. Ora, independentemente da necessidade de 'inventar', criar ou fabricar uma ciência denominada Cinesiologia, Ciência da Motricidade Humana etc., um dos fatos marcantes na história recente da Educação Física no Brasil foi a formação de uma comunidade científica na área, que se concretiza em linhas de pesquisa nos departamentos das Universidades, programas de pós-graduação, revistas e encontros científicos etc. Pode-se recorrer a uma explicação sociológica - por exemplo, que a proposta de Henry, nos EUA, visava dotar a Educação Física de um "status" acadêmico para garantir a sobrevivência da área na universidade; ou, no Brasil, o interesse dos governos militares em relação ao esporte (daí o impulso inicial ter sido dado à pesquisa em fisiologia do esforço). Podemos também, numa análise retrospectiva, concluir que a busca da legitimação científica serviu primordialmente para guiar a organização institucional da Educação Física nas universidades, garantir o primado da ciência nos cursos de formação profissional e buscar participação nos financiamentos públicos de pesquisa - e tudo isso, em última instância, implica em poder. De fato, TANI (1996) explicita um modelo de organização universitária na conclusão de sua proposta. Mas será que tais conseqüências foram negativas para a Educação Física? Se retomarmos CHALMERS (1994), lembraremos que o avanço da Educação Física como área acadêmica poderá também ocorrer em decorrência de sua organização institucional.

Todavia, podemos também pensar que a Educação Física recorreu à fundamentação e ao método científico para legitimar suas práticas pedagógicoprofissionais bem sucedidas.

Em suma, o que se quer dizer é que a Educação Física é uma área acadêmica já instituída na Universidade - o que não quer dizer que ela é, em si, uma ciência.

Cabe, agora, recolocar a questão da meta da ciência, devidamente corrigida pela idéia de que ela também resulta de um projeto humano para intervir no mundo. Quando se trata da Educação Física escolar, por situar-se ela numa instância educativa formal, necessariamente se está tratando de um projeto político-pedagógico - idéia esta amplamente presente na pedagogia.

Nessa perspectiva, a concepção (e a prática) da Educação Física como apropriação crítica da cultura corporal de movimento é um projeto possível, que vai levar à construção de seu objeto de estudo - que, lembremos, não é "dado", e é preciso que os objetos sejam construídos "de tal modo que os nossos projetos possam se realizar" (FOUREZ, 1995, p.254). Estamos aí na instância sociopolítica da prática científica. A partir disso, são necessárias teorias que permitam compreender/explicar o objeto, numa relação dialética de crescente ajustamento e reformulação das teorias e do próprio objeto - coerência interna, avanços em relação às teorias rivais, etc.

Mas, lembrando CHALMERS, é o confronto entre as teorias e o mundo que vai determinar o quanto elas são realmente aplicáveis ao mundo, e tal confronto deve-se fazer da maneira mais rigorosa possível, segundo as técnicas existentes. Portanto, exigências epistemológicas-metodológicas colocam-se aos pesquisadores interessados no enfoque pedagógico, que devem ir a campo "confrontar o mundo" (a prática pedagógica), municiados de delineamentos de pesquisa bem elaborados e que garantam o rigor metodológico - e isso significa também respeitar a natureza do objeto e estar ciente das limitações/coerções existentes na prática científica. Este é o domínio das tarefas específicas da comunidade científica. A FIGURA 1 busca expressar esse entendimento.

 

 

Uma vez no âmbito sociopolítico, os resultados científicos podem auxiliar processos de intervenção, cujo caráter, contudo, em última instância, é ético/ político, envolvendo decisões que não podem ser impostas tecnocraticamente. A ciência pode contribuir na medida em que "o raciocínio científico é uma maneira socialmente reconhecida, e extremamente eficaz, ao que parece, de resolver as nossas relações com o mundo" (FOUREZ, 1995, p.92); principalmente, a ciência pode indicar algumas conseqüências da decisão que se tomar. Assim, parafraseando CHALMERS, "colocamos a ciência em seu lugar".

Tal posição não representa relativismo radical, pois para os que só vêem .conversação. na busca pelo conhecimento, é preciso considerar que se fala sobre resultados determinados, pelo menos em parte e em alguns casos, "pela maneira como mundo é", e não apenas pelas teorias que indicam sua interpretação, ou pela crença do experimentador nessas teorias, como CHALMERS evidenciou em exemplos na história da Física.

Tais questões são ainda mais numerosas e complexas nas chamadas "ciências humanas e sociais", e, para ALVES-MAZZOTTI (1999), a discussão básica gira em torno das possibilidades e vantagens de se usar o modelo das ciências naturais para o estudo dos fenômenos sociais. Enquanto alguns defendem a utilização desse modelo, e consideram que só assim as ciências humanas e sociais podem ser chamadas de .ciências., outros questionam sua eficácia, alegando que deixam de lado justamente aquilo que caracteriza as ações humanas: as intenções, significados e finalidades que lhes são inerentes.

Diante dessa situação, ALVES-MAZZOTTI (1999) opta por discutir as possibilidades de se construir conhecimentos confiáveis sobre os fenômenos sociais, indicando que o termo 'possibilidades' significa que não há um modelo único para se construir tais conhecimentos, assim como "não há modelos 'bons' ou 'maus' em si mesmos, e sim modelos adequados ou inadequados ao que se pretende investigar" (p.109).

Mas isto - realça ALVES-MAZZOTTI (1999) - não quer dizer que "vale tudo", pois as ciências humanas e sociais desenvolveram ao longo do tempo grande variedade de modelos próprios de investigação e propuseram critérios que servem para orientar o desenvolvimento da pesquisa, para avaliar o rigor de seus procedimentos e confiabilidade de suas conclusões. Esses critérios decorrem de acordos históricos entre pesquisadores de uma determinada área e representam um salvaguarda contra o "narcisismo investigativo", que julga poder prescindir de evidências e de argumentação sólida, baseandose apenas na afirmação de que "eu vejo assim".

Para ALVES-MAZZOTTI (1999), embora haja posições divergentes no âmbito das ciências humanas e sociais, tal indicaria, antes que falta de consenso, uma flexibilização dos critérios de cientificidade. A capacidade preditiva da ciência, por exemplo, não é consensual, mas o é a preocupação com a clareza do discurso científico, de modo a permitir a crítica fundamentada; tal posição seria dificilmente contestável, já que o desenvolvimento da ciência não é tarefa de pesquisadores solitários, mas criação coletiva da comunidade científica. Outro ponto comum indicado pela mesma autora é o objetivo explicativo e não apenas descritivo da ciência, comentando, porém, que não se pode concluir que os estudos interpretativos estariam fora do âmbito da ciência, uma vez que eles também contribuem para produzir teorias confirmáveis.

Contudo, ALVES-MAZZOTTI (1999) chama a atenção para o fato de que a posição da tradição interpretativa quanto a essas questões é bastante variada. Enquanto uns defendem que as abordagens nas ciências humanas e sociais podem ser rigorosas e sistemáticas, atendendo assim aos requisitos da tradição científica, outros julgam que os critérios de cientificidade tradicionais são irrelevantes, sustentando que estes correspondem a um outro tipo de ciência, .uma ciência que silencia demasiadas vozes. (Denzin & Lincoln citados por ALVES-MAZZOTTI, 1999, p.127).

Dentre tantas polêmicas sobre o que é ciência, destacam-se as palavras de ALVES-MAZZOTTI (1999), para quem a distinção entre outras práticas sociais e a pesquisa científica prende-se ao fato de que esta última constitui-se em "uma busca sistemática do conhecimento, cujos métodos são construídos através da prática dos pesquisadores de uma dada área e validados pelo acordo intersubjetivo entre esses pesquisadores" (p.145-6).

Nesses termos, seria também possível exigir das pesquisas dedicadas a investigar a prática pedagógica em Educação Física que sejam sistemáticas, rigorosas e validadas pelo acordo entre os pesquisadores, atendendo, assim, aos requisitos da tradição científica. O que é 'rigoroso' e 'sistemático', e o que é 'tradição científica' não decorre de conceitos universais e imutáveis, e deve ser objeto de debate. Falta debate epistemológico e metodológico na Educação Física brasileira.

Já que a demarcação desses critérios é historicamente situada, então tudo caminha para que a concepção tradicional de ciência não seja mais a única referência na prática cientifica que se concretiza nas universidades, mesmo porque se ampliaram as demandas, como já assinalado anteriormente.

Exigir-se-á, doravante, imenso esforço intelectual dos filósofos, que debatem e debaterão ainda longamente, ou para validar o estatuto epistemológico científico dessas novas práticas, ou para negá-lo, ou para concluir que não precisam ser chamadas de científicas para aspirarem a seu lugar no conjunto dos conhecimentos possíveis ao homem.

 

Conclusão

Não existe a "Ciência", mas práticas científicas exercitadas pela comunidade que se auto-intitula "científica". E o conceito de prática científica ampliouse no interior da Universidade, a ponto de o rótulo "pesquisa" nem sempre se acompanhar da adjetivação "científica". Embora se possa argumentar que tal omissão apenas reforçaria a hegemonia do paradigma científico tradicional - pesquisa só poderia ser "científica" - tal também poderia indicar que houve uma ampliação das práticas científicas consideradas legítimas pela própria comunidade científico-universitária. Essa conclusão encontra respaldo em FOUREZ (1995), e mesmo em CHALMERS (1994), quando considera que "os métodos e padrões da ciência são, historicamente, produtos sociais imprevisíveis e sujeitos à mudança. (p.116).

A Educação Física não é uma disciplina científica, mas uma área de conhecimento e intervenção pedagógica que expressa projetos sociais e historicamente condicionados, o que, por sua vez, leva à construção dos objetos da pesquisa científica, a qual se exercita e transforma constantemente no seio da comunidade acadêmica. No contexto da prática científica, a meta da ciência - produzir conhecimentos no encontro com o mundo físico e social - exige controle epistemológico interno, tarefa específica da comunidade científica.

Pois, se o projeto é político (não há critério científico que fundamente uma decisão ético-política) e o objeto de pesquisa é construído, é preciso a partir daí atentar para as questões do rigor metodológico na condução das pesquisas, assim como é preciso buscar ligações entre conhecimentos, confrontar teorias em busca de maior capacidade explicativa, etc. Também no âmbito das pesquisas em Ciências Humanas/Sociais e na Pedagogia, há cuidados metodológicos e técnicos a serem observados.

O discurso científico ao longo da história recente da Educação Física tem exercido o papel de legitimação das práticas (no sentido de .conteúdos.), e a indagação é "por quê?" (por que o exercício é bom para a saúde, por que o jogo pode desempenhar papel educativo, etc.), sem necessariamente questionar a prática profissional/pedagógica (o "como"), entregando-a aos desígnios da tradição. Por ser a prática profissional/pedagógica incerta, complexa e variável, a concepção tradicional de ciência e os delineamentos de pesquisa que a acompanham pouco podem ajudar a questioná-la, intervir, melhorá-la qualitativamente (em função de valores eleitos), porque adentram apenas parcialmente a complexa dinâmica da prática pedagógica da Educação Física, que envolve valores, ideologias, interesses.

O projeto que vislumbra a Educação Física como "apropriação crítica da cultura corporal de movimento" exige metodologias de pesquisa adequadas, que respeitem a dimensão ético-normativa (axiológica) inerente à prática pedagógica.

A Educação Física não pode abrir mão de uma poderosa realização humana como a ciência, capaz de compreender/explicar e intervir no mundo com modos específicos. Mas, para tal, é necessária a existência de uma comunidade científica que construa o(s) método(s) científico(s) e que se veja como parte da sociedade - origem e destino dos conhecimentos por ela produzidos.

O caminho aqui trilhado pela filosofia e história da ciência é pouco explorado no debate epistemológico da Educação Física. Talvez fosse mais fácil proclamar uma opção político-ideológica e daí passar à ação (o que, na verdade seria ativismo), esquivando-se do debate epistemológico-metodológico, ou então aderir ao relativismo radical e céptico. Mas aí estaríamos ignorando a meta da ciência e as tarefas específicas da comunidade científica. A reflexão sobre a ciência será sempre incompleta se a restringirmos, de um lado, à dimens ão epistemológica/metodológica, ou, de outro à dimensão ideológica/política.

 

Agradecimentos

Agradeço à Profa.Dra. Lúcia Helena Ferraz Sant'Agostino pela cuidadosa revisão dos originais e pelas sugestões apresentadas.

 

Referências

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ALVES-MAZZOTTI, A.J. O método nas ciências sociais. In: ALVES-MAZZOTTI, J.A.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2.ed. São Paulo: Pioneira, 1999. Parte II, p.107-88.        [ Links ]

BETTI, M. O que a semiótica inspira ao ensino da educação física. Discorpo, São Paulo, n.3, p.25-45, 1994.         [ Links ]

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CHALMERS, A. A fabricação da ciência. São Paulo: UNESP, 1994. (Biblioteca Básica).         [ Links ]

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FOUREZ, G. A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências. São Paulo: UNESP, 1995. (Biblioteca Básica).        [ Links ]

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Mauro Betti - Departamento de Educação Física, Universidade Estadual Paulista

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Benefícios da corrida pra quem quer emagrecer


Não é novidade que a prática de exercícios físicos traz inúmeros benefícios à saúde e melhora a qualidade de vida. Com a corrida não é diferente. Essa prática não requer equipamentos especiais e nem pagamentos mensais em academias. Basta você colocar um tênis apropriado, roupas leves e adquirir uma garrafinha de água! Um esporte fácil que pode ser praticado ao ar livre, e é um grande aliado da saúde.

A Personal Trainer Alice Naletto explica quais benefícios a corrida proporciona ao nosso organismo:

- Melhora o sistema cardiovascular- O coração se fortalece conseguindo bombear a mesma quantidade de sangue com menos batidas. Melhora a circulação sanguínea e as veias e artérias se tornam mais elásticas.

- Exercício que mais emagrece - Pois é uma atividade onde há muita utilização da gordura para que se consiga correr de forma moderada.

- Fortalece a musculatura em geral- Ao correr, temos que fazer força com as pernas e braços, além disso, o abdome e a musculatura das costas precisam trabalhar para equilibrar o corpo.

- Aumenta o metabolismo - O organismo passa a gastar mais calorias com a prática regular da corrida.

- Estimula à prática de hábitos saudáveis- A pessoa passa a parar de fumar em muitos casos, se alimentar e dormir melhor.

- Aumenta a resistência ao esforço- A pessoa não vai mais ficar tão cansada ao realizar as atividades do dia a dia.

- Estimula o convívio social- Hoje em dia muitas pessoas correm e participam de provas, isso faz com que haja uma integração social dos participantes e um vinculo de amizade.

É muito importante que a pessoa tenha orientação de um profissional de Educação Física, só ele poderá ministrar os treinos na intensidade e volume adequados para que se consigam os resultados esperados.

Antes de iniciar a corrida, é preciso atenção para alguns cuidados: proteja a pele usando um protetor para as áreas expostas ao sol, incluindo aí as orelhas e parte de trás do pescoço. Use boné e óculos escuros. Além disso, procure um local em que não tenha tráfego de automóveis intenso, pois há o risco de atropelamento e também a inalação dos gases produzidos por eles. Procure parques ou ruas tranquilas, sem muito relevo. Não se esqueça de levar água ou isotônico para hidratação.

Os resultados da corrida são rápidos. "Podemos notá-los logo depois de 1 mês de prática. Emagrecimento, melhora da resistência muscular e fôlego, além de modelar o corpo e eliminar aquelas gordurinhas indesejadas", ressalta a personal trainer.
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Para obter benefícios a caminhada deve ter um ritmo certo


A caminhada é um dos métodos mais fáceis e simples de se exercitar. Além de ser eficaz para perda de peso esse exercício contribui para a diminuição do colesterol ruim, redução da pressão sanguínea, dos riscos de doenças cardíacas, osteoporose, diabetes e do estresse.

Mas para que a caminhada faça efeito é necessário que o ritmo e a frequência sejam corretos e isso muda de pessoa para pessoa. O melhor profissional para orientar nesse momento é o educador físico, por isso o curso de Educação Física da UNIGRAN vem realizando orientações de caminhada nos principais pontos da cidade.

Na última semana os acadêmicos estiveram na praça do Parque Alvorada. "O objetivo é orientar as pessoas quanto aos efeitos que a caminhada pode proporcionar. Orientamos quanto a frequência a intensidade e a duração da caminhada. A princípio todas as pessoas podem caminhar só que tem que ter orientação do profissional pois existem fatores de risco que devem ser obedecidos", afirma Carlos Muchão Castilho, coordenador do curso.

Conforme Muchão para saber se as pessoas podem ou não fazer a caminhada, ou de que forma podem fazer, os estudantes realizam um protocolo, "é feito uma pequena anamnese, ou seja, uma entrevista, para ver se a pessoa se classifica em determinados fatores de risco. E quando há fator temos que fazer uma parceria com outros profissionais", explica o coordenador.

A acadêmica do 8º semestre, Daiana Vanessa Kottwitz, complementa, "aferimos a pressão cardíaca e usamos o frequencímetro para determinarmos o ritmo da pessoa. Independente da idade seja adolescente, idoso, obeso, hipertenso ou gestante em todos é realizado o mesmo procedimento".

Daiana ainda esclarece, "geralmente muitos vem para caminhada e faz errado, não pode ultrapassar a zona alvo, porque pode dar uma parada cardíaca. Mas também não pode andar muito devagar, sem alcançar a frequência, porque então não terá benefício nenhum, a não ser a perda de peso".

Após adoecer e também pelo excesso de peso o funcionário público Silvio Dias iniciou a caminhada a pouco mais de um ano. Silvio perdeu 18 quilos e sente os benefícios do exercício, "minha dor de cabeça sumiu, melhorou meu sono, e tenho melhor disposição", conta.

Marta Vieira é dona de casa e retomou a caminhada a um ano, "voltei a caminhar porque estava me sentindo um pouco "enferrujada", tenho me sentido mais  flexível e com  menos dores nas pernas  e no pé", expõe.

A dona de casa descobriu durante a orientação dada pelos estudantes que tem caminhado de forma errada, "quando eu chego na parte da descida eu dou uma corrida, e nessa corrida aumentou muito os batimentos cardíacos, então eles me instruíram para que eu apenas caminhasse normal", conclui.

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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Fisiculturismo e o antes e depois de fisiculturistas famosos


Fisiculturismo ou culturismo é um esporte cujo objetivo é buscar, por meio da musculação, a melhor formação muscular. Sua disputa ocorre em apresentações coletivas ou individuais, de comparação. Os requisitos são: volume, simetria, proporção e definição muscular.

O fisiculturismo não é um esporte Olímpico, porém, está incluso no Pan-americano e nos Jogos Asiáticos. Existem ainda alguns campeonatos amadores.

Os pré-requisitos para a participação em uma competição são: volume dos músculos, proporção entre eles e a definição muscular. A competição é disputada através de comparação das seguintes condições:

  • Tamanho dos músculos
  • Força
  • Proporção
  • Definição
  • Estética
Para o desenvolvimento dos músculos, o fisiculturista utiliza estratégias como: Treinamento em resistência de pesos, repouso e nutrição especial, acrescentando proteína extra à alimentação, inclusive através de suplementos alimentares, entre outros.

Outra forma de aumentar a massa muscular é a utilização de anabolizantes. Os anabolizantes nada mais são do que hormônios sintetizados, que causam graves danos a saúde e são proibidos. Na prática da musculação, muitos atletas acabam recorrendo ao uso de anabolizantes para o aumento de massa muscular em pouco tempo, que poderá ser prejudicial à saúde, já que estes são hormônios sintetizados, contudo não existe ainda evidência cientifica dos seus danos a longo prazo no corpo humano.

Entretanto, muitos atletas, profissionais ou amadores, conscientes dos malefícios dos efeitos das drogas, procuram profissionais nutricionistas e endocrinologistas para obtenção das possíveis melhoras em seus resultados.

O uso de drogas no culturismo profissional está ao nível de outros desportos competitivos mas a nível de atleta amador o caso muda de figura, sendo o desporto onde o uso de drogas é mais frequente.

Apesar da proibição e da divulgação dos prejuizos que os anabolizantes causam a saúde, sabe-se que a maioria dos fisiculturistas os utilizam com a orientação de endocrinologistas e nutricionistas. Os efeitos da utilização de anabolizantes podem ser simples, como o aparecimento da acne, ou graves, como a hipertrofia prostática, a agressividade, a impotência, a esterilidade, a hipertensão e a hepatotoxidade, entre outros.

Para quem pensa que todos os fisiculturistas já nasceram com físicos privilegiados, se surpreenda com o "antes e depois" dos maiores atletas do mundo.

Branch Warren

Dorian Yates

Lou Ferrigno(The Hulk)


Nasser El-Sonbatty



Arnold Schwarzenegger

"O impossível é apenas uma palavra grande jogada aos ventos por pessoas pequenas, que acham mais fácil viver em um mundo que lhes foi dado em vez de explorar o poder que elas tem para mudá-lo. Impossível não é um fato, é uma opinião. Impossível não é uma declaração, é um desafio. Impossível é potencial, impossível é temporário.

Com ajuda daqui
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Centro de treinamento em Atletismo em São Caetano do Sul

A cidade de São Caetano do Sul tem o Centro de Treinamento (CT) do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA/São Caetano do Sul, mais moderno equipamento esportivo do gênero no Brasil. Localizado na Estrada das Lágrimas, 90, no Bairro São José, o CT inaugurado nesta manhã em cerimônia concorrida vai receber alguns dos maiores nomes do atletismo brasileiro e também abrirá suas portas para jovens esportistas de sancaetanenses.

O prefeito de São Caetano elogiou a parceria da Administração com a BM&FBOVESPA. "O Poder Público não teria condições de construir um Centro de Treinamento como este sem parcerias. Agora São Caetano está inserida na história do esporte olímpico brasileiro", destacou. A Prefeitura de São Caetano criou as condições para a construção do CT com a cessão do espaço, que antes era ocupado pelo Clube Esportivo e Recreativo de Vila São José, pelo prazo de 15 anos.

O chefe do Executivo lembrou que o centro de treinamento não será exclusivo para os atletas de alto rendimento. "A comunidade esportiva sancaetanense compartilhará este espaço não só como um aprendizado pelo contato dos jovens com os atletas de ponta do Brasil, mas também porque o CT estará aberto ao esporte amador". O prefeito também falou sobre o próximo passo da parceria de São Caetano com a BM&FBOVESPA, que será a transformação do espaço em um centro de referência em fisioterapia e tratamento de atletas lesionados – aberto a esportistas de alto rendimento de todo o País.

O diretor-presidente da BM&FBOVESPA, Edemir Pinto, agradeceu aos parceiros que apoiaram a construção do CT, que teve custo de R$ 20 milhões. "Eu tenho muitos agradecimentos a fazer hoje. Em primeiro lugar quero agradecer ao prefeito, que tem sido um grande parceiro e que certamente já colocou seu nome e o nome de São Caetano na história do esporte nacional". O dirigente também elogiou a assessora especial de Coordenação da Ação Social de São Caetano, que prestigiou a inauguração.

Referência – Entre os atletas que participaram da cerimônia de inauguração se destacaram a campeã olímpica e mundial Fabiana Murer, do salto com vara; o maratonista Marilson Gomes dos Santos, duas vezes campeão da maratona de Nova York; e Vanderlei Cordeiro de Lima, patrono do Centro de Treinamento e medalhista de bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Todos foram unânimes ao elogiar o Centro de Treinamento, apontado como um dos mais modernos do mundo. "Este é um centro de primeiro mundo, inédito no Brasil. Além disso, ele é um lugar bonito e gostoso, onde eu tenho certeza que os atletas vão treinar com mais entusiasmo e vontade", afirmou Fabiana, que inaugurou a pista indoor com uma série de saltos.

Para o maratonista Marilson Gomes dos Santos, o Centro de Treinamento de São Caetano não deve nada na comparação com os centros internacionais. "Este é um sonho realizado", garantiu. O patrono do CT, Vanderlei Cordeiro de Lima, se emocionou ao falar sobre a importância do esporte em sua vida e aos 22 anos dedicados ao atletismo. O atleta da equipe de São Caetano protagonizou um dos momentos mais marcantes da história das Olimpíadas ao subir ao pódio em Atenas mesmo depois de ter sido agredido por um espectador da maratona, no momento em que liderava os quilômetros finais da competição. A dignidade do atleta brasileiro, que festejou o bronze mesmo tendo sido prejudicado na luta pelo ouro, lhe valeu o reconhecimento mundial e ainda a Medalha Pierre de Coubertin, maior honraria concedida pelo Comitê Olímpico Internacional a atletas que elevaram o espírito olímpico.

Estrutura – O Centro de Treinamento (CT) do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA/São Caetano do Sul está localizado em uma área de 31.112 m². Além da reforma na área externa, com gramado e a pista revitalizados, foi construído um moderno ginásio indoor com 5.535 m² de área construída e pé direito de 10 metros, projetado especialmente para os treinos dos atletas do salto com vara. Ele conta com pista de corrida de 60 metros, áreas de saltos em distância e triplo, área para salto com vara e para arremesso de peso. O piso é macio, adequado para os treinamentos intensivos dos atletas.

A estrutura de apoio conta com setores de fisioterapia, musculação, atendimento médico, administração e depósitos. A sala de fisioterapia, com 200 m², está equipada com os mais modernos equipamentos disponíveis para a prevenção e tratamento de lesões de atletas. A sala de musculação, de mesmo tamanho, também oferece aos esportistas equipamentos avançados – ambas foram montadas de acordo com as especificações sugeridas pelos treinadores da equipe BM&FBOVESPA/São Caetano do Sul.

A Prefeitura de São Caetano realizou intervenções no entorno do Centro de Treinamento, com ações como a reurbanização da praça do local, pavimentação asfáltica e nova iluminação, entre outras.
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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Diferença entre rodas cantadas, cantigas de rodas, brincadeira cantada e cirandinhas


Existe muita confusão por aí, principalmente na internet, no que diz respeito a termos como "rodas cantadas", "cantigas de rodas", "brincadeiras de roda", "brincadeira cantada", "dança circular", "cirandinhas", entre outros que nos remetem a um grupo de pessoas, em roda (ou não), brincando e cantando.

É neste sentido que o CELEIRO (um centro de estudos dedicado à temas relacionados ao lazer, recreação e educação) vem levantando informações que possam nos auxiliar a esclarecer estes nomes aparentemente parecidos, mas com seus contextos tão diferentes. Saber o que se diz, como se expressar na apresentação de um projeto, de um programa de aulas, de uma sequência pedagógica ou de uma programação recreativa é essencial para que todos estejam falando a mesma coisa, interlocutor e receptor percebam o mesmo significado na mesma expressão.

Iniciando pelas "cantigas de roda" que são uma manifestação do brincar infantil onde tipicamente as crianças formam uma roda de mãos dadas e cantam melodias simples e folclóricas, de ritmo limpo e rápido. As letras destas canções contam com características da cultura local, com letras de fácil compreensão e assimilação quase que imediata. Em sua maioria foram aprendidas com os pais, avós ou colegas de brincadeira. Acredita-se que tais melodias podem ter origem em músicas modificadas de um autor popular, muitas vezes surgindo através de autoria coletiva, iniciando anonimamente entre a população.

As "cantigas de roda" estão incluídas entre as tradições orais em inúmeras culturas. No Brasil, fazem parte do folclore brasileiro, incorporando elementos das culturas africana, européia (principalmente portuguesa e espanhola) e índia. Hoje já não mantém as características de sua origem, divido às mais curiosas deformações de suas letras e melodia, seja pela dificuldade do idioma original, pela assimilação das características locais ou pelo esquecimento e releitura característico da transmissão informal e pela própria inconsciência com que são proferidas pelas bocas infantis. Entre as cantigas de roda mais conhecidas estão Roda pião, O cravo e a rosa e Atirei o pau no gato.
Já a "Ciranda" é uma dança típica das praias que começou a aparecer no litoral norte de Pernambuco. Surgiu também, simultaneamente, em áreas do interior da Zona da Mata Norte do Estado. É muito comum no Brasil definir ciranda como uma brincadeira de roda infantil, porém na região Nordeste e, principalmente, em Pernambuco ela é conhecida como uma dança de rodas de adultos. Os participantes podem ser de várias faixas etárias, não havendo impedimentos para a participação de crianças também. Caracteriza-se pela formação de uma grande roda, geralmente nas praias ou praças, onde os integrantes dançam ao som de ritmo lento e repetido.

Uma das cirandas mais conhecidas é a de Antônio Baracho da Silva:

Estava
Na beira da praia Ouvindo as pancadas
Das águas do mar
Esta ciranda
Quem me deu foi Lia
Que mora na ilha
De Itamaracá

As "Cirandinhas" como o próprio nome sugere são um grupo de canções que surgiram à partir das adaptações das canções adultas, como as cirandas, e passaram pela adaptação para o universo infantil, seja pela própria interação com a criança, seja pela características de pais e avós que às usam no ninar de pequenos e às infantilizam para tanto. É comum que estas canções se unam e se fundam umas às outras, sofrendo alterações de acordo com a região e características culturais locais.

Como exemplo temos:

Ciranda, cirandinha,
vamos todos cirandar,
vamos , dar a meia volta,
volta e meia vamos dar...
o anel que tu me deras,
era vidro e se quebrou,
o amor que tu me tinhas,
era pouco e se acabou,

As "cantigas de ninar" também são uma manifestação derivada das cantigas de roda e tinham (e em muitos lugares ainda têm) a utilidade de acalentar as crianças pequenas na hora de dormir. Suas letras muitas vezes expressam o medo e os receios das mães, irmãs mais velhas, tias ou avós que, sozinhas em casa, precisavam cuidar dos pequenos. Esta característica muitas vezes lhe acarretou letras pesadas e de ameaça, como na cantiga "Boi da Cara Preta":

Boi, boi, boi
boi da cara preta,
pega esta menina
que tem medo de careta!

Já as "Rodas Cantadas" é uma brincadeira que envolve a música, o corpo, o ritmo, e por vezes um desafio, uma piada, um tema que envolve e diverte. É uma manifestação da recreação, atividade lúdica, que produz prazer e alegria. Também é amplamente utilizada em ambiente educacional para estimular, sensibilizar, "quebrar o gelo", integrar, alegrar. As rodas cantadas são capazes de estimular a memória, desenvolver o ritmo, melhorar as capacidades físicas, a coordenação motora, também por não se basear em movimentos corretos ou errados, nem em performance do canto ou do gesto, são capazes de melhorar a auto-estima, possibilitar o prazer de fazer parte de algo, ser parte de um grupo, realizar coletivamente.

Em questões históricas, as rodas cantadas são manifestações mais contemporâneas, são sempre atualizadas para que possam acompanhar a linguagem e os interesses da atualidade. Anualmente são compostas novas rodas ou são trazidas de outros países através de intercâmbios.

Segundo Silveira (R,T, 2009) rodas cantadas são:

(...) trabalhos musicais que possam ser realizados com crianças, jovens e adultos apenas com o uso de voz, ritmo e movimento, com objetivos recreativos, sem uso de acompanhamentos instrumentais e sem a necessidade de preocupar-se com a métrica musical, divisão correta de tempos e compassos ou regras semelhantes. Podem ser propostos por um dinamizador, como um recreacionista ou professor, ou podem surgir por iniciativa do próprio grupo em um momento de lazer, não sendo obrigatório que se realizem em posição de roda.

Um exemplo desta manifestação é:

Era um cavalo, guloso comia capim, (o grupo repete)
De tanto comer capim,
sua perninha ficou assim – (faz-se um gesto, o grupo repete a letra e faz seu gesto)
assim, bem assim,
assim, assim, assim, hey, assim, assim, assim, hey
Era um cavalo, guloso comia capim, (o grupo repete)
De tanto comer capim,
sua outra perninha ficou assim – (faz-se um gesto, o grupo repete a letra e faz seu gesto)
assim, bem assim,
assim, assim, assim, hey, assim, assim, assim, hey
(e assim por diante com várias partes do corpo)

Fonte
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