quinta-feira, 24 de maio de 2012

Alongar ou não alongar? Eis a questão!

A indicação dos alongamentos varia bastante de profissional para profissional. Essa falta de consenso entre educadores físicos, fisioterapeutas e ortopedistas foi o estopim para que centros universitários de todo o mundo se debruçassem em estudos sobre o assunto. Os resultados, entretanto, foram bem diferentes do que se esperava. A primeira informação contestada é a de que os alongamentos podem prevenir lesões quando praticados antes ou depois das atividades físicas. Os pesquisadores Robert Herbert e Marcos de Noronha, da Universidade de Sydney, revisaram dez estudos sobre o tema e não encontraram diferenças estatísticas entre os grupos que se alongavam e os que pulavam a atividade.

Para evitar acidentes, o mais indicado seria investir nos chamados exercícios de aquecimento, como polichinelos ou pequenas corridas sem sair do lugar. "O alongamento não tem a função primordial de aquecimento. Para aquecer é importante aumentar o fluxo de sangue nos vasos sanguíneos e músculos", explica Debora Reis Garcia, professora do curso de educação física da Universidade São Francisco (USF).

Efeito analgésico
Ironicamente, a coisa muda de fIgura nos estudos em que são avaliados pacientes com dores crônicas. Nessas situações, o alongamento sai na frente de práticas consideradas consagradas no alívio da dor. Uma pesquisa liderada pela pesquisadora Karen Sherman e publicada na revista Archives of Internal Medicine dividiu pacientes que sofriam dores crônicas na lombar em três grupos: aqueles que tiveram aula de alongamento, de ioga ou que apenas leram livros sobre como lidar com o problema. Três meses depois, os participantes que se esticaram foram os que mais relataram melhoras na dor sem o uso de medicamentos.

Bê-á-bá dos exercícios

Cabeça e pescoço
Em pé ou sentado, realize a flexão lateral da cabeça com uma das mãos, enquanto a outra fica estendida ao longo do corpo. Depois de alguns segundos, repita do lado contrário. Este exercício serve para alongar a musculatura lateral do pescoço.


Perna
Sentado, estenda uma das pernas enquanto a outra é flexionada. Incline o troco à frente e alongue os músculos posteriores da perna. Outra possibilidade é alongar-se em pé. Nesse caso, flexione uma das pernas com o calcanhar em direção ao glúteo. Bom para quem pratica caminhada ou esportes coletivos.

 

 

 

Mão e punho
Com o braço estendido à frente do corpo, flexione o punho, segurando-o com a mão contrária.

Ombros
Em pé ou sentado, cruze um dos braços à frente do peito. Segure-o com a mão contrária na altura do cotovelo. "O exercício é indicado para quem trabalha no computador, esportistas e donas de casa", indica Lincoln Adami, da Academia Gustavo Borges de Londrina (PR).

 

 

 

Braços
Com o braço estendido acima da cabeça, flexione o cotovelo com a mão na direção das costas. Coloque a mão contrária no cotovelo. Este exercício tem o objetivo de alongar o tríceps.

 

Panturrilha
Em pé, desloque uma perna à frente, enquanto a outra fica estendida atrás. Este exercício tem o objetivo de alongar os músculos da panturrilha.

 

enefícios reais
Mas aliar os alongamentos com exercícios físicos é algo ruim? A resposta é não. Segundo Debora, alongar-se antes de suar a camisa é um modo de preparar o corpo para o esporte. "Já o alongamento feito ao final de exercícios diversos - como caminhadas, corridas ou atividades domésticas - tem como objetivo compensar a musculatura que foi mais utilizada", indica a educadora física.

A prática também é excelente para os atletas que querem melhorar seu desempenho nos treinos. Segundo um estudo liderado por Arnold Nelson, professor associado da Universidade de Louisiana (EUA), os alongamentos periódicos aumentaram a resistência muscular, o desempenho em saltos e a força nos profissionais que se submeteram a treinos regulares. Entretanto, não é necessário exagerar na dose para conseguir bons resultados. Aumentar a intensidade dos exercícios pode potencializar microlesões musculares, principalmente nos adeptos da musculação. "O ideal é trabalhar a flexibilidade outro dia que não o da musculação ou em outro período. Mas se desejar realizá-los após o treino, a intensidade deve ser leve ou moderada", pontua.

Por fim, alongamentos são fundamentais para aumentar a flexibilidade. Mas para aperfeiçoar essa habilidade motora é necessário ter disciplina. "Os exercícios devem ser realizados ao menos duas vezes por semana. O tempo de execução deve ser superior a 30 segundos em cada movimento", completa.

Sinal verde
Praticamente todo mundo pode se alongar. A restrição fica por conta de quem apresenta problemas nas articulações, nos ossos, nos músculos e na coluna, como no caso da hérnia de disco. "Em linhas gerais, todos podem praticar alongamentos, desde que orientados para a execução correta dos movimentos. Mesmo pacientes acamados, quando bem orientados, podem realizá-los", esclarece Debora.

Mas muita gente não adere aos alongamentos porque sente um ligeiro desconforto. Salvo exceções, esse incômodo é normal. Sua aparição está vinculada ao aumento da flexibilidade de músculos e articulações. "Ele funciona como um mecanismo de alerta do próprio organismo para evitar que a sobrecarga nos tendões e articulações provoque danos. Ele deve ser tolerado em certa medida para que a flexibilidade aumente", explica.

Muita gente não adere aos alongamentos porque sente um ligeiro desconforto. Salvo exceções, esse incômodo é normal

Entretanto, a regra é não aumentar a intensidade dos alongamentos a ponto de extrapolar os limites pessoais. Nos alongamentos que antecedem a caminhada ou a faxina da casa, por exemplo, não há necessidade de ir além do início do desconforto. "Além disso, a duração do exercício para cada segmento corporal não deve exceder 15 segundos. Já para atletas profissionais, o grau de tolerância à dor pode ser maior", completa Debora.

Flexibilidade ampliada
Algumas dicas simples podem deixar os alongamentos mais eficientes, como expirar e inspirar corretamente. "A respiração aumenta a oxigenação dos músculos, a fluidez do sangue e a lubrificação das articulações. O aluno também fica mais concentrado para alcançar a amplitude do movimento", esclarece a professora.

Usar acessórios como faixas elásticas e barras para apoio é outro segredo para potencializar a atividade. Entretanto, nada mais eficiente - e divertido - do que alongar-se acompanhado de um amigo ou em grupo. "O apoio da dupla pode ainda auxiliar no aumento da amplitude do movimento", finaliza a profissional.

Fonte

Espero que você tenha gostado desse texto.

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