sexta-feira, 30 de março de 2012
A educação física e o desenvolvimento infantil
A criança, por meio da observação, imitação e experimentação das instruções recebidas de pessoas mais experientes, vivencia diversas experiências físicas e culturais, construindo, dessa forma, um conhecimento a respeito do mundo que a cerca.
Para que esses conceitos sejam desenvolvidos e incutidos no aprendiz, o meio ambiente tem que ser desafiador, exigente, para poder sempre estimular o intelecto e a ação motora desta pessoa. No entanto, não basta apenas oferecer estímulos para que a criança se desenvolva normalmente, a eficácia da estimulação depende também do contexto afetivo em que esse estímulo se insere, essa ação está diretamente ligada ao relacionamento entre o estimulador e a criança. Portanto, o papel da escola no âmbito educacional deve ser o de sistematizar esses estímulos, envolvendo-os em um clima afetivo que serve para transmitir valores, atitudes e conhecimentos que visam o desenvolvimento integral do ser humano.
O Papel da Educação Física no Desenvolvimento Humano
O principal instrumento da educação física é o movimento, por ser o denominador comum de diversos campos sensoriais. O desenvolvimento do ser humano se dá a partir da integração entre a motricidade, a emoção e o pensamento.
No caso específico da educação física, o profissional dessa área possui ferramentas valiosas para provocar estímulos que levem a esse desenvolvimento de forma bastante prazerosa: a brincadeira, o jogo e o esporte.
A partir da brincadeira e do jogo, a criança utiliza a imaginação que "é um modo de funcionamento psicológico especificamente humano, que não está presente nos animais nem na criança muito pequena" (Rego, 1995, p.81).
A partir da utilização da imaginação, a criança deixa de levar em conta as características reais do objeto, se detendo no significado determinado pela brincadeira.
"Mesmo havendo uma significativa distância entre o comportamento na vida real e o comportamento no brinquedo, a atuação no mundo imaginário e o estabelecimento de regras a serem seguidas criam uma zona de desenvolvimento proximal, na medida em que impulsionam conceitos e processos em desenvolvimento" (Rego, 1995, p. 83)
Esse impulso dado aos "conceitos e processos de desenvolvimento" deverá ser fornecido pela educação física ao propiciar jogos e brincadeiras que, intencionalmente, estimulem a imaginação e a criatividade. Além disso, o processo de desenvolvimento dos indivíduos tem relação direta com o seu ambiente sócio-cultural e eles não se desenvolveriam plenamente sem o suporte de outros indivíduos da mesma espécie.
Dessa forma, percebe-se que a escola, e neste caso específico a educação física, tem um papel fundamental no aprendizado e conseqüentemente no desenvolvimento dos indivíduos, desde que estabeleça situações desafiadoras para seus alunos.
A interferência de outras pessoas (professor e outros alunos) é fundamental para o desenvolvimento do indivíduo. O papel do professor deve ser o de interventor intencional, estimulando o aluno a progredir em seus conhecimentos e habilidades através de propostas desafiadoras que o leve a buscar soluções, por intermédio da sua própria vivência e das relações interpessoais. Isto não deve significar uma educação autoritária, mas sim, uma educação que possibilite ao aluno, por meio de estratégias estabelecidas pelo professor, construir o seu próprio conhecimento, com a reestruturação e reelaboração dos significados que são transmitidos ao indivíduo pelo seu meio sócio-cultural.
Qualquer processo de ensino para ser eficiente deve levar em conta o nível de desenvolvimento real da criança e o seu nível de desenvolvimento potencial adequado a sua faixa etária, conhecimentos e habilidades que já possui.
O profissional de educação física ao trabalhar na educação infantil deve conhecer os estágios do desenvolvimento dessa fase, para proporcionar os estímulos adequados a cada etapa. Agindo dessa forma, o desenvolvimento será mais harmônico no campo motor, cognitivo e afetivo-social, trabalhando assim, o ser na sua forma integral.
A evolução infantil obedece a uma seqüência motora, cognitiva, e afetiva-social que ocorrerá de forma mais lenta ou mais acelerada, de acordo com os estímulos recebidos. A criança entre de 1 ano e meio e os dois anos de idade age sem refletir. O ato precede o pensamento. A partir dessa fase, a criança já adquire duas funções importantíssimas: o andar e a linguagem. O pensamento passa a ser projetado no exterior pelos movimentos e pela linguagem. Isto permitirá uma maior participação na sua relação com o meio. A ação da criança sobre o meio estimulará sua atividade mental. A partir daí, a criança começa a ter maior consciência sobre sua própria pessoa, iniciando a formação da sua auto-imagem. Em seguida, a criança vai iniciando a sua vida social ao formar pequenos grupos, porém ocorre uma troca constante de amizades e de grupos (escola, clubes,etc.). Esse intercâmbio social é essencial, pois leva a criança a se adaptar a diferentes papéis, reconhecendo-se como pessoa.
Nesse sentido, cada fase de desenvolvimento infantil tem suas próprias características, portanto, exige estudos aprofundados sobre os métodos pedagógicos, as qualidades dos estímulos fornecidos e a atuação intencional do profissional na aula de educação física. O professor deve levar em conta a peculiaridade de cada fase pela qual o aluno passa, as particularidades de cada jogo, brincadeira ou esporte que possam auxiliar o educando no seu desenvolvimento integral.
Pela importância que a infância representa na formação da personalidade do indivíduo, esses estudos devem estar respaldados por uma "práxis" pedagógica que leve a uma organização didática, modificando a visão de aulas de educação física de embasamentos estritamente empíricos, para uma visão mais científica, evitando-se um choque entre teoria e prática o que poderá refletir negativamente na formação de nossos jovens. Espero que você tenha gostado desse texto.
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A creatina
A creatina é utilizada em células musculares para armazenar energia principalmente para exercícios de explosão. Os atletas podem aumentar a quantidade de creatina no músculo tomando suplementos de creatina. Embora alguns estudos relatem nenhum efeito ergogênico, tamném indicam que a suplementação de creatina (por exemplo, 20 g por dia durante 5 a 7 dias) aumenta o desempenho de sprint em 1-5% e o trabalho realizado em sprints repetidos em até 15%. Estes efeitos ergogênicos parecem estar relacionados com a extensão da absorção da creatina no músculo.
A suplementação de creatina por um mês ou dois durante o treinamento promoveu ganhos adicionais no desempenho (5-8%), bem como ganhos de força (5-15%) e massa corporal magra (1-3%). O único efeito colateral conhecido é o aumento do peso corporal. São necessárias mais pesquisas sobre diferenças individuais na resposta ao uso de creatina, periódica ou cíclica , efeitos colaterais e efeitos a longo prazo na resistência.
A creatina é um aminoácido, de construção que compõem as proteínas. Creatina na forma de fosfocreatina (creatina fosfato) é uma reserva importante de energia nas células musculares. Durante o exercício intenso com duração em torno de meio minuto, fosfocreatina é quebrada em creatina e fosfato, e a energia liberada é usada para regenerar a fonte primária de adenosina (ATP). A potência de saída cai quando a fosfocreatina se esgota, porque ATP não pode ser regenerado rápido o suficiente para atender a demanda do exercício. Segue-se que um grande estoque de fosfocreatina no músculo deve reduzir a fadiga durante a corrida. Creatina extra no músculo também pode aumentar a taxa de regeneração da fosfocreatina para as contrações seguintes, o que deve significar menos fadiga com repetidas rajadas de atividade em formação ou em competições esportivas .
Na teoria, você pode obter um maior armazenamento de creatina e fosfocreatina no músculo? Sim, e ele faz aumentar o desempenho de contrações, especialmente repetidas. A creatina extra é, portanto, ergogênica, porque pode ajudar a gerar mais potência de saída durante o exercício intenso. Além disso, a suplementação de creatina a longo prazo produz maiores ganhos em força e desempenho em corridas e pode aumentar a massa magra do corpo.
Efeitos de suplementos de creatina na creatina muscular, fosfocreatina e ATP
O volume necessário diário de creatina é de cerca de 2 g para uma pessoa de 70 kg. Cerca de metade das necessidades diárias de creatina são fornecidas pela creatina corporal sintetizada a partir de aminoácidos. A necessidade diária de creatina restante é obtida a partir da alimentação. Carne ou peixe são as melhores fontes naturais. Por exemplo, há cerca de 1 g de creatina em 250 g de carne crua. A suplementação com creatina sintética é a principal forma pela qual os atletas carregam os músculos com creatina. Doses diárias de 20 g de creatina por 5-7 dias normalmente aumentamr o conteúdo total de creatina no músculo por 10-25%. Cerca de um terço da creatina extra no músculo é na forma de fosfocreatina.
A Creatina extra no músculo não parece aumentar o tempo de recuperação de ATP, mas parece ajudar a manter as concentrações de ATP durante um único esforço máximo. Ela também pode aumentar a taxa de ressíntese de ATP e fosfocreatina após o exercício intenso
Primeiro os pesquisadores investigaram os efeitos ergogênicos de curto prazo à carga de creatina. Em um estudo típico, uma dose de 5 g de creatina é dada quatro vezes ao dia, durante cinco a sete dias para garantir os aumentos de creatina muscular.
A maioria dos estudos têm mostrado que a velocidade ou potência em sprints – explosões de atividade com duração de alguns segundos a vários minutos – é reforçada, normalmente 5-8%. O desempenho de sprint repetitivo também é reforçado quando não se descansa entre sprints sem permitir a recuperação total. Neste caso, a produção total de trabalho pode ser aumentado em 5-15%. Há também evidências de que o trabalho realizado durante os conjuntos de testes de força com múltiplas repetições pode ser melhorado pela suplementação de creatina, tipicamente em 5-15%. Além disso, o desempenho nas repetições e na força máxima também pode ser aumentado com a suplementação de creatina, normalmente em 5-10%.
A melhora no desempenho do exercício tem sido correlacionada com o grau em que a creatina é armazenada no músculo após a suplementação de creatina, particularmente em fibras musculares do tipo II. Pesquisadores já voltaram sua atenção para suplementação de longo prazo de creatina. Nestes estudos, uma semana de creatina de até 25 g por dia é seguida por até três meses de manutenção, com dosagens reduzidas ou similares (2-25 g por dia). Maiores ganhos são agora vistos no desempenho de um único esforço, sprints repetidos, e força (5-15%).
Teoricamente, a creatina pode afetar o desempenho através de um ou mais dos seguintes mecanismos: um aumento das concentrações de creatina e fosfocreatina nas células musculares em repouso, um aumento da taxa de ressíntese de fosfocreatina entre as séries de atividade; maior eficiência metabólica (menor produção de lactato, amônia e / ou hipoxantina); e adaptações melhoradas através de cargas maiores de treinamento. Suplementação de creatina durante o treino também pode promover maiores ganhos de massa magra.
Nem todos os estudos têm relatado benefício ergogênico da suplementação de creatina. A este respeito, uma série de estudos igualmente bem controlados indicam que a suplementação de creatina não melhora: simples ou repetitivos desempenho de sprint; trabalho realizado durante séries de contrações musculares com máximo esforço; força máxima, ou, exercícios de resistência submáxima. Além disso, um estudo mostrou que velocidade de corrida de resistência foi mais lenta, possivelmente por causa de um aumento da massa.
Composição Corporal
Alguns autores sugerem que a suplementação de creatina pode promover ganhos de massa magra do corpo durante o treinamento, mas ainda não se entende como ele funciona. As duas teorias predominantes são de que a suplementação de creatina promove a retenção de água e a síntese de proteínas. Mais pesquisas são necessárias antes que possamos ter certeza sobre a contribuição de cada um desses processos no ganho de peso.
Relatos de alguns treinadores e de atletas sugerem que a suplementação de creatina pode promover uma maior incidência de tensões musculares . Teoricamente, os ganhos de força e massa corporal podem colocar um estresse adicional sobre ossos, articulações e ligamentos. No entanto, nenhum estudo tem documentado um aumento da taxa de lesões após a suplementação de creatina, embora muitos destes estudos avaliaram atletas altamente treinados durante os períodos de treinamento pesado. Atletas, aparentemente, adaptam-se ao aumento da força, que é modesta e gradual.
A creatina extra é eliminada principalmente na urina, como creatina, com pequenas quantidades discriminadas e excretada como creatinina ou uréia. Nenhum estudo mostrou que a suplementação com creatina ocasionasse resultados em aumentos clinicamente significativos na lesão hepática ou insuficiência hepática.
Ética
Suplementação de creatina não é proibido, mas é uma prática nutricional que melhora o desempenho. Seria então antiético? Ninguém pensando sobre essa questão deve considerar que a suplementação de creatina é uma prática semelhante à de carregamento de carboidratos , que é bem aceita. Alguns também estão preocupados que a suplementação de creatina pode causar um efeito de transição, em que os atletas que aprenderam a tomar creatina são mais propensos ao uso de substâncias perigosas ou proibidas. Educação adequada entre os atletas, treinadores e formadores sobre práticas aceitáveis e inaceitáveis nutricionais é provavelmente a melhor maneira de reduzir qualquer transição.
Como usar Creatina
Um regime de carga típica para um atleta de 70 kg é uma dose de 5 g quatro vezes ao dia durante uma semana. Posteriormente, a dose pode ser reduzida para 2 a 5 g por dia, a fim de manter o conteúdo de creatina elevadas. Este protocolo de suplementação com creatina vai aumentar e conteúdo intramuscular de fosfocreatina e melhorar o desempenho de exercícios de alta intensidade. Agora há algumas evidências de que tomar glicose (100 g) com a creatina (5-7 g) aumenta a absorção de creatina no músculo. Por isso recomenda-se que os atletas devem tomar creatina junto com carboidratos (por exemplo, com suco de uva) ou ingerir suplementos de creatina que combinam a creatina com a glicose. Para os atletas que querem promover ganhos adicionais na massa corporal magra, recomenda-se 15-25 g por dia durante 1-3 meses. Espero que você tenha gostado desse texto.
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quinta-feira, 29 de março de 2012
Treino de força reduz pressão arterial em hipertensos
Portadores de hipertensão que realizaram treinamento de força (musculação) conseguiram reduzir a pressão arterial a níveis semelhantes aos obtidos por meio de medicamentos, revela pesquisa com a participação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.
O estudo comprova que o treino de força é seguro para os hipertensos, desde que com acompanhamento médico e de profissionais de atividade física. O trabalho também mostrou que a redução da pressão permanece por até quatro semanas após a interrupção do treinamento.
A pesquisa com hipertensos faz parte da pesquisa de Doutorado em Biofísica de Newton Rocha Moraes, realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), orientada pelo professor Ronaldo Carvalho e co-orientada por Reury Bacurau, professor do curso de Ciências da Atividade Física da EACH.
"Na literatura científica há vários estudos que mostram o efeito positivo do exercício aeróbio, como corridas e natação, no controle da pressão", diz Bacurau, "mas o benefício da musculação era pouco conhecido".
Participaram do estudo 15 homens com hipertensão moderada, que utilizavam medicação, com média de idade em torno de 46 anos. Durante seis semanas antes do início do treinamento, com supervisão médica, os medicamentos foram gradativamente retirados.
"Os pacientes eram examinados periodicamente e não tinham nenhuma outra doença crônica, como diabetes", aponta o professor da EACH.
Os exercícios foram realizados durante 12 semanas, trabalhando sete grupos musculares (abdômen, pernas, parte interna e externa das coxas, ombros, biceps e tríceps) três vezes por semana, em dias não consecutivos.
"Apesar do treino ser o mesmo que é voltado para iniciantes, os participantes realizavam musculação convencional, ou seja, três séries em cada aparelho com carga moderada, e não em circuito, mudando de aparelho a cada série, com carga baixa", ressalta Bacurau.
Com o treinamento, a média de pressão dos pacientes, que era de 153 milímetros (sistólica, associada ao bombeamento de sangue pelo coração) e 96 milímetros (diastólica), caiu para 137 milímetros (sistólica) e 84 milímetos (diastólica).
"A redução está no mesmo patamar que é obtido com a medicação", destaca o professor.
Redução
De acordo com Bacurau, esperava-se uma redução média da pressão em torno de 5 milímetros, o que já seria considerado um resultado satisfatório. "No entanto, esse indice foi de aproximadamente 13 milímetros, o que comprova o efeito positivo do treinamento de força", observa.
Depois do final do período de treino, os pacientes foram acompanhados durante quatro semanas.
"Verificou-se que eles mantinham o mesmo efeito de queda da pressão registrado durante o tempo de realização dos exercícios", afima o professor da EACH.
"Este resultado é imporante, porque serve como estímulo ao hipertenso a continuar com a musculação, ajustando o treinamento às suas necessidades de vida".
A pesquisa também mostrou que os participantes tiveram aumento da força física e da flexibilidade.
"Há uma tendência de que a pressão aumente conforme a idade, numa fase em que as pessoas tem mais dificuldade para se movimentar e menos força para executar até tarefas simples", afirma Bacurau.
"Antes se acreditava que a musculação poderia ser perigosa para os hipertensos pelo risco de problemas cardíacos, mas hoje as pesquisas mostram seu potencial na redução de problemas cardiovasculares".
O professor recomenda que as pessoas interessadas em fazer treinamento de força procurem orientação de médicos e profissionais de atividade física.
"O ideal é fazer mais de um tipo de exercício, realizando também atividades aeróbias, que já tem efeito comprovado no controle da pressão arterial, além de outros benefícios", conclui. Espero que você tenha gostado desse texto.
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Exercício é tratamento para cardíacos
Sandra Dias Nascimento, 50 anos, infartou há um ano. Estranhou ao sair do consultório médico com um receituário que, ao lado das prescrições de medicamentos, dizia: "Exercício físico três vezes por semana com intensidade leve a moderada".
Para pacientes com doenças coronarianas, o exercício é tratamento recomendado pela American Heart Association (Associação Americana do Coração) e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e prescrito como remédio.
"Fazer exercícios é tão importante quanto o tratamento clínico e deve ser usado como quem toma um medicamento. A prescrição deve ser seguida à risca", explica a cardiologista Isa Bragança, diretora da Cardiomex, academia voltada a pacientes cardíacos.
Teste: seu coração está em risco?
Depois de um evento cardíaco, o paciente pode começar o tratamento assim que for liberado pelo médico, o que deve acontecer em um mês. No entanto, nos seis primeiros meses é necessário supervisão médica.
"O especialista vai acompanhar de perto toda e qualquer atividade realizada nesse período. Passada essa fase, uma nova avaliação deve ser feita e, dependendo da condição física da pessoa, uma atividade será indicada", avalia Nabil Ghorayeb, cardiologista do Hospital do Coração e do Dante Pazanezzi, em São Paulo.
Apesar de a prescrição ser individual e personalizada, o médico especializado em cardiologia do esporte alerta para práticas não recomendados para pacientes cardiopatas.
"Esportes com choques corporais como lutas ou mesmo futebol, por exemplo, não são indicados. Natação, caminhada ou ciclismo podem ser opções muito boas e eficientes", opina.
Com a melhora na capacidade aeróbica, há melhora no aporte sanguíneo. A frequência mínima para que os benefícios sejam alcançados é de três vezes por semana, aconselha Bragança.
"Eu tenho pacientes que fazem mais vezes por semana, mas é preciso ter uma boa condição física, a pessoa não pode ficar cansada ou exaurida", diz.
Sandra, que se autodefinia "sedentária desde que nasceu", mudou radicalmente a rotina e hoje inclui uma hora de caminhada diária na companhia de amigas.
"Faço a minha parte e ainda incentivo outras mulheres. Elas ainda podem evitar problemas no coração e não precisam passar pelo susto que passei", relata. Seu grupo percorre as ruas da Lapa, onde mora, e hoje reúne 10 mulheres.
Prevenção
De acordo com o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 29,4% de todas as mortes registradas no País em um ano. Isso significa que mais de 300 mil pessoas morreram vítimas principalmente de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
O exercício não é apenas o remédio para quem já está com problemas, mas também a possibilidade de evitar as doenças cardiovasculares.
Um estudo realizado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard, em Boston, já demonstrou que pequenas sessões de exercício – cerca de 150 minutos, ou 2,5 horas, de atividade moderada por semana – podem reduzir o risco de doença cardíaca em aproximadamente 14%. Além disso, a prática pode diminuir os efeitos do sal no organismo e gerar um efeito protetor constante para quem tem pressão alta.
"Nunca é tarde para começar a atividade física. A pessoa com boa capacidade funcional tem até 8 vezes menos chance de ter uma complicação cardíaca", alerta Isa Bragança.
Nabil Ghorayeb completa: "é preciso colocar a atividade física na agenda, jovem ou não, seja para se prevenir de evenbtos cardíacos ou para se recuperar."
Dicas para se exercitar com segurança:
- Converse com o seu médico sobre quais atividades são mais indicadas para o seu caso
- Todo exercício deve ser alternado com períodos de descanso
- Atividades de impacto são desaconselhadas, prefira natação, caminhada ou ciclismo
- Cuidado com temperaturas extremas (como muito calor ou muito frio), porque elas podem interferir na circulação sanguínea
- Mantenha-se sempre hidratado, não espere sentir sede para beber água Espero que você tenha gostado desse texto.
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terça-feira, 27 de março de 2012
Pular corda: uma possibilidade biopsicossocial na educação fisica escolar
1 INTRODUÇÃO
Pensar em algum tipo de intervenção na prática pedagógica da Educação Física Escolar é imaginar que um conhecimento pronto, acabado, geralmente gerado na academia, e fazer com que os professores utilizem em seu dia- dia.
Da mesma forma, pensar em pesquisa na escola significa, em ir ao local de trabalho dos professores e aplicar entrevistas, questionários, filmar ou fazer algum experimento e, depois, esquecer o que foi feito, sem ao menos retornar os resultados da pesquisa aos mesmos.
Por outro lado, é impossível pensar no aumento do conhecimento sem refletir em se produzir pesquisas. A qualidade do ensino e da formação do professor depende não de forma exclusiva, mas da melhoria da qualidade das pesquisas educacionais. Também não faz sentido pesquisar apenas em laboratórios, é necessário o conhecimento da realidade para que se possa dar conta da complexidade do contexto escolar. Portanto, faz-se necessário uma nova forma de se ver o universo tanto educacional, quanto da pesquisa em educação.
No mundo atual contemporâneo e globalizado tem surgido várias propostas que buscam a compreensão do processo de ensino, objetivando sempre melhorar sua qualidade. O presente trabalho busca resgatar a cultural infantil dentro da escola. Razão pela qual, discordo sobre o jogo, a pluralidade cultural do jogo, a importância dos jogos tradicionais, o desenvolvimento das habilidades motoras e das qualidades físicas no jogo de pular corda, bem como a função das ladainhas dentro do contexto escolar.
- 2. JUSTIFICATIVA
Tendo em vista que a educação física se faz necessária na realidade do mundo contemporâneo, onde as características principais são a globalização e a competitividade no mercado de trabalho, torna-se de fundamental importância uma formação que se articule com a realidade social de nosso estado onde o ponto de partida deve ser a pesquisa. O ato de investigar deve estar presente em nossa formação. Entretanto, o profissional de Educação Física deve ter várias competências ao término de sua formação acadêmica tais como: Planejar, Aplicar e Avaliar suas atividades profissionais. Evidentemente que para tanto deve preparar-se buscando conhecimentos que o fortaleçam enquanto profissional. O presente estudo visa observar o desenvolvimento da criança dentro do ambiente escolar a partir das brincadeiras e dos jogos de pular cordas, e, através desses jogos são desenvolvidas as habilidades motoras nas quais são essas habilidades, e ainda durante o jogo de pular cordas ajuda na contribuição para o desenvolvimento da organização espaço-temporal da criança. Assim o que fica em evidencia nos dias atuais é que em nossa sociedade existe um amplo esquecimento e abandono dessas atividades recreativas, assim levando que vários fatores podem ser apontados para esse acontecimento.
Segundo CATUNDA-2005, (…) do processo de desvalorização das brincadeiras de rua. Os fatores que influenciam esse processo são vários, como: diminuição do tempo de brincar, sumiço do espaço público onde as crianças possam reunir os grupos, a violência dos centros urbanos, a TV, o brinquedo eletrônico, computador, e entre outros, o fato de os profissionais de educação física, na escola, ao valorizarem excessivamente o conteúdo esporte, esqueceram a cultura do brincar, que também é conteúdo rico a ser trabalhado nas aulas.
Buscando refletir a partir da realidade de nossa sociedade, acredito que a escola é o ambiente ideal para o desenvolvimento destas atividades, favorecendo o resgate cultural infantil e tornando as atividades recreativas presentes no atual contexto escolar.
Acredito dessa maneira que o pular corda, dessa maneira, assim envolvendo a parte biopsicossocial das crianças possam ter um resultado em que muitas dessas crianças vão ao fazer essa atividade pode-se melhorar em seu rendimento físico e social, trazendo vantagens, como o resgate dos jogos tradicionais, pois uma brincadeira pode influenciar outra, assim como também as ladainhas no pular corda, dessa forma através de um bom trabalho pode-se melhorar a existência de vida e com isso trazendo uma melhor forma física, mental e social.
- 3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Resgatar a cultura infantil nas aulas de educação física na Escola através de atividades lúdicas utilizando o jogo de pular corda, embalado pelas ladainhas.
3.2 Objetivos Específicos
- Resgatar os jogos tradicionais dentro da escola.
- Melhorar a parte biopsicossocial dos alunos dentro da escola.
- Através das brincadeiras tradicionais irá haver um resgate cultural.
- 4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Pular corda: uma possibilidade biopsicossocial na educação física escolar
Jogos e brincadeiras fazem parte da vida de muitas crianças, assim YANKA OLUSOGA (2011) diz que todas as crianças pequenas têm uma necessidade biológica de brincar e através das brincadeiras elas se desenvolvem cognitivamente, física e socialmente.
(…) O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremente consentidas, mais absolutamente obrigatórias, dotados de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de um ser diferente da vida quotidiana (HUIZINGA-2005).
O que se observa é que temos grande dificuldade em diferenciar brinquedo, brincadeira e jogo na nossa língua, entretanto, devemos ter consciência do que representa o entendimento de cada uma dessas palavras para a Educação Física. A partir do jogo, também podemos observar se ele é regrado, se é prazeroso, se quem o pratica está fora da realidade, sem obrigação. Desse modo o jogo tem essa idéia de limites, libertação e invenção. Contudo, ainda tem um ponto a ser comentado que é: o jogo torna fácil o que era difícil, ou seja, com ele a criança aprende e tem a possibilidade de superar seus limites.
"O jogo é uma categoria maior, uma metáfora da vida, uma simulação lúdica da realidade, que se manifesta que se concretizam quando as pessoas fazem esporte, quando lutam, quando fazem ginástica, ou quando as crianças brincam", (FREIRE & SCAGLIA,-2003,pg. 93).
4.2 Brincar, aprendizagem para a vida.
Através dos jogos e de brincadeiras, pode-se afirmar que a cada passo que se dá, é uma passo que não pode ser mais retirado, assim com as atividades realizadas existe um melhoramento de habilidades e vertentes psicomotoras e sociais de cada criança, ou seja, com o tempo que essa criança aprende uma habilidade pode-se ver também que leva para sua vida, assim quando aperfeiçoa o pular corda melhora em outras atividades para sua vida.
Segundo PAM JARVIS E JANE GEORGE (2011), descobriu que as crianças que fizeram lanços fortes de amizades nos primeiros anos eram emocionalmente mais resistentes ao longo da transição para o Ensino Fundamental, e se acostumavam mais confortavelmente com as exigências acadêmicas do ensino formal.
Assim, as crianças para terem uma melhor aprendizagem e socialização muitas das vezes mesmo com a deficiência de segurança muitas delas vão parar na rua para realizar brincadeiras, mas de qualquer forma o pular corda mesmo com baixa influencia nas atividades infantil acaba entrando no meio, ocasionando maior risco a essas crianças, mesmo assim pode-se notar que elas possuem um maior beneficio psicossocial entre elas, porém nem todas as crianças podem ter absorver isso, mas no fim a brincadeira acaba ajudando depois em muitas outras atividades físicas.
"JARVIS (2011, pq. 24), crianças da Educação Infantil que são populares entre seus colegas lidam habilmente com a sociedade playground, reconhecendo como petentemente propostas de outras crianças que buscam brincadeiras duras e brutas".
Os jogos e brincadeiras variam de região entre região, e mesmo assim mantém sua essência, em uma forma e poesia. Assim uma das principais variações dessas brincadeiras é a letra das canções e o próprio nome dos jogos, mas podemos observar em nosso país que é uma grande riqueza desses jogos e brincadeiras, assim que uma vez que temos descendência portuguesa, negra e indígena. Julgando aos profissionais de Educação Física, o jogo faz parte de seu conteúdo programático principalmente como estratégia e neste sentido cultural colabora para que seja passado de geração em geração contribuindo para a cultura da criança, assim o pular corda em crianças entra em uma parte geneticamente que é necessário ter uma forma física que proporcione essa atividade.
- 5. O JOGO TRADICIONAL INFANTIL
Está ligado ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. Está ligado à cultura popular e manifesta a produção espiritual de um povo em certo período histórico. Essa cultura não oficial, desenvolvida especialmente de modo oral. Esta sempre se renovando, incorporando criações anônimas de gerações para gerações. Não se conhece a origem desses jogos. Seus criadores são anônimos sabe-se, apenas, que são provenientes de práticas abandonadas por adultos. A tradicional idade dos jogos assenta-se no fato de que povos distintos e antigos como os da Grécia do oriente brincavam de amarelinha, empinar papagaios, jogar pedrinhas e hoje ainda se vêem crianças realizando quase da mesma maneira.
Uma das características principais dos jogos tradicionais é preservar em sua estrutura inicial, outros se modificam e recebem novos conteúdos. Sua função, enquanto manifestação espontânea da cultura popular é perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social.
O jogo tradicional infantil é um tipo de jogo livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de fazê-lo. Por pertencer a categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, o jogo tradicional infantil tem um fim em si mesmo e preenche a necessidade de jogar da criança. Das brincadeiras acompanham a dinâmica da vida social permitindo alterações e criações de novos jogos (KISHIMOTO, 2003).
A escola por excelência é um ambiente de cultura e os jogos tradicionais não são uma atividade do passado ou de futuro, mas de presente, por este motivo é primordial para educação física escolar.
Segundo IVIC & MARJANOVIC EM KISHIMOTO 2003, apontam pelo menos cinco hipóteses que justificam o emprego dos jogos tradicionais na educação:
- os jogos tradicionais, por estarem no centro da pedagogia do jogo, devem ser preservadas na educação contemporânea;
- o brincar, como componente da cultura de pares, como prática social de crianças de várias idades, não pode ser deslocado para um tipo de escolarização em que predomine apenas relações criança-adulto;
- jogos tradicionais podem representar um meio de renovação da prática pedagógica nas instituições infantis, bem como nas ruas, férias, etc.;
- os jogos tradicionais são apropriados para preservar a identidade cultural da criança de um determinado pais ou imigrantes e;
- ao possibilitar um grande volumes de contatos físicos e sociais, os jogos tradicionais infantis compensam a deficiência de crianças residentes em centros urbanos, que oferecem poucas alternativas para tais contactos.
Historicamente as brincadeiras infantis têm íntima relação com a evolução das novas condições de vida. Hoje a industrialização e a urbanização alteram o cenário das grandes cidades, acabando com os grandes espaços públicos ideais para manifestação da expressão lúdica infantil, levando ao esquecimento grande parte da bagagem cultural infantil.
- 6. AS HABILIDADES MOTORAS BÁSICAS NECESSÁRIAS PARA PULAR CORDA.
No jogo tradicional de pular corda esses movimentos locomotores fundamentais envolvem a projeção do corpo no espaço. São eles: caminhar, correr e saltar.
A caminhada tem sido muitas das vezes definida como um processo de perder e de recuperar o equilíbrio continuamente, enquanto nos movimentamos para frente, em posição ereta. O padrão de caminhada tem sido extensamente estudado em bebes, crianças e adultos (GALLAHUE & OZMUN 2003).
A corrida é uma forma exagerada de caminhada. Difere desta porque existe uma breve fase de elevação em cada passada, na qual o corpo fica fora de contacto com a superfície de apoio (GALLAHUE & OZMUN 2003).
Elevar-se do chão imprimindo ao corpo um impulso mais ou menos rápido; saltar é um movimento exclusivo que requer o desempenho coordenado de todas as partes do corpo. Trata-se de um padrão motor complexo (…) (GALLAHUE & OZMUN 2003).
No trabalho com crianças, estas habilidades motoras básicas são realizadas espontaneamente por cada criança, são movimentos que podemos potencializar no ensino fundamental e mais, trazer para as aulas atividades que busquem desenvolver o potencial já existente em cada um de nossos alunos.
6.1 Valências físicas básicas do pular cordas
Devemos ter atenção especial ao que se refere às qualidades físicas básicas, pois elas são extremamente importantes no desenvolvimento infantil, e algumas podem ser desenvolvidas a partir do jogo de pular corda embalados pelas ladainhas.
Segundo TUBINO & MOREIRA 2003:
- A agilidade é a qualidade física que permite mudar a posição e/ou a trajetória do corpo do menor tempo possível;
- A força é a qualidade física que permite um músculo ou um grupo de músculos produzir uma tensão e se opor a uma resistência;
- A velocidade é a qualidade física particular dos músculos e das coordenações neuromusculares que permite a execução de uma sucessão rápida de gestos, em seu encadeamento, constituem uma só e mesma ação, de uma intensidade máxima e de uma duração breve ou muito breve;
- O equilíbrio é a qualidade física conseguida por uma combinação de ações musculares com um propósito de assumir e sustentar controladamente a posição do corpo;
- A coordenação é a qualidade física que permite controlar a execução de movimentos, por meio de uma integração progressiva de cooperações intra e inter musculares, favorecendo uma ação com uma máxima de eficiência e economia energética;
- A resistência é a qualidade física que permite um continuado esforço durante o maior tempo possível;
- A flexibilidade é a qualidade física que condiciona a capacidade funcional das articulações a movimentarem-se dentro dos limites ideais de determinadas ações;
- O é a qualidade física explicada por um encadeamento de tempo, um encadeamento dinâmico-energético, um sincronismo de tensão e de repouso, em fim, uma variação regular com repetições periódicas.
As valências físicas durante o pular corda envolve a coordenação motora de toda a criança.
7. LADAINHAS
Ladainhas para saltar cordas são melodias curtas que marcam o da batida das cordas e definem o número de saltos que cada criança tem que dar. Ajuda desenvolver o rítmo, quando as ladainhas são feitas em cordas coletivas existe o ajuste do individual ao do grupo, ou seja, aquela que salta com daquelas que giram à corda, desenvolve as habilidades motoras de saltar e correr, e ainda as qualidades físicas de agilidade e coordenação motora.
Ladainhas para saltar cordas na aula de Educação Física são precisas para o desenvolvimento da orientação tempo e espaço veja, por exemplo: quando a criança vai entrar na corda e faz aquele movimento de espera da batida da corda, ela está esperando o melhor tempo para sua entrada na corda e também está calculando a distancia que ela tem que percorrer para que ela possa fazer o movimento com desenvoltura e para sair da corda esses movimentos também terão que ser obedecidos, também vale dizer que todo esse movimento envolve cooperação entre as que saltam e as que giram a corda.
Segundo LE BOULCH 1987, Os exercícios de coordenação global situam-se ao nível do vivido e da experiência imediata; o mesmo ocorre com os jogos. O espaço é, neste nível, objeto de uma percepção direta em função da ação e não de uma representação mental.
- A apreciação das direções, a orientação no espaço.
- A relação entre o corpo e os objetos, entre o corpo e as pessoas, colocam o problema de sua orientação recíproca;
- A apreciação das distâncias – a visão.
- A possibilidade de localizar um objeto no espaço em função de nossa ação implica, além da apreciação de sua direção, a avaliação de sua distância;
- Localização de um objeto em movimento.
Quando o objeto se desloca, as relações espaço-tempo resultantes implicam:
- A apreciação da trajetória descrita pelo móvel no espaço;
- A apreciação de sua velocidade e, eventualmente, a previsão de sua posição nos movimentos subseqüentes.
O professor amplia, ou seja, pede para a criança criar em cima, acrescenta coisas novas e sistematiza na medida em que ele tem o compromisso com a complexidade, ele vai buscando tarefas mais complicadas em cima daquelas que as crianças já apresentam com vistas ao desenvolvimento do domínio motor, domínio afetivo e domínio cognitivo.
Quero lembrar que a educação física não é só desenvolvimento motor, implica no desenvolvimento também do domínio sócio-afetivo, da comunicação que nada mais é do que o diálogo e o diálogo é a representação da comunicação. Em ladainhas em que ocorre o diálogo, ou seja, a verbalização da brincadeira a comunicação está presente.
O professor também tem que buscar a competência, então na medida do possível ele vai procurando complicar a brincadeira incluindo movimentos novos como é o caso daquela ladainha "senhoras e senhores…"(vide anexo).
Na verdade a escola deve ser uma escola alegre, a escola que sonhamos é uma escola na qual a criança aprende se divertindo.
As ladainhas para saltar cordas têm essas características lúdicas, mas, elas não são uma coisa nova, são passadas de geração para geração, de pais para filhos e de crianças para crianças. Alem disso, a um exercício da cooperação à medida que as crianças se ajudam mutuamente na brincadeira, o dialogo acontece e são verdadeiras comunicações íntimas, a música auxilia na realização do salto e tudo isso é movimento, o movimento é a essência da educação física. É importante salientar ainda a maneira em que o professor propõe a brincadeira, estimulando a participação das crianças e aproveitando sugestões delas.
Para melhor conhecer a criança é preciso aprender à vê-la. Observá-la enquanto brinca: o brilho dos olhos, a mudança de expressão do rosto, a movimentação do corpo. Estar atento à maneira como desenha seu espaço, aprender a ler à maneira como escreve a sua história. (Moreira em Oliveira-1997).
O professor na prática deve desenvolver esse raciocínio, tornando a aula bastante ativa, bastante interessante e ajudando a criança a apreender. A principal atividade da criança é brincar. Essa necessidade da criança de se movimentar não se acaba ao entrar na educação básica.
A escola e especialmente a educação física devem estar preocupadas em abrandar essa passagem brusca da educação informal para educação formal, devem oferecer oportunidades em situações na qual a criança possa exercitar o conhecimento que ela já tem, ou seja, os jogos e as brincadeiras que representam parte do que nós aqui chamamos de bagagem cultural infantil. Cabe ao professor, buscar neste universo infantil da criança, situações em que possa ser aproveitada sua realidade infantil e assim ampliar e sistematizar suas atividades, buscando sua integração na escola, como também sua socialização e acredito que é esse o fim da educação física de hoje, aquela educação física na qual a criança aprende brincando, se divertindo, construindo conceitos e descobrindo o mundo.
Este relacionamento com o mundo esta pautado principalmente em dois grandes fatores, diretamente ligado à sensibilidade, à percepção, à integração entre as funções biológicas, sociais e intelectuais do individuo, Assim as ladainhas, mas conhecidas no Brasil são:
- 1. Batalhão… Lhão-Lhão quem não entra é um bobão! Abacaxi… Xi-Xi, quem não sai é um Saci!
- 2. Salada saladinha bem temperadinha com sal, salsa e cebolinha… 1, 2 e 3! (foguinho).
- 3. Salada saladinha, feijão com pimenta na hora da janta não tem quem aquenta 1,2,3… (foguinho);
- 4. Com quantos anos você quer casar?… Com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10;
- 5. Qual a letra do seu namorando? a, b, c, d, e… x, y, z!
- 6. Um homem bateu em minha porta e eu abri… Senhoras e senhores ponham a mão no chão, Senhoras e senhores pulem com um pé só, Senhoras e senhores dêem uma rodadinha… E vá pro olho da rua!
- 7. Com quem pretende casar com loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, patrão, soldado, ladrão, 1, 2, 3.
- 8. Com quem pretende casar com loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, patrão, soldado, ladrão, estrelinha1, estrelinha 2, estrelinha 3.
- 9. Ai, ai… Que tem? Saudade! De quem? Do cravo, da rosa, da vovó cheirosa, da Ingrid gordinha do meu coração.
- 10. Tom, tom… Quem é? Padeiro! Me dá todo seu dinheiro.
- 11. Subi quebrei o galho, Me segure, "fulana" Senão eu caio. Numa roseira.
8. METODOLOGIA
Os métodos utilizados para a realização deste projeto foi de leituras de livros e artigos de revistas, textos e aulas ministradas durante o período da minha graduação, assim buscando identificar, descrever e analisar a utilização dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento psicomotora na educação física escolar, a fundamentação teórica estar baseada em alguns autores, experiências , pesquisas e estudos sobre a brincadeiras e jogos tradicionais. Contribuindo para visitas técnicas a onde se aplicam jogos e brincadeiras na vivência escolar para ver aplicabilidade pedagógica. E no desenvolvimento todo trabalho de pesquisa pude estar entrando em contato com o lado clínico da psicopedagogia e isso ajudou- me muito, pois também pude estar vendo o grau de importância que os jogos e brincadeiras têm no tanto em crianças ditas "normais" quanto em crianças com limitações especiais, o quanto o jogo e as brincadeiras podem ajudar no todos desenvolvimentos afetivos, cognitivos, motor e psicológico de uma criança.
9. CONCLUSÃO
O trabalho exposto busca a reinserção do jogo tradicional de pular corda na Educação Básica, a qual tem o seu brilho minimizado em face do desenvolvimento do mundo contemporâneo que se destaca tecnologicamente a cada dia, maximizando a tecnologia e a comunicação, ofuscando dessa maneira a cultura infantil. Vislumbra elucidar que todo o desenvolvimento infantil podem ser observados e aprimorados de forma saudável através das características da segunda natureza, isto é, a cultura humana, uma vez que o jogo tradicional de pular corda é extremamente: flexível, plástico, motor e mutável a cada instante da brincadeira.
A idéia geral do "projeto" foi tão somente resgatar a cultura infantil dentro das aulas de Educação Física no ensino das crianças. Onde primei por um dos ícones da ludicidade "o pular corda". Nele eu descobri algumas sugestões gerais que podem tornar possível à presença do jogo citado no planejamento das aulas de Educação Física.
O projeto mostra a nostalgia do jogo de pular corda, assim embalado pelas ladainhas, que do meu ponto de vista é saudoso e saudável. Entretanto, é evidente que com a globalização temos que aprender a conviver com as mudanças, pois não será possível acompanhar o jogo das crianças do futuro se não enxergarmos a evolução de um modo amplo dentro de sua generalidade.
Nós professores temos a missão de participar do desenvolvimento dos nossos alunos, e não podemos deixar de usar um elo para com eles nos ligarmos, assim aumentando as atividades de pular corda e ladainhas para valorizamos mais a cultura infantil dentro das aulas de Educação Física, assim o pular cordas através de um âmbito biopsicossocial, entra na sociedade, ocasionando cidadões, além de fortalecer a fisiologia da criança, assim como também melhorar suas habilidades neurológicas dessas dentro da escola, ajudando de tal maneira ao desenvolvimento social, para que possa viver na sociedade.
10. REFERENCIAS
BROCK, DODDS, JARVIS, OLUSOGA. Brincar, Aprendizagem Para Vida, Avril Brock, Sylvia Dodds, Pam Jarvis e Yinka Olusoga, Porto Alegre (RS) – Penso, 2011.
CATUNDA, Ricardo Brincar, Criar e Vivenciar na Escola / Ricardo Catunda – Rio de Janeiro: Sprint 2005.
DARIDO & RANGEL Educação Física na Escola: Implicação para Prática Pedagógica / Suraya Cristina Darido & Irene Conceição Andrade Rangel. Rio de Janeiro Guanabara Koogan, 2005.
FREIRE & SCAGLIA: Educação como prática do corporal / João Batista Freire, Alcides José Scaglia. – São Paulo: Scipione, 2003.
GONZÁLEZ & FENSTERSEIFER Dicionário crítico de Educação Física / Jaime Gonzáles & Paulo Evaldo Fensterseifer. – Ijuí: Ed. Unijuí – Rio Grande do Sul 2005.
KISHIMOTO, Tizuko Mochida O jogo e a Educação Infantil / Tizuko Mochida Kishimoto. São Paulo: Pioneira Thomson Learning 2003.
LE BOULCH, Jean –: Educação Psicomotora: Psicocinética na Idade Escolar / Jean Le Boulch; TRAD. De Jeni Wolff – Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
MEGALE, Nilza B. Megale. Folclore Brasileiro / Petrópolis, RJ. Editora Vozes, 1999.
OLIVEIRA, Gislene de Campos . Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico / Gislene de Campos Oliveira – Petrópolis, RJ ; Vozes, 1997.
SÁNCHEZ, MARTINEZ e PEÑALVER, Pilar Arnaiz Sánchez, Marta Rabandán Martinez e Iolanda Vivez Peñalver, A psicomotricidade na educação infantil uma prática preventiva e educativa / Porto Alegre, RS, Editora Artmed, 2003.
SCARPATO, Marta. Educação Física: Como Planejar as Aulas de Educação Física Básica / São Paulo, SP – Avercamp, 2007.
TUBINO & MOREIRA – Metodologia Cientifica do Treinamento Desportivo / Manoel José Gomes Tubino & Sérgio Bastos Moreira. – 13ª Ed. – Rio de Janeiro: Shape 2003.
HUIZINGA, J. Homo Luddens O Jogo Como Elemento da Cultura / São Paulo: Perspectiva, 2005.
LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho cientifica: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, publicações e trabalhos científicos. São Paulo. Atlas, 2010. Espero que você tenha gostado desse texto.Conheça os Manuais para Professor de Educação Física
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Educação Física Escolar e Promoção da Qualidade de Vida
No passado, nossos ancestrais mantinham um estilo de vida extremamente ativo. Comparando-se com as gerações atuais nossos antepassados possuíam grande dificuldade em manter-se vivos. Para se alimentar necessitavam da caça de animais muitas vezes maiores e mais fortes, para se aquecer precisavam extrair a madeira para fogueira. Não existia veículo algum que os levasse a lugares mais longínquos. Sendo assim, parece correto afirmar que a história da humanidade nos traz fortes indícios de que o início da espécie foi repleto de movimentos, exercícios até então involuntários ou não programados. O correr, o saltar e o arremessar parece ter sido fortemente presente e necessário à evolução humana.
Hoje em dia, os avanços tecnológicos facilitam cada vez mais a vida do homem que aos poucos vêm perdendo sua característica inicial de espécie ativa e rica em movimentos necessários para a sobrevivência. Exemplo disso, são as pessoas que percorrem distâncias curtíssimas a bordo de seus automóveis, deixando de caminhar ou correr. O trabalho manual e pesado vêm sendo substituído pelo simples apertar de um botão da máquina.
Se por um lado, a tecnologia e a industrialização facilitam nossas vidas e contribuem para o progresso social e econômico da civilização, por outro nos colocam a mercê de uma série de fatores de riscos relacionados ao estado de saúde.
Atualmente, em todo o mundo, discute-se sobre as altas taxas de mortalidade referente a doenças chamadas de crônico-degenerativas, como alguns tipos de câncer, dislipidemias e o diabetes mellitus (ROLLAND CACHERA et al., 1996; CERVATO et al., 1997; MONTEIRO et al., 2000; CARVALHO et al., 2001; FORNÉS et al., 2002 apud SOUZA, 2006) . Além disso, Guedes e Guedes (1995), caracterizam essas enfermidades como doenças hipocinéticas, de hipo+cinesia, sendo elas apresentáveis com maior freqüência em indivíduos com estilo de vida sedentário ou carente de atividades físicas. O termo apresentado pode ser traduzido da seguinte maneira: hipo..., prefixo de diminuição, grau inferior; cinesia, ciência do movimento, em suas relações com a educação, a higiene e a terapêutica (FERNANDES et al., 1992). Portanto, podemos entender as doenças hipocinéticas como as derivadas de falta ou diminuição dos níveis das atividades físicas, educacionais e suas relações com o ambiente. Em suma, o termo será apresentado no desenvolvimento deste trabalho como sinônimo das doenças crônico-degenerativas.
Contrariando essa perspectiva, a Educação Física aparece como uma das variáveis na promoção da qualidade de vida e da saúde, tendo papel importante na atuação escolar (NAHAS, 2001). Abastecido por essa crença, a presente pesquisa pretende apontar o papel da educação física escolar na educação motriz dos indivíduos, ainda no ensino fundamental, de forma à prevenir que crianças se tornem adultos sedentários e tenhamos que remediar todos os incômodos que um estilo de vida carente de atividade física possa causar.
Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de discutir e entender o que é, e como se atinge a qualidade de vida, e assim, inferir a Educação Física escolar como variável importante na promoção dessa qualidade, e por conseqüência, da saúde.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Depois de identificada a problemática que incentivou esta produção e a tematização da qualidade de vida e seus fatores de promoção, faz-se necessário entender e definir esse termo em suas relações com a saúde e a educação física como forma de prevenção dos distúrbios hipocinéticos.
2.1 Qualidade de Vida
Presentemente fala-se muito em "qualidade de vida", "qualidade em saúde", e "qualidade de produtos" (CORRÊA; GONÇALVES, 2004). Podemos também, acrescentar "qualidade em educação". Mas o que significa "qualidade"?
Buscando no Dicionário Brasileiro Globo (Fernandes et al, 1992), encontra-se como significado de qualidade: Aquilo que caracteriza uma coisa; propriedade; modo de ser; disposição moral; caráter; aptidão e etc. Portanto, ao abordar um dos temas citados, refere-se a forma com que ele se apresenta. Sendo assim, quando o assunto é qualidade de vida, estamos nos referindo ao modo com que conduzimos nossa vida. Logo, o enfoque de discussão deve ser em caráter de melhoria desse modo.
Manoel (2002), encara a qualidade de vida como algo muito complexo, não podendo ser analisada através de um enfoque singular, caso contrário compromete-se o entendimento do todo. Evidenciando-se um único elemento do sistema, a explicação se torna simplista, pois a modificação de um dos componentes pode originar mudanças drásticas e abrangentes ao sistema.
A psicologia do esporte trabalha esses conceitos e define o assunto da seguinte maneira:
A qualidade de vida reflete a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de alguém; isso enfatiza a experiência subjetiva mais que as condições objetivas de vida. A qualidade de vida ou "felicidade" é a abundância de aspectos positivos somada a uma ausência de aspectos negativos. Ela reflete também o grau no qual as pessoas percebem que são capazes de satisfazer suas necessidades psicofisiológicas". (BERGER; MCINMAN, 1993:729) apud (SAMULSKI, 2000:302)
Mendes e Leite (2004) avaliam a qualidade de vida como uma condição inteiramente individual, pois depende do panorama e das expectativas de vida de cada ser. Assim, o que pode ser considerado por alguém como uma vida de boa qualidade, pode não satisfazer outras pessoas que sentem-se felizes de outra maneira.
Semelhantemente, Samulski (2000) concluiu que a qualidade de vida é o resultado positivo do conjunto de condições subjetivas da vida de um indivíduo, considerando seu trabalho, sua vivência na sociedade, seu humor, sua saúde física e mental. Ele ainda certifica que o exercício físico influencia indiretamente a vida social das pessoas, e age diretamente na saúde física e no humor.
Podemos então, considerar que a perspectiva da qualidade de vida vem substituindo gradualmente a relação atividade física e saúde, incorporando o discurso às Ciências do Esporte e à Educação Física. Essa relação positiva é estabelecida entre atividade física e melhores níveis de qualidade de vida (ASSUNPÇÃO et al, 2005).
2.1.1 Definição de Saúde
Considerando Fernandes et al (1992), podemos definir saúde como sendo o bom estado do indivíduo, cujas funções orgânicas, físicas e mentais se encontram em situação normal; boa disposição do organismo; força; robustez; vigor.
Mendes e Leite (2004), acreditam que os vocábulos de saúde e qualidade de vida quase sempre se confundem, e apontam para a definição de saúde utilizada pela OMS como sendo uma condição de bem-estar não só do corpo, mas também espiritual, psicológico e social, compreendido entre boas relações com outras pessoas e com o meio ambiente, sendo que, segundo os autores, definiria bem a qualidade de vida.
Já Bouchard et al (1990) apud Guedes e Guedes (1997), afirma que a saúde deve, acima de tudo, ser compreendida como um estado total de bem-estar físico, social e psicológico, e não somente como ausência de doenças.
Efetivamente, existe maior conscientização para que se abandone o conceito empregado costumeiramente à saúde. Dentro desse entendimento, é visível que não basta apenas não apresentar nenhum quadro de enfermidade ou doença. É necessário apresentar indícios e evidências que afastem ao máximo os fatores de risco. Admitindo que as doenças hipocinéticas são resultantes de estágios mais avançados e que seus sintomas são quase sempre silenciosos, não se pode considerar, por exemplo, que um adolescente fumante possa se tornar um adulto saudável somente por não estar doente no momento. O mesmo acontece com crianças e adolescentes obesos; ou com problemas no desempenho motor; ou ainda, com índices de crescimento e desenvolvimento abaixo do esperado (GUEDES E GUEDES, 1997).
2.1.2 Fatores de Risco Contra a Saúde
A obesidade pode ser considerada como um dos maiores problemas hipocinéticos, sendo determinante para o indivíduo quanto aos seus fatores de risco, interferindo não só na qualidade, mas também na expectativa de vida (GUEDES; GUEDES, 2003). Souza (2006), afirma que esse quadro é causado por diversos fatores, como o gasto insuficiente de energia, a má alimentação, fatores ambientais e psicológicos estressantes e também a carga genética do indivíduo. Um sujeito obeso está predisposto a desenvolver alguns tipos de patologias endócrinas, metabólicas, respiratórias e cardiovasculares.
Segundo os Indicadores e Dados Básicos, conhecidos como IDB Brasil 2005, o diabetes mellitus corresponde a 20,95 % das mortes no país. Doenças do aparelho circulatório apresentam quadro ainda pior, representando 46,48 % dos óbitos, enquanto as neoplasias malignas, ou tumores, do sistema respiratório são responsáveis por 9,19 % (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). Isso nos mostra que as morbidades atreladas à obesidade e ao estilo de vida sedentário matam, no Brasil, mais do que os acidentes de trânsito ou qualquer outra causa, expressando cerca de 76,62 % das mortes, mais até do que as doenças transmissíveis.
O Senso brasileiro estima que a população brasileira seja de 186.770.562 habitantes (IBGE, 2006). A Organização Mundial da Saúde (OMS) assegura que 8% dos homens e 18% das mulheres brasileiras acima de 15 anos são obesos, ou seja, 48.560.346 habitantes. A estimativa para 2015 é extremamente assustadora, sugerindo que 17% dos homens e 31,5 % das mulheres brasileiras estarão sujeitos à obesidade e seus fatores de risco (WHO, 2005).
Já que todos os dados apontam para o crescimento no número de adultos obesos, hipertensos, diabéticos e etc, devemos procurar uma forma de prevenção para que as crianças de hoje contrariem essa expectativa, construindo um futuro mais saudável do que se espera.
Refletindo sobre os números e fatos, fez-se necessário questionar o porquê dessas moléstias, e estudar, como e quanto, a Educação Física pode prevenir, de maneira ativa e educacional, o surgimento dos distúrbios hipocinéticos tão nocivos aos homens, promovendo uma maior qualidade de vida.
2.1.3 Multidisciplinaridade e Qualidade de Vida
Diante dos conceitos aplicados, podemos perceber que o tema é extremamente amplo e envolve aspectos multidisciplinares. Devemos então, rapidamente entender o significado da multidisciplinaridade.
O Dicionário Interativo da Educação Brasileira (EducaBrasil, 2004) trata o contexto como sendo um conjunto de disciplinas trabalhando simultaneamente, sem expor as relações existentes entre elas. Na escola, representa a estrutura tradicional de currículo, fragmentado em várias matérias.
Como já comentado, o assunto em tese possui uma multiplicidade de fatores e variáveis interferindo direta e indiretamente em seu fim. A variável comportamental e sentimental da qualidade de vida, e da saúde, é estudada pela psicologia que, dentre seus diversos autores, possui os que relacionam o exercício e a saúde com o bem-estar psicológico (SAMULSKI, 2000). Há ainda, os que classificam saúde mental como relacionada aos aspectos cognitivos, e saúde emocional como sendo de entendimento subjetivo, trabalhando com os aspectos do humor, bem-estar e seus opostos (HACKFORT, 1994 APUD SAMULSKI, 2000).
Outro fator variável de suma importância no trabalho de promoção da qualidade de vida é a nutrição. Autores e estudiosos mais antigos têm revisado e reeditado suas obras acrescentando os conceitos de saúde e bem-estar, acreditando que com o passar dos anos o tema se tornou enfático e a relação de exercício, nutrição e saúde, cada vez mais direta (KATCH; MCARDLE, 1996). Outrossim, Fajardo (1998) comenta a importância de um bom café da manhã para o bem-estar diário, e orienta que a ingestão calórica está diretamente ligada ao seu gasto. Indivíduos que se alimentam pela manhã, raciocínam melhor e mais rápido no decorrer do dia, sendo mais eficientes e produtivos no trabalho e nos estudos. O autor ainda salienta que é preciso saber quando, como e o que comer, confirmando a importância da nutrição para a saúde e a qualidade de vida.
Já Assumpção et al (2005) levantam a questão social patente na discussão sobre a saúde e defende a contribuição das Ciências Humanas. Os autores deduzem que o assunto não deve ser tratado por variáveis exclusivamente biológicas, pois é preciso considerar os elementos culturais, sociais, políticos e econômicos, para então configurar o quadro do bem-estar. Da mesma forma, Filho et al (1997) já se preocupavam em entender os meandros causadores das doenças e os mecanismos que mantém a saúde, considerando que esses prodígios não se restringem às leis naturais, mas estão sujeitos a políticas de habitação, saneamento básico e emprego. Devido a esse objeto de enfoque, os autores aplicam a mesma importância, dada à realidade biológica, à histórico-social.
Á seguir, estará em discussão a Educação Física e a importância de sua aplicação na escola, como variável promotora da qualidade de vida.
2.1.4 Atividade Física, Aptidão física e Saúde na Escola
Atividade física tem como definição qualquer movimento corporal, voluntário, produzido pela musculatura esquelética, que resulte em um gasto energético maior do que os níveis de inatividade (CASPERSEN et al, 1985 apud GUEDES; GUEDES, 1995; NAHAS, 2001). Porém, não se deve confundir o uso da denominação de atividade física com exercício físico, mesmo apresentando elementos em comum. O exercício é considerado uma subcategoria da atividade física, assim como as atividades relacionadas ao trabalho profissional, o trabalho doméstico, os momentos de lazer e as horas de sono, refeição e higiene. Dessas subcategorias da atividade física, apenas as atividades esportivas e os programas de condicionamento físico é que podem ser considerados exercícios físicos (GUEDES; GUEDES 1995). A definição de exercício, segundo Caspersen et al (1985) apud Guedes e Guedes (1995), é que toda atividade física programada, repetitiva, com estrutura e objetivos definidos em prol a manutenção ou melhoria de um ou mais componentes da aptidão física, é considerada exercício físico. O fato é que ambos, quando devidamente aplicados de forma progressiva demonstram relações positivas com a melhora na aptidão física (GUEDES; GUEDES, 1995).
Nahas (2001), conceitua a aptidão física simplesmente como a capacidade de realizar atividades físicas, sendo essa uma característica que pode derivar de fatores de saúde, alimentação, fatores hereditários e principalmente da prática de exercícios físicos. Essa aptidão tem vital importância para a realização das atividades físicas, e também, para a manutenção e melhora da saúde. O autor traz ainda em seu trabalho, a definição dos componentes da aptidão física fundamentados na década de 1970, pela Aliança Americana para a Saúde, Educação Física, Recreação e Dança (AAHPERD). Os componentes são: Agilidade, Equilíbrio, Velocidade, Resistência Anaeróbia, Força e Resistência Muscular, Flexibilidade, Resistência Aeróbia e Composição Corporal, sendo que os quatro últimos itens são os componentes relacionados à promoção da saúde e, por consequência, melhora da qualidade de vida.
Embasados no conceito proposto pela OMS (1978), que entende aptidão física como a capacidade de realizar trabalho muscular de modo satisfatório, Guedes e Guedes (1995) afirmam que o indivíduo que apresenta boas condições de desempenho motor, quando submetido a uma posição de esforço físico, está apto físicamente.
Portanto, aptidão física ligada à saúde nada mais é do que a aptidão para a vida, incluindo elementos fundamentais para uma vida ativa, afastando-se dos fatores de risco das doenças hipocinéticas (NAHAS, 2001). Além disso, Pate (1988) apud Guedes e Guedes (1995) acrescenta que a aptidão física relacionada à saúde é a capacidade de realizar, com vigor e energia, as atividades do cotidiano, e confirma que bons níveis de aptidão física relaciona-se diretamente com baixo risco de desenvolvimento prematuro das doenças hipocinéticas. Guedes e Guedes (1995) salientam que a prática da atividade física influencia os níveis de aptididão física e vice-versa, além de estarem diretamente ligados ao estado de saúde recíprocamente. Parece claro afirmar, então, que um indivíduo que pratica atividades físicas regulares tenha uma boa aptidão física e que por isso será saudável. Estando ele saudável e apto físicamente, poderá desempenhar cada vez mais e melhor suas atividades. Guedes e Guedes (2003), colocam a atividade física como opção para quem se dispõe a controlar o peso corporal. Nahas (2001), considera a inatividade física uma das principais causadoras da morbidade mundial e discute a educação física na escola como base para a promoção de um estilo de vida ativo e saudável, ratificando a disciplina como uma das variáveis mais importantes na educação para melhores índices de qualidade de vida.
Supõe-se que na escola, os programas tradicionais de Educação Física geram por si só a melhora nos níveis de aptidão física, porém o uso de esportes formais, muitas vezes aplicados como conteúdo exclusivo e indiscriminado, pode acarretar desinteresse, ou mesmo a exclusão, dos menos habilidosos, ou dos menos aptos, menos dotados genéticamente, sendo esse grupo o que mais necessita dos benefícios da atividade física regular (NAHAS, 2001). Entretanto, até mesmo pesquisas mais antigas confirmam os benefícios dos programas de Educação Física escolar, no aumento do aproveitamento e aptidão física dos alunos. Nos anos 50, em Vanvres, cidade francesa, foi realizado um experimento denominado como educacional, pedagógico e esportivo, onde uma tuma de formandos, estudantes do período da manhã, realizavam exercícos programados no período da tarde, sendo que após as aulas de Educação Física era servida uma refeição nutritiva, para a reposição das energias gastas em atividade. A carga horária da época foi reduzida de vinte e sete horas e meia de estudo semanal, para vinte horas e quinze minutos, devido o encaixe dos programas de atividades físicas e exercícios. Ao final do ano letivo, os alunos foram avaliados e percebeu-se que mesmo com a diminuição da carga horária, o aproveitamento da classe experimental foi igual ao das demais turmas, consideradas normais. Além de desenvolverem seu plano intelectual, pois atingiram bom aproveitamento em menor tempo de estudo, desenvolveram no plano físico resultados extremamente positivos em termos de aptidão física, postura, atitudes mais firmes e maior capacidade atlética, inclusive com diminuição do absenteísmo estudantil por motivo de doenças. No plano psíquico, o experimento produziu estudantes mais calmos e atentos, diminuição da agressividade e maior compreensão dos conteúdos aplicados em sala de aula (FAJARDO, 1998).
Por outro lado, Farinatti (1995), considerando aspectos fisiológicos da criança, coloca em dúvida o aproveitamento dos programas de Educação Física escolar, como forma de melhorar os elementos da aptidão física. Romet (1981) apud Farinatti (1995), considera que as crianças tenham um impulso natural para serem ativas, não precisando de exercícios adicionais. Analisando o consumo de oxigênio (VO2 máx.) em criaças de 12 anos, observou-se que os mesmos só atingiam seu consumo acima de 70% de sua capacidade máxima por pequenos 20 minutos, considerado pouco tempo para um trabalho de treinamento da aptidão (ARMSTRONG et al., 1990 apudFARINATTI, 1995). Ainda, observa-se o insucesso da tentativa de aumentar as sessões de Educação Física escolar para crianças do 1° grau, onde as aulas tiveram pouco propósito em termos de treinamento físico (CALLESSEN et al., 1986 apud FARINATTI, 1995). Autores contemporâneos ao fracasso dessa tentativa associaram o resultado à elaboração equivocada dos programas de educação física, e a pouca participação dos alunos. Em crítica, consideraram que as atividades muitas vezes eram inadequadas à faixa etária, sendo que a criança se apresentava ativa por pequeno período durante as aulas, havendo um mau aproveitamento do tempo decorrente das mesmas (BAILEY, 1974; VARSTALA, 1979; SHEPHARD, 1982; KOFSKY et al., 1983 apud FARINATTI, 1995). Até mesmo um autor atual como Machado (2006) critica a preparação do profissional de Educação Física enquanto professor escolar, e enfatiza que, para que a Educação Física se transforme em ferramenta para mudanças sociais e de produção do bem-estar, é necessário que se reorganize seus métodos e conteúdos.
Todavia, Neto (1997) coloca como obstáculo para a prática da atividade física espontânea das crianças, alguns fatores sociais como as desordens atuais das grandes metrópoles. Os Videogames e a falta de áreas livres acabam induzindo aos hábitos do sedentarismo. Ele assegura ser de extrema necessidade a prática de atividades físicas regulares, portanto, sendo importante a inclusão de programas adicionais que as proporcione.
NAHAS (2001) acredita que a Educação Física Escolar deva servir de base educacional para uma vida mais ativa, utilizando conteúdos crescentes e proporcionando o conhecimento dos conceitos em torno da aptidão física e da saúde, considerando que o indivíduo levará o entendimento dos mesmos para o resto da vida. É importante atender não só as necessidades atuais, mas também, as futuras. Os conteúdos, além de ensinar como realizar, e porquê realizar, devem desenvolver um mínimo de habilidade motora, trazendo ao educando a sensação de competência, motivando-os a participar. A presença do lúdico também tem importãncia, uma vez que proporciona aos educandos prazer pela atividade proposta. Winnicott (1975) apud Queiroz e Martins (2002), fala da importância do brincar, por parte da criança como forma de se conhecer e se comunicar, sendo isso um fenômeno universal e próprio da saúde.
Essa abordagem, por parte da Educação Física escolar, é essencial para a formação de um estilo de vida ativo. Se a disciplina consistisse em prover exercícios para crianças, colocando-as a praticar apenas por praticar, a preparação dos professores seria diferente, deixando de justificar a existência de uma disciplina escolar para fins de melhora na aptidão física. Principalmente considerando que a prática dos esportes, com fim e si próprio, pode ser trabalhado fora das escolas (NAHAS, 2001).
2.2 Educação Física no Ensino Fundamental e suas Relações com a Qualidade de Vida
A área de trabalho da Educação Física é fundamentada no conhecimento e nas percepções que envolvem corpo e movimento. Porém, uma análise mais crítica e atual busca superar essa concepção e pede a consideração, também, das dimensões cultural, social, política e afetiva, presentes nas pessoas que convivem em movimento, como cidadãos. Foi pensando a Educação Física como disciplina complexa, que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) distinguem o organismo de corpo. O primeiro estritamente fisiológico, e o segundo que se relaciona dentro do contexto sociocultural (Brasil, 2001).
Atualmente existem várias opiniões que visam afastar o modelo antigo, fazendo surgir novas abordagens. Segundo os PCNs, as abordagens que ganharam maior repercussão a partir da década de 70, foram as denominadas de psicomotora, construtivista, desenvolvimentista e crítica (BRASIL, 1998). Uma abordagem mais recente, segundo Darido e Rangel (2005) é denominada como Saúde Renovada. Essa abordagem, possui um modelo linear ao enfoque deste trabalho, sendo relacionada à aptidão física em pról à saúde. Tem por objetivo informar, promover a prática programada de exercícios físicos, mudar atitudes dos educandos e a não-exclusão (BRASIL, 1999 apud DARIDO; RANGEL, 2005).
Partindo da abordagem de Saúde Renovada na Escola, nos aprofundaremos na questão, dos objetivos da educação física em meio ao ensino fundamental, e os poderes da disciplina na formação de cidadãos fisicamente ativos e distantes dos fatores de risco.
2.2.1 Objetivos gerais do Ensino Fundamental
Dentre os diversos objetivos do Ensino Fundamental, justificados pelos PCNs (Brasil 2001), destacamos o fragmento que direciona o foco ao desenvolvimento, do educando, frente ao conhecimento intrínseco de si mesmo, a confiança em suas capacidades físicas, afetivas, cognitivas, éticas e estéticas, além de sua inserção social e a inter-relação com o meio, agindo com tenacidade à procura do exercício da cidadania.
Apesar dessa fração de objetivos instituídos, apontar diretamente, entre diferentes atos, para o desenvolvimento das capacidades físicas da criança e do adolescente, outro trecho dos PCNs deixa ainda mais claro a participação da educação física atrelada à saúde:
"...conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;" (BRASIL, 2001:8).
Na sequência, os mesmos PCNs indicam a utilização da linguagem corporal, como forma de expressar, produzir e comunicar idéias, provando a importância da educação física nos quatro ciclos do Ensino Fundamental, já que a mesma é fudamentada no conheimento e nas percepções que corpo e movimento envolvem (BRASIL 2001).
2.2.2 Objetivos da Educação física no Ensino Fundamental
Abordando especificamente a aptidão física, propõe-se que a Educação Física escolar deve oferecer ao aluno parâmetros para a elaboração de conhecimentos sobre atividade física para o bem-estar e a saúde (DARIDO; RANGEL, 2005; NAHAS, 2001).
Os PCNs indicam, que de uma forma crescente, partindo do inicio do primeiro, ao final do quarto ciclo (1ª a 9ª série) do Ensino Fundamental, espera-se atingir através das aulas de Educação Física, que o aluno reconheça a si próprio e sua relação com o ambiente, que ele adote hábitos saudáveis, que ele conheça a amplitude dos padrões de saúde, beleza e estética (BRASIL, 2001).
3. METODOLOGIA
Este trabalho utilizou a metodologia da revisão de literatura, e utilizou para esse fim livros da área de Educação Física, Saúde Coletiva, Psicologia do Esporte e Nutrição, constantes do acervo da biblioteca do Centro Universitário Nove de Julho (Uninove), e da Universidade de São Paulo (USP). Foram utilizados também artigos científicos de internet, pesquisados através da biblioteca científica do Portal da Educação Física; dados estatísticos fornecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Instiuto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A coleta dos dados foi realizada durante o ano letivo de 2006 e inicio de 2007, compreendendo seus dois primeiros meses. Os autores citados na revisão bibliográfica trazem experiências estudas no Brasil e fora dele, desde a época de 50 até os dias atuais, sendo que o autor mais antigo, revisado neste trabalho, apresenta estudos de 1992.
4. DISCUSSÃO
O enfoque de discussão é a melhoria da qualidade de vida através dos programas de educação física escolar. Considerando Nahas (2001), a educação física pode e deve ser trabalhada no âmbito escolar com o objetivo de educar os indivíduos para um futuro saudável, compactuando com os PCNs (2001) que mostram tanto em seus objetivos gerais, quanto nos objetivos da disciplina em questão, que o aluno deve concluir o Ensino Fundamental com conhecimentos amplos sobre as questões de saúde e cidadania. Porém, o próprio Nahas, levanta o cuidado que se deve tomar com a aplicação dos esportes com fins próprios e de rendimento, para que se evite a exclusão dos indivíduos menos dotados de um bom acervo motor, assunto abordado também por Darido e Rangel (2005), que defendem uma abordagem geral, da concepção de movimento, corpo, cidadania, cultura e saúde, direcionada aos PCNs.
Apesar de Farinatti (1995) questionar os benefícios da Educação Física escolar em termos de benefícios à aptidão física, a maioria dos autores ressaltam a importância da prática de atividades físicas regulares para a manutenção e desenvolvimento da aptidão física, além de interferir diretamente nos aspectos de saúde e vice-versa (GUEDES; GUEDES, 1995; NETO, 1997; NAHAS, 2001).
Neto (1997), mostra bom discernimento ao comentar sobre os fatores sociais que envolvem as grandes cidades e que limitam as crianças quanto à prática de atividades informais, mas de devido gasto energético. Os estudos comentados e citados por Farinatti (1995) foram, em sua maioria, desenvolvidos durante as décadas de 70 e 80 e por isso não devem coincidir com a atual realidade mundial, contrastando, por exemplo, com o paradoxo social que o Brasil enfrenta nos dias de hoje, onde o governo, através de programas contra a fome, comentados por Souza (2006), tenta acabar com a desnutrição, principalmente infantil, no nordeste do país, enquanto as metrópoles são invadidas pelas redes de fast-foods que influenciam a má alimentação de jovens obesos. Recentemente, em 2006, a mídia brasileira notificou o país sobre seguidas mortes provindas de casos de anorexia, entre adolescentes do sexo feminino, sendo que todas elas tinham como profissão a carreira de modelo. As questões são: não seria realmente emprego da Educação Física escolar, por sua relação com os jovens, educar, orientar e discutir essas questões? Não são todas relacionadas à cultura corporal, à saúde, à qualidade de vida ética e estética? Se a função inicial da disciplina seria tratar dos assuntos pertinentes ao movimento e ao corpo, porque não entrar nesse debate dentro da escola?
Todavia, é bem provável que os professores ainda não tenham essa percepção e resistam ao uso dessa abordagem, ainda aplicando velhos métodos, como as aulas puramente esportivas, sem um cunho educativo para a prática diária.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final da discussão, chegamos à conclusão de que a educação física escolar tem importância na educação das crianças de hoje. Embora seja apenas uma das variáveis que podem e deveriam ser trabalhadas na escola, como a psicologia e a nutrição. A pesquisa deixa clara a relação da Educação Física escolar com a qualidade de vida e seus métodos de promoção, embora não seja, ainda, totalmente aplicada na realidade, ficando em muitos casos apenas na teoria.
Com essa pesquisa, espera-se que o assunto possa sera profundado, difundido e aplicado pelos profissionais da educação escolar, como forma de prevenir a presença futura das doenças hipocinéticas, educando a sociedade em geral, para um estilo de vida mais ativo e longe dos fatores de riscos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSUMPÇÃO, L. O. T; MORAIS, P. P.; FONTOURA, H. Relação entre atividade física, saúde e qualidade de vida: notas introdutórias. In OLIVEIRA, J. R. Saúde e atividade física: algumas abordagens sobre atividade física relacionada à saúde. Rio de Janeiro: Shape, 2005. P.31-49
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: educação física / Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3ª ed. Brasília: A Secretaria, 2001
CORRÊA, C. R. S.; GONÇALVES, A. Saúde coletiva, atividade física e qualidade de vida. In GONÇALVES, A. Conhecendo e discutindo saúde coletiva e atividade física. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 3-15
DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005
FAJARDO, A. Qualidade de vida com saúde total. 7ª ed. São Paulo: Sociedade Brasileira de Nutrição e Qualidade de Vida, 1998
FARINATTI, P. T. V. Criança e atividade física. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 1995
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