quarta-feira, 27 de julho de 2011

O que é Power Pool


Queimar calorias, tonificar os músculos e ter mais disposição no seu dia a dia de maneira dinâmica e aeróbica. Estas são as promessas do Power Pool. “Trata-se de uma hidroginástica mais puxada”, define a professora de Educação Física e especializada em esportes aquáticos, Carla Maria Santos da Silva.

Carla explica que na aula de 45 minutos, na qual ela segue um programa de exercícios pré coreografados com nove músicas conhecidas, ambos da Body System, cada um deles músicas tem a função de trabalhar uma área diferente do corpo. Desde o aquecimento, picos de intensidade, onde os batimentos cardíacos são mais elevados, até o relaxamento trabalha-se a musculatura em geral e os exercícios de suspensão são os únicos os quais utilizam material, como o macarrão.

O exercício é indicado a todas as pessoas, as que possuem algum problema como artrite ou de coluna necessitam de liberação médica, e no caso da terceira idade só é recomendado àqueles que sempre praticaram exercícios físicos, como no caso citado pela professora, “Eu tenho um aluno com mais de 60 anos e nada aqui há mais de 20. Ele fez uma aula quando nós lançamos um novo mix, adorou e hoje está fazendo aqui com a gente.”, diz .

O aposentado Kenji Tuzuki, 73 anos, que nada há mais de 20 confirma as palavras da professora, “Vim matar a curiosidade e gostei. O Power Pool veio complementar o que estava faltando depois que sai da musculação e fiquei fazendo apenas natação”, lembra.

A atividade além de queimar calorias e trabalhar a musculatura, melhora a capacidade cardiorrespiratória, coma afirma a aluna Bruna Mazzini da Silva, 20 anos, estudante de Educação Física, “Antes eu não fazia nada, e quando comecei aqui passei a ter mais disposição, melhorou meu condicionamento cardiorrespiratório, cardiovascular e me sinto mais disposta”.

Por Mariana Terra

Matéria publicada no Primeiro Texto - Jornal Laboratório do 3º semestre de Jornalismo (FaAC) - Manhã - Ano XIII nº 3 - 17 de Março 2010.
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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Malhação de madrugada

Muitas vezes com o corre corre do dia a dia as pessoas ficam sem tempo para fazer atividade física. Ou então trabalham em um horario que não é o usual, que a maioria trabalha. http://www.blogger.com/img/blank.gif

Para se exercitar, essas pessoas criaram um horário todo especial de malhação: a madrugada.

Veja nesse video uma reportagem que mostra pessoas que aderiram a esse horário para fazer a atividade física:



Vamos começar a praticar essa idéia?

Esse vídeo está no canal da Educação Físicaa no Youtube. Veja outros vídeos.
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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Congresso de Educação Física do Norte confirmado para setembro em Sinop

Será realizado em Sinop, de 1º a 3 de setembro, o 1º Congresso de Educação Física do Norte de Mato Grosso. Com o tema "Educação Física: uma questão de cidadania", iniciará com uma caminhada para marcar o dia do profissional da área, programada para o dia 1º com saída do Centro de Eventos Dante de Oliveiras, às 16h30.

Já a abertura oficial será às 19h30 do mesmo dia com palestra do professor Marcos Garcia Neira que abordará "a educação física na perspectiva cultural". Nos três dias os participantes poderão conferir palestras, oficinas, noites culturais e apresentações de trabalho que abordam o tema.

O evento será de maneira simultânea no Centro de Eventos, ginásio da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e no auditório de uma faculdade. De acordo com os organizadores, 500 profissionais da área estão sendo aguardados.

A programação prevê ainda:

Dia 2 de setembro
Local: Centro de Eventos
Horário: 07h30min às 11h
Palestrante: Ricardo Ortiz de Paris
Tema: Psicomotricidade, recreação e alfabetização nas aulas de Educação Física Escolar
 
Local: Centro de Eventos da APAE
Horário: 07h30min às 11h
Palestrante: Nagila Zambonatto
Tema: Esportes Adaptados (Goalball e Futsal)
 
Local: Fasipe
Horário: 07h30min às 11h
Palestrante: Samara Bittencourt Berger
Tema: Educação Física: O corpo e cognição
 
Apresentações de trabalho serão no períoco vespertino
Trabalhos Científicos, Relatos de Experiências e Exposição de Projetos (Banners e Posters).

Palestra
Local: Centro de Eventos
Horário: 19h às 22h30min
Palestrante: Evando Moreira
Tema: Esporte Educacional e Formação Humana
 
Noite Cultural – Social
Local: Rancho Universitário
Horário: 23h
 
Dia 3 de setembro
 Local: Centro de Eventos
Horário: 07h30min às 11h
Palestrante: Ricardo Ortiz de Paris
Tema: Psicomotricidade, recreação e alfabetização nas aulas de Educação Física Escolar
 
Local: Ginásio da APAE
Horário: 07h30min às 11h
Palestrante: Nagila Zambonatto
Tema: Esportes Adaptados (Goalball e Futsal)
 
Local: Fasipe
Horário: 07h30min às 11h
Palestrante: Samara Bittencourt Berger
Tema: Educação Física: O corpo e cognição

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terça-feira, 19 de julho de 2011

Celular vira personal trainer e ajuda a emagrecer

O tempo vai passando e os sedentários começam, literalmente, a sentir o peso de uma vida repleta de comodidade, proporcionada em grande parte pelos recursos tecnológicos que facilitam o dia a dia e nos prendem por horas em frente ao computador. Mas que tal contar com uma ajudinha da própria tecnologia para dar aquela aquela virada na rotina e obter grandes resultados para a saúde e aparência, como fizeram os nossos heróis Zeca Camargo e Renata Ceribelli no quadro "Medida Certa" do Fantástico?

Abaixo há alguns aplicativos para smartphones que auxiliam na organização do treino das mais diversas atividades físicas. São grandes aliados que estão virando uma verdadeira febre mundial, para ajudar a controlar tempo, quantidade e regrar os exercícios e, claro, divertir.

RunKeeper

Através da integração com o GPS do telefone celular (iPhone, Android), o aplicativo faz um rastreamento da distância percorrida durante o exercício físico e registra também dados como tempo, velocidade, passos e calorias queimadas. O RunKeeper armazena todas essas informações e permite, inclusive, que o usuário programe melhorias em seu treino. A cada atividade concluída, o aplicativo envia os dados para o site do fabricante, gerando relatórios.

Além de ser muito intuitivo, o RunKeeper permite que o usuário compartilhe informações sobre os seus exercícios com seus contatos no Twitter e Facebook.

Aplicativo para smartphone registra informações sobre exercícios físicos (Foto: Reprodução)

Endomondo Sports tracker

Com versões para iPhone, Android, Black Berry, Windows Phone 7 e SymbianOS, o Endomondo pode ser baixado gratuitamente no site do fabricante. Através do recurso de geolocalização do smartphone, o aplicativo monitora dados como tempo, distância e velocidade de cada atividade física. Outra informação que o aplicativo apresenta é a medição do gasto calórico dos exercícios. A interface do programa é muito simples e intuitiva. A cada nova atividade, o usuário precisa apenas fornecer informações básicas sobre o exercício que está iniciando.

Mas um dos destaques do Endomondo é a possibilidade de integrá-lo a monitores cardíacos via bluetooth. Além disso, o aplicativo tem um campo para que o usuário programe músicas para escutar durante a realização do exercício físico.

E para que ninguém se sinta sozinho nessa mudança de hábito, através do site do Endomondo, o usuário pode localizar contatos de suas redes que já estejam praticando atividades físicas e pessoas próximas à sua região.

Aplicativo também permite integração com monitores cardíacos  (Foto: Reprodução)

LogYourRun

Além das características dos aplicativos já citados, com medição via GPS de rotas, distâncias, velocidades de cada exercício através de aplicativo gratuito para iPhone ou iPod Touch, através do seu site, o LogYourRun oferece programas de treinamentos, que podem escolhidos ou personalizados de acordo com as características do usuário, tais como a atividade preferida, dias e tempo disponíveis para a prática de exercícios.

Para criar uma conta gratuita, o usuário precisa responder a um breve cadastro. Montado o programa de treinos, o serviço oferece o recurso de agenda, que mostra as atividades marcadas para cada dia e horário. O serviço também pode ser acessado através do browser do celular pelo endereço www.logyourrun.com/mobile, informando usuário e senha cadastrados.

Também através do site do fabricante, o atleta pode acessar relatórios com gráficos sobre o seu desempenho e atividades realizadas. Além disso, o serviço permite que o usuário armazene suas rotas, que podem ser revisadas e compartilhadas com amigos em redes sociais.

Aplicativo fornece programas de treinamento (Foto: Reprodução)

Nike+

O fabricante de artigos esportivos disponibiliza no site do Nike+ uma série de funções relacionadas a corridas, que vão desde programas de treinamento, monitoramento do desempenho, estabelecimento de metas, desafiar outros participantes e, claro, compartilhar tudo via redes sociais.

O carregamento das atividades físicas pode ser feito tanto a partir de aplicativo para iPhone e iPod touch, quanto a partir da aquisição de kits do fabricante, que contém um sensor para ser instalado no tênis, cujas informações devem ser enviadas pelo usuário para o site do Nike+.

Mas para quem prefere usar o iPhone ou iPod, o aplicativo Nike+ GPS pode ser adquirido via iTunes. A partir daí, é instalar o aplicativo e começar a usar. Ao iniciar o programa, o usuário encontra três opções de corrida: a primeira sem meta estabelecida, a segunda com meta por tempo e a terceira por distância, através de integração com o GPS do iPhone. E para quem prefere usar a esteira para fazer corrida, o aplicativo usa o acelerômetro para obter os dados.

Além de permitir que o usuário envie os dados sobre a corrida em tempo real para o Facebook e Twitter, o aplicativo também tem recurso que permite programar músicas para ouvir durante o exercício. Se a função Voice Feedback for ativada, o Nike+ GPS emite avisos sonoros sobre tempo e distância percorridos.

As informações sobre cada corrida podem ser armazenadas no próprio aplicativo e também sincronizadas no site do fabricante, a partir da conta do usuário.

Couch to 5k

Do sofá a 5 km de corrida. Essa é a proposta do aplicativo Couch to 5km, que inclui um programa de treinamento para que o usuário consiga correr regularmente até 5 km ou 30 minutos em nove semanas. O aplicativo, que tem versão para iPhone e iPod, pode ser adquirido via iTunes .

O destaque do Couch to 5km é que ele possui um planejamento com treinos durante três vezes por semana. É uma espécie de personal trainer eletrônico, que diz ao usuário o que ele deve fazer gradualmente. Basta iniciar o programa, colocar os fones de ouvido e seguir as orientações do treinador eletrônico. A cada semana, a atividade vai ficando mais puxada. O Couch to 5km é multitarefa, permitindo a execução de músicas durante as atividades físicas. O aplicativo também permite compartilhar as informações sobre o treino com contatos do Facebook e Twitter.

Aplicativo orienta o usuário como realizar os exercícios (Foto: Reprodução)

Mas para quem acha que fazer o download dos aplicativos e partir para a mudança de hábito basta, vai um alerta da coluna: jamais dispense a orientação de profissionais da saúde. Apesar de os aplicativos serem grandes aliados, são os médicos e nutricionistas que irão determinar os limites de cada corpo e apontar o melhor caminho para cada situação.

FONTE: G1

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segunda-feira, 18 de julho de 2011

O boom da educação física por conta das academias

Três esteiras, duas bicicletas e 20 aparelhos de ginástica para os mais diferentes grupos musculares do corpo, todos em uso. Com música dançante tocando alto no ambiente, os homens e mulheres se revezam nos aparelhos para melhorar a saúde ou ficar sarados. Tudo isso longe de custar uma fortuna por mês: a partir de R$ 35, as academias de bairro oferecem boa forma aos frequentadores e músculos ao setor de educação física do país.

De 2000 a 2010, o número de academias cresceu mais de 20 vezes. Números do Confef (Conselho Federal de Educação Física) apontam que, há 11 anos, havia 797 registros de empresas abertas com permissão para funcionar como tal. No ano passado, eram mais de 16.950.

E esses números ainda estão muito abaixo da realidade. Estima-se que haja em funcionamento no Brasil todo, hoje, mais de 32 mil locais para prática das mais diferentes modalidades esportivas. A grande diferença é que, 1 em cada 9 academias funcionam com registro - as demais entram em outras categorias autônomas de prestadores de serviço.

Uma pesquisa do instituto Data Popular sobre os hábitos e práticas saudáveis dos brasileiros mostra que o Brasil é o segundo país que mais tem academias no mundo. O economista Renato Meirelles, responsável pelo levantamento, afirma que os números oficiais são de "empresas abertas" como academias.

- Estima-se que haja 90% mais locais de ginástica do que o divulgado. O grosso do crescimento de academias são aquelas de bairro. Isso mostra que é possível tornar barato e acessível o acesso à ginástica e ao condicionamento físico, ao mesmo tempo em que se vê uma preocupação maior do brasileiro pela busca da melhora da qualidade de vida. É a democratização da saúde através da academia.

Em torno de 4,2 milhões de pessoas praticam exercícios frequentemente, isto é, quase todos os dias da semana, como mostra o estudo.

Para Gilberto Bertevello, presidente do Seeaatesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Esportes Aquáticos, Aéreos e Terrestres do Estado de São Paulo), o setor só viu um crescimento tão intenso como o de agora nos anos 1980, quando as escolinhas de natação se proliferaram no país.

- Está abrindo academia a torto e a direito. O setor cresce assustadoramente. Vejo um pouco de modismo nessa necessidade da melhora do condicionamento físico por causa da chegada da Copa [2014] e da Olimpíada [2016], mas é importante e benvindo esse interesse da população e da própria mídia pelos hábitos saudáveis. 

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Atividade física e saúde mental

Você sabia que a atividade física pode contribuir para sua saúde mental? Além de fortalecimento muscular, aumento da capacidade cardiopulmonar e melhora da estética, sair do sedentarismo também pode trazer outros benefícios melhora do sono, humor
e memória.


O aumento da aptidão física reduz as chances da pessoa desenvolver doenças crônico-degenerativas como a osteoporose, hipertensão, doenças coronarianas e diabetes, além de diminuir também o risco de desenvolvimento de transtornos psiquiátricos como ansiedade e depressão.

Ansiedade

O avanço tecnológico, assim como pressões sociais e econômicas, levam o indivíduo muitas vezes a se entregar aos problemas mentais de ordem emocional. Ocorre que a prática regular de exercícios físicos aeróbios pode produzir efeitos antidepressivos e proteger o organismo dos efeitos prejudiciais do estresse na saúde física e mental.

Os exercícios físicos aeróbios são os mais indicados para promover melhora da aptidão, mas devem ser realizados na forma de um programa de treinamento físico aeróbio progressivo e controlado, sempre com acompanhamento de um profissional para monitoramento da intensidade destes exercícios de acordo com o nível de cada pessoa, além de avaliação clínica e psiquiátrica regular.

Depressão

Alguns estudos sugerem que, dentre outros métodos, a atividade física pode ser considerada eficaz no tratamento da depressão. Vale lembrar que atividade física é qualquer movimento corporal produzido que resulta em gasto energético maior do que o dos níveis de repouso do corpo, ou seja, caminhar, subir escadas, varrer a casa. Já o exercício físico é uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva, como fazer musculação, corrida, ginástica localizada. Tanto a atividade quanto o exercício podem trazer benefícios. No entanto, os estudos ainda são contraditórios com relação à depressão, mas a atividade ou o exercício físico podem ser coadjuvantes na prevenção e no tratamento da depressão.

Sono

O sono de pessoas ativas é bem melhor do que o de pessoas sedentárias. O exercício físico pode proporcionar liberação de hormônios e influenciar no ciclo sono-vigília, trazendo mais disposição para o dia-a-dia.

A intensidade e o volume de atividades físicas são extremamente importantes, pois quando a sobrecarga é aumentada até um nível ideal existe uma melhor resposta na qualidade do sono. Mas se existe uma sobrecarga de exercícios, haverá influência negativa direta sobre a qualidade do sono. O exercício físico e o sono de boa qualidade são fundamentais para a boa qualidade de vida e para a recuperação física e mental do ser humano.

Humor

A atividade física mostra-se eficaz também em pessoas que sofrem dos transtornos do humor, pois quando se tem um treinamento contínuo mais sem exageros, o exercício aeróbio melhora a aptidão e diminui os sistemas depressivos, reduz o percentual de gordura e os níveis plasmáticos de serotonina, melhorando assim o estado de humor do indivíduo. A prática de exercício físico regular está associada à ausência ou a poucos sintomas depressivos ou de ansiedade.

Memória

O aumento da capacidade aeróbia tem relação direta com a melhora nas funções cognitivas, sendo que o exercício contribui para a integridade do cérebro e do sistema cardiovascular, melhora o tempo de reação, a força muscular e a amplitude de memória. Estudos mostraram que pessoas idosas, que praticam atividade física como caminhar 3 vezes na semana por 1 hora, por exemplo, tem uma melhora significativa na atenção, memória, agilidade motora e humor, sugerindo assim que, principalmente as mulheres devem fazer um condicionamento físico aeróbio sistematizado, por ser uma alternativa não-medicamentosa para a melhora cognitiva.
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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Estimule movimentos de uma criança desde o nascimento

Uma boa dica para os pais ocupados, que não passam o tempo que gostariam com os filhos, é adaptar a casa à criança, de modo que ela tenha espaços que estimule seus movimentos, sugere o professor de educação física Luciano Basso, doutor da Escola de Educação Física e do Esporte da USP (Universidade de São Paulo). Isso sem contar que, sempre que possível, deixar a criança brincar ao ar livre, se movimentando ao máximo.
- Tem que pensar que tipo de ambiente eu cultivo e construo para meu filho. No mundo moderno a gente procura o conforto, mas o conforto é contra o movimento.
Mesmo sem perceber, muitos pais acabam estimulando o sedentarismo nos filhos por estarem cansados por um dia de trabalho ou para não colocar a casa abaixo. Isso mesmo quando seus pequenos não têm outro espaço para brincar, já que não vão à rua por causa da violência.
Para deixar a casa mais apropriada às brincadeiras infantis, veja abaixo as sugestões do professor para deixar a casa mais adequada aos pequenos.
- Crie um ambiente para engatinhar: para os bebês que ainda não andam, os espaços devem ter espaço suficiente para que ele possa rastejar bastante e interagir com brinquedos.
- Deixe objetos seguros à mão dos bebês: faça prateleiras ou caixas onde ele possa pegar e guardar os brinquedos. Assim ele se movimenta tanto na ida, quanto na volta. Claro que os objetos devem ser feitos com materiais seguros, com tamanho seguro para evitar que sejam engolidos, inquebráveis e não pontiagudos. O ideal é que estimulem a manipulação, como chocalhos.
- Brincadeiras com bolinhas: chutar ou pegar o brinquedo e arremessá-lo são bons exemplos de queima energética.
- Crie um espaço para andar, correr, saltitar: se a criança já andar, crie um ambiente para ele poder se movimentar como bem quiser, seja correndo ou andando de motoca. Vale emborrachar o piso e evitar que ele fique escorregadio. Deixe brinquedos sempre por perto.
- Estimule brincadeiras com outras crianças: essas atividades são indicadas a partir dos quatro anos para mais, como a brincadeira de bonecas e casinha, dependendo da intensidade. A partir dos cinco, seis anos, brincadeiras mais ativas como pega-pega e pique-esconde são bons exemplos de atividade física.
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terça-feira, 12 de julho de 2011

A ginástica laboral e a qualidade de vida do trabalhador

http://blog.triadesaude.com.br/up/t/tr/blog.triadesaude.com.br/img/Triade_Ginastica_Laboral.JPG

O século XXI será lembrado por muitos acontecimentos e sem dúvida um desses se trata de uma preocupação maior com a qualidade de vida. Há uma atenção especial para os hábitos diários das pessoas e se estes são classificados como saudáveis ou não. Esta discussão visa à redução de hábitos deletérios à saúde e à qualidade de vida, e aumentar a freqüência de hábitos promotores de saúde e de qualidade de vida.

Neste sentido, a qualidade de vida tão evidenciada pela sociedade “moderna” pode estar associada a vários setores da nossa vida, sendo que a satisfação pessoal em cada um desses setores é imprescindível para se adquirir um estilo de vida melhor, envolvendo vários aspectos como: vida pessoal, emocional, profissional, familiar, entre outros.

Nahas (2001) salienta que qualidade de vida é a condição humana resultante de um conjunto de parâmetros individuais e sócio-ambientais, modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano. Desta forma a atenção para as condições de trabalho oferecidas ao ser humano também fazem parte do que Nahas denomina ser qualidade de vida. Sendo assim, um programa de promoção de saúde incluindo ginástica laboral, palestras, informações diversas sobre saúde, pode influenciar positivamente a qualidade de vida do empregado a partir do seu cotidiano laboral, modificando inclusive, seus hábitos até mesmo fora do ambiente de trabalho (MARTINS e MICHELS, 2001).

A partir dessas considerações iniciais, este artigo tem como escopo a qualidade de vida no “setor” profissional/trabalho e traz consigo a visão de totalidade de qualidade de vida, pois por meio da prática da ginástica laboral e da preocupação com os aspectos ergonômicos busca-se melhorar a qualidade de vida, a modificação de comportamento dos funcionários de uma empresa de transporte de mercadorias da cidade de Aracaju – SE, envolvendo aspectos biológicos, físicos, psicológicos e sociais.

Ginástica laboral e seus benefícios ao trabalhador

Independentemente da ocupação, é necessário uma boa mobilidade para a realização das tarefas diárias. Nossas ações são realizadas por meio de um corpo que possibilita diversos movimentos, mas que necessita de um equilíbrio entre a postura (ação da gravidade), a capacidade de contração muscular (força muscular) e a boa flexibilidade (LIMA, 2007).

A prática da ginástica laboral permite um treinamento da flexibilidade o que previne o encurtamento muscular crônico, motivo de queixas de dores musculares por diversos profissionais, além desta voltar-se para o combate dos denominados “vícios posturais”, considerado uma das razões de constantes reclamações por incômodos de origem física por parte dos trabalhadores.

A relação com o outro e com o mundo faz o corpo adotar variadas posturas para satisfazer suas necessidades. Sendo assim, entende-se por postura: atitude que o corpo adota nas suas relações. A postura se dá por meio da ação coordenada de vários ligamentos, ossos e músculos que atuam para manter a estabilidade ou para assumir a base essencial.

Neste caso especificamente a ginástica laboral terá a intenção de compensar os músculos mais utilizados no trabalho (alongando e relaxando) e fortalecer os seus antagonistas. Segundo Kolling (1980 apud SAMPAIO e OLIVEIRA 2008) a ginástica laboral compensatória tem o objetivo de trabalhar os músculos que não estão (ou são utilizados parcialmente) sendo utilizados com freqüência na jornada de trabalho e relaxar os músculos que estão em contração durante a maior parte da jornada de trabalho.

Com a divisão social do trabalho priorizou-se cada vez mais movimentos e esforços físicos repetitivos o que ocasionou o surgimento de doenças e lesões cada vez mais comuns na classe operária. Desta forma, tornou-se necessário a Ginástica Laboral nas empresas seja ela preparatória ou compensatória, pois, é comprovado cientificamente que a sua prática previne lesões, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, orienta uma melhor postura diante das tarefas desempenhadas, maior preocupação com o estilo de vida através de conversas sensibilizadoras prevenindo doenças por meio da informação/intervenção.

É importante ressaltar que os benefícios provenientes da prática da Ginástica Laboral caminham de mãos dadas com os fatores ergonômicos de uma empresa. Se há uma orientação postural na aula, esta deve ser materializada no momento do trabalho, com o ajuste da cadeira à anatomia do corpo do funcionário, manusear os equipamentos de forma e postura corretas, alternar posições sentadas ou em pé contribuindo positivamente com a circulação sanguínea, o ambiente ser arejado/iluminado, são elementos auxiliares na busca de um estilo de vida saudável no ambiente do trabalho e fora dele, incorporando essas novas atitudes na rotina diária.

A prática da Ginástica Laboral também contribui para a melhoria da integração, permitindo maior socialização, já que esse é um momento de descontração tornando a relação menos formal. Paralelamente, a prática da Ginástica Laboral desperta o bom humor, a simpatia, melhora a disposição para o trabalho, conseqüentemente aumento na produtividade e melhor atendimento ao cliente.

Um estudo realizado por Militão (2001) com funcionários do setor administrativo de duas empresas da cidade de Florianópolis, onde a ginástica laboral era orientada por um profissional de Educação Física mostrou que 48,2% dos funcionários responderam que no tocante a integração, houve uma melhora no relacionamento, o grupo ficou mais unido, além de uma sensação de bem estar e melhora do ânimo gerando maior disposição para o trabalho.

De acordo com Polito e Bergamaschi (2006), no processo de conduta humana a auto-estima tem papel fundamental, uma vez que praticamente tudo o que se manifesta no ser humano, seja no plano físico, mental ou espiritual, está ligado a ela. Quando se vive em um ambiente de pressões, cobranças, os acertos não são valorizados, reconhecidos, certamente a auto-estima e a auto-confiança serão abaladas.

O corpo somatiza todo esse bombardeio de fatores e cobranças e vai acumulando tensões, que muitas das vezes resultam em fortes dores musculares que acompanham o indivíduo durante sua rotina diária, o comportamento também sofre mudanças, sensações desconfortáveis são causadas pelo estresse.

O Brasil tornou-se o segundo país com o número maior de pessoas estressadas, perdendo somente para o Japão. Estudos constataram que o estresse é maior por conta do trabalho no tocante as longas jornadas e a insatisfação com a ocupação laboral, na qual esta situação influi diretamente na qualidade de vida do sujeito (Reportagem do programa Globo Repórter).

A prática da ginástica laboral tem atuação importante diante dessas situações, pois, visa proporcionar relaxamento do corpo, reduzindo as tensões acumuladas, diminuindo o estresse, acalmando os pensamentos de cobranças e tarefas, permite momentos de um “cuidar-se melhor”, elevando a auto-estima dos funcionários, deixando-os mais confiantes, motivados, dispostos e concentrados para o trabalho.

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

O professor de Educação Física e o estresse profissional

Os profissionais da educação são constantemente confrontados com situações de estresse. Talvez um dos profissionais da educação que, para a sociedade, teria menos possibilidades de apresentar um quadro de estresse seria o professor de Educação Física devido às características que envolvem a prática de atividades físicas comprovadamente geradoras de prazer, alegria, satisfação. Porém, estudos indicam que mesmo assim profissionais experimentam o estresse profissional. Santini e Molina Neto (2005) em estudo realizado na rede municipal de Ensino na cidade de Porto Alegre, destacam que “aspectos individuais associados às condições e relações do trabalho podem propiciar o aparecimento de fatores multidimensionais que, dependendo do grau e severidade, podem levar os professores a experimentar a Síndrome do Esgotamento Profissional” (SEP). A SEP diferencia-se do estresse por não desaparecer depois de certo período de descanso, já o estresse sim.

A partir das afirmações acima e partindo do pressuposto que o professor de Educação, assim, como os demais profissionais que atuam em escolas, apresentam sintomas de estresse, é possível formular questões como: o estresse está presente no cotidiano de trabalho do professor de Educação de Educação Física? O professor está preparado para enfrentar situações estressoras decorrentes de sua atividade profissional? Como ele lida com as situações de stresse? Que tipos de implicações o estresse do professor têm em seu ambiente profissional? Estas implicações podem ter reflexos no relacionamento familiar? Com isso investigou-se estas e outras questões que refletem a realidade de trabalho do professor de Educação Física e os problemas relacionados com a profissão.

Especificamente em relação ao professor de Educação Física, cujas atividades diferem em sua natureza das demais disciplinas, padece dos problemas enfrentados pelos docentes como um todo e, além disso, há, ainda, outros fatores que podem estar contribuindo com seu estresse. Em vista disso foi realizada pesquisa com professores de Educação Física da rede pública e particular de ensino da cidade de Sarandi/RS com o objetivo de verificar se estes profissionais apresentam características de estresse profissional, os possíveis determinantes e a forma como lidam com esta situação.

Há várias definições para o estresse. Anjos e Ferreira (2004), o caracterizam como um conjunto de reações do organismo a agressões de origens diversas, capazes de perturbar o equilíbrio interno. Lipp (2010) o define como “uma reação do organismo com componentes psicológicos, físicos, mentais e hormonais. Ele ocorre quando surge a necessidade de uma grande adaptação a um evento ou uma situação de importância.” Ballone e Moura (2010a) dão outro nome para o Estresse: Síndrome Geral da Adaptação.

Lipp (2010) explica que o estresse é benéfico quando de forma moderada, pois na tensão o organismo produz a substância adrenalina, que é responsável pelas sensações de ânimo, vigor, entusiasmo e energia, é a fase da produtividade. A autora classifica-o, ainda, em negativo e ideal:

Stress negativo: é o stress em excesso. Ocorre quando a pessoa ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação. O organismo fica destituído de nutrientes e a energia mental fica reduzida. A produtividade e a capacidade de trabalho ficam muito prejudicadas. A qualidade de vida sofre danos. Posteriormente, a pessoa pode vir a adoecer. [...] Stress ideal: é quando a pessoa aprende o manejo do stress e gerencia a “fase de alerta” de modo eficiente, alternando entre estar em alerta e sair de alerta.

Segundo a Associação Brasileira de Stress (ABS), qualquer situação geradora de um estado emocional forte que leve a uma quebra da homeostase interna e exija alguma adaptação pode ser chamada de um estressor. Ballone e Moura (2010a) classificam possíveis estímulos estressores em internos e externos. “Os estímulos internos são oriundos dos conflitos pessoais os quais, em última instância, refletem sempre tonalidade afetiva de cada um. Os estímulos externos, por sua vez, representam as ameaças concretas do cotidiano de cada um.”

Os autores Meleiro (2003) e Ballone e Moura (2010b) afirmam que não se pode, contudo, afirmar que determinado fato é ou não estressor, ou se é mais intenso ou mais fraco, pois depende da visão que cada indivíduo tem da realidade e a forma com que lida com a mesma. A própria autoestima interfere no aumento ou diminuição do estresse. Deve-se levar em conta a predisposição genética, idade, sexo e personalidade do indivíduo.

O termo “burnout” também é muito usado para definir esse mal que atinge os profissionais. Malagris (2003) considera o burnout (“consumir-se em chamas”) como “um tipo especial de stress ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode estender-se a todas as áreas da vida de uma pessoa.”

É importante frisar que as síndromes citadas acima são derivadas do estresse crônico, ou seja, o estresse pode desaparecer depois de certo período, porém se não for tratado e persistir poderá evoluir para problemas mais graves.

Na categoria docente não é diferente. Estudos demonstram diversos fatores que contribuem para o estresse do professor. Primeiramente a mudança do seu papel, sendo que a família e a sociedade transferiram alguns de seus papéis sociais para o mesmo. O professor tem que ser amigo, conselheiro, pai/mãe, achar soluções para conflitos entre pais e filhos, etc, Esteve (1999). Meleiro (2003), Campos e Ito (2009) citam o grande número de alunos por classe; temperaturas inadequadas no local de trabalho (na sala ou ao ar livre); iluminação inadequada; barulho interno intenso; falta de tempo para formular as aulas fazendo com que o tempo de descanso sirva para tal; certa hostilidade dos colegas em relação àquele que se destaca entre os alunos; alunos sob o efeito de drogas; rebeldia e desrespeito dos alunos; insatisfação e falta de perspectiva de crescimento profissional; falta de incentivo financeiro inibindo iniciativas criativas; falta de preparo para trabalhar com crianças com deficiências; entre outros. Ainda, ser propenso ou não ao estresse é um fator importante.

A Profissão de Educação Física é regulamentada pela Lei Federal nº 9696/98 e regida pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e Conselho Regional de Educação Física (CREF). Segundo o CONFEF na escola o Professor de Educação Física atua na promoção da saúde, assim como na construção de cidadania, hábitos saudáveis e desenvolvimento da concentração, disciplina, espírito de equipe, dedicação, entre outros.

Em uma pesquisa realizada na cidade de Porto Alegre com professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino, sobre o abandono do trabalho docente, Santini e Molina Neto (2005) citam alguns dos fatores que levaram os profissionais da área entrar num quadro crítico de estresse a ponto de desistirem da profissão: a escolha pouco acertada da profissão; limitações da formação acadêmica; condições de trabalho do professor de Educação Física (clima desfavorável, ambiente inadequado, baixos salários, etc.); sobrecarga de trabalho; multiplicidade de papéis; a estrutura das escolas; a Educação Física com “aula-pública”; fatores sociais (violência, medo e insegurança); desgaste nas relações interpessoais, entre outros. As consequências destes fatores geraram absenteísmo (ESTEVE,1999), pedidos de transferências de escola, perda de vínculo afetivo, etc.

Em outra pesquisa Moreira et al. (2010) analisou a incidência da Síndrome de Burnout em professores de Educação Física e sua possível influência na prática pedagógica da Rede Municipal de Ensino de São José (SC): “Os participantes do estudo destacaram dentre os fatores mais negativos no ambiente escolar, a falta de recursos pedagógicos, a estrutura/espaço físico inadequada, barulho, falta de compromisso do aluno/família, direção não atuante e péssima acústica.”

Por outro lado, Valério, Amorim e Moser (2009) com o objetivo de comparar a incidência da Síndrome de Burnout entre professores de Educação Física e professores de outras disciplinas, constataram em sua pesquisa que “os professores de Educação Física apresentam menor incidência da Síndrome de Burnout do que os de outras disciplinas, tal diferença provavelmente possa estar relacionada aos diferentes ambientes de trabalho e a maior realização de atividade física.”

Apesar de os estudos na área do estresse profissional em professores estar em alta, observou-se a necessidade de dar continuidade e aprofundamento ao tema, principalmente na área da Educação Física.

2. Procedimentos de coleta dos dados

A pesquisa foi realizada através de entrevista semiestruturada realizada com 10 Professores de Educação Física da rede pública e particular de ensino do município de Sarandi/RS, com pelo menos um ano de efetivo exercício de sua profissão em escolas. Os profissionais foram contatados e convidados a contribuir com a pesquisa para então receberam e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A seguir, foi agendada a entrevista em horário que não comprometesse o trabalho na escola, em local reservado e sem a interferência de fatores que pudessem desfavorecer a reflexão sobre o tema em questão. A entrevista foi gravada com o consentimento dos participantes e, após, incinerada ou deletada. A entrevista compôs-se de questões relacionadas com o trabalho, obstáculos enfrentados, a maneira como o professor lida com estes.

Para a realização da pesquisa, foram observadas as orientações do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo (UPF), sendo aprovada sob Parecer nº 308/2010 e CAAE nº 0175.0.398.000-10 em 24 de setembro de 2010. Após iniciou-se a coleta e análise dos dados.

3. Análise dos dados

3.1. Principais fatores causadores do estresse

Na pesquisa realizada todos os 10 professores entrevistados admitiram a existência de fatores que interferem na realização do seu trabalho de forma ideal. Destes, 8 afirmaram que esses fatores lhe causam estresse e interferem no seu trabalho e vida pessoal de alguma forma.

A pesquisa confirmou alguns fatores que Moreira et al. 2010 e Santini e Molina Neto (2005) citaram em seus trabalhos como a falta de recursos pedagógicos, a estrutura/espaço físico inadequada, falta de compromisso do aluno/família, sobrecarga de trabalho; multiplicidade de papéis; já Meleiro (2003), Campos e Ito (2009) citam o grande número de alunos por classe; falta de tempo para formular as aulas fazendo com que o tempo de descanso sirva para tal; rebeldia e desrespeito dos alunos; sendo que este último fator foi o mais citado nesta pesquisa. A pesquisa revelou que os principais agentes causadores do estresse caracterizam-se como externos, ou seja, representam as ameaças concretas do dia-a-dia.

O fato das atitudes negativas dos alunos (agressividade, falta de controle emocional, falta de respeito...) estarem em primeiro lugar na pesquisa dos fatores, parece justificar-se pelo fato de uma sociedade carente de valores como o respeito, (queixa comum entre os entrevistados) refletir-se nas escolas, pois os pais ou cuidadores dessas crianças, no pouco tempo em que convivem, apresentam dificuldades para identificar os limites entre o que é ou não permitido fazer e em que situações. Em muitos casos, parece haver certa permissividade onde os pais, na ânsia de minimizar a culpa que sentem por não serem tão presentes na vida de seus filhos, negligenciam quanto aos limites necessários para haver convivência saudável no âmbito da sociedade.

Numa comparação das escolas públicas e particulares, os professores da rede particular mencionaram que os alunos, por possuírem maior poder aquisitivo e ter acesso a um leque maior de atividades físicas diferenciadas, necessitam de maior motivação para participar das aulas de Educação Física, em vista de esta ser realizada em turno inverso, as crianças já chegam cansadas para as atividades. Há relatos, também, de preocupações exageradas por parte dos pais e um “dengo” maior das crianças que “choram por qualquer coisa” (expressões usadas por um dos entrevistados). Por outro lado, na escola pública, os alunos anseiam à hora da Educação Física preferindo a parte esportiva; porém demonstram maior agressividade e descontrole emocional. Em se tratando de família, é precária a participação nas atividades das escolas públicas, o que é muito preocupante, pois a educação não se dá apenas na escola, mas na parceria entre escola e casa, ou melhor dito, entre o público e o privado. Porém, tanto na rede pública, quanto na particular, há a presença de atitudes negativas dos alunos, como a falta de respeito, que é a maior queixa dos educadores.

Outra situação bastante citada é o cansaço físico do professor, principalmente, porque precisa demonstrar os exercícios, ficar de pé por longos períodos e dependendo do ambiente em que está ministrando aula precisa falar em voz alta, por exemplo, em ambientes abertos ou ginásios.

A falta de material e de infraestrutura colabora na propagação das situações estressoras, como, por exemplo, o fato de o professor preparar uma aula e deparar-se com obstáculos que impedem a realização do plano obrigando-o a improvisar. A própria distribuição irregular de períodos dificulta o trabalho docente, pois em algumas escolas há apenas um período de Educação Física por semana, o que está muito aquém do necessário.

A falta de estrutura familiar e a “abertura” das aulas de Educação Física contribuem para que o professor não desempenhe apenas seu papel como educador, mas, também, de amigo e confidente dos alunos, sendo muitas vezes o intermediador de conflitos de natureza escolar, familiar e social. Por outro lado, se o profissional não estiver preparado para lidar com tais situações, estas podem se tornar um potencial fator estressor.

Também, foi citada, na pesquisa, a falta de preparação da escola e dos próprios professores para atender alunos com deficiência. Em outras palavras a falta de capacitação para lidar com a inclusão social dos educandos, acaba fazendo com que o desenvolvimento dos mesmos seja afetado, o que contribui para o aumento de situações de estresse do professor.

Questionados sobre o a interferência do estresse em suas vidas, 2 dos professores relataram que a Educação Física escolar em si não os preocupa, no sentido de levar pra casa o estresse, mas sim quando se trata de competições extraescolares em que há uma maior cobrança por resultados.

E se já não bastasse tantos desafios, os profissionais se defrontam com situações cada vez mais freqüentes de desvalorização por parte da sociedade, inclusive pelas políticas públicas que interferem nos seus direitos, na autonomia e tiram a autoridade como professor. “Na própria aula, dependendo da situação, o professor não pode chamar a atenção de um aluno indisciplinado, pois corre o risco de responder a um processo judicial”. (relato de um dos entrevistados).

Apesar de todas as situações adversas citadas não é possível afirmar que o estresse propriamente dito se manifestará, pois o que vai determinar se o profissional irá ou não desenvolvê-lo é a maneira como ele age diante dos fatores determinantes.

3.2. Como os professores agem diante de situações de estresse

Numa comparação por tempo de serviço, a maioria dos professores com mais de 10 anos de profissão demonstra que a experiência está diretamente ligada com a forma de lidar com as situações estressoras buscando resolver os conflitos na escola e relataram que no passado estressavam-se mais.

Não existe um consenso na literatura sobre a correlação ou não entre faixa etária e a Síndrome de Burnout. Entretanto, sabe-se que não é exclusivamente a idade que determina a propensão ou não à doença, fatores como tempo de experiência na profissão, o amadurecimento pessoal e personalidade afetam diretamente esta relação. [VALÉRIO, AMORIM E MOSER, 2009]

Porém, como o “nível” de estresse depende da atitude da pessoa em relação ao fator causador deste, há 2 casos em que professores com mais de 15 anos de profissão que, mesmo com experiência, se encontram em estágios avançados da doença e fazendo o uso de medicamentos.

Analisando, sem generalizar, a diferenças entre os sexos na forma de lidar com o estresse, percebeu-se uma personalidade mais forte entre os profissionais do sexo masculino, o que pode converter-se em atitudes mais firmes diante das situações estressoras. Por outro lado, através dos relatos das professoras percebeu-se certa propensão ao diálogo, a sensibilidade para com os problemas dos alunos. Em ambos os casos, as tentativas de controle do estresse são válidas, desde que haja um equilíbrio.

Algumas ações como dar espaço sempre ao diálogo, estar atento à disciplina, compreender o aluno e respeitar suas limitações, ter motivação para a aula, oferecer um leque maior de atividades, saber ouvir, se utilizar do fato de o professor ser como um ídolo para as crianças, são exemplos que os professores citaram como alternativas utilizadas para amenizar a probabilidade de acontecer o estresse. Sabe-se que a prática regular de atividades físicas auxilia na prevenção desse mal (Valério, Amorim e Moser, 2009), e os professores de Educação Física são privilegiados, pois a grande maioria, além de seu trabalho, pratica alguma atividade física por prazer.

4. Considerações finais

Ao analisar os dados da pesquisa, é possível afirmar que o objetivo proposto foi alcançado pois identificau-se que a maior parte dos professores de Educação Física da cidade de Sarandi/RS apresenta características de estresse profissional, porém apesar dos determinantes estarem presentes no cotidiano, os profissionais estão munidos de recursos para melhor agir diante de determinadas situações estressoras. Saber lidar com o estresse é fundamental, para que este não evolua para síndromes que exijam intervenção profissional e medicamentosa.

Há evidências de que boa parte dos entrevistados está com o Stress Ideal, ou seja, o profissional está sabendo manejar o estresse e gerenciar a “fase de alerta” de modo eficiente, alternando entre estar e sair da mesma (LIPP, 2010).

Um caminho ou alternativa apontada para que os professores não adoeçam, recai sobre a prevenção. Na medida em que estes são preparados desde sua formação e estiverem conscientes de seu trabalho, dos riscos que correm e das dificuldades que deverão enfrentar, o estresse poderá ser evitado ou se isso não for possível pelo menos o confronto com o mesmo será mais fácil e menos penoso.

Um trabalho em conjunto com toda a comunidade escolar poderá ser muito benéfico no sentido de melhorar as atitudes dos alunos envolvendo-os em projetos que visem à recuperação dos valores perdidos na sociedade, pois mudar todo um sistema social não é nada fácil, porém acredita-se que é na escola que se pode dar início às ações concretas. As famílias também deverão ser incluídas nesse processo, pois são elas as primeiras escolas da vida.

Embora não seja possível eliminar de forma definitiva todos os fatores causadores do estresse, há a probabilidade de alguns determinantes como a personalidade e a autoestima, que são características internas do sujeito, interfiram para a ocorrência ou não do mesmo.
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A intenção não é de generalizar os fatos, nem de afirmar que determinada categoria é ou não mais estressada, mas sim alertar para o problema iminente que coroe toda a sociedade. É importante a continuação de estudos sobre o problema, considerado o mal do século, que atinge as mais variadas profissões.

Um profissional atualizado, que gosta do que faz e busca sempre novas formas de cativar os alunos tem menos chances de adoecer. A própria profissão instiga o professor ao movimento e, deixar-se levar pela agitação, é uma forma natural e saudável de blindar-se contra o estresse. Para as pessoas que sofrem com este mal, recomenda-se, como um complemento ao seu tratamento, a prática de atividades físicas regularmente, sempre sob orientação de um profissional.

Fonte
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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ginecologia do Esporte

O sexo casual sem camisinha e a falta de conhecimento do próprio corpo são fatores que vêm aumentando o risco das mulheres atletas de contrair DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), segundo setores da ginecologia do Esporte. No caso delas, ter doenças desse tipo, mais do que debilitar a saúde, pode causar perda de rendimento e da própria carreira.

Para evitar a perda de quadros importantes do esporte brasileiro, renomados ginecologistas perceberam que tinham que fazer um atendimento focado à mulher atleta. Com isso, cai o padrão de tratá-las como pacientes comuns, cuja prescrição das pílulas anticoncepcionais eram as mesmas, e surge o conhecimento de remédios que devem ser evitados para impedir o dopping, explica o ginecologista Eliano Pellini, chefe do setor de saúde e medicina sexual da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo.

- A mulher atleta sempre foi tratada pelos técnicos como homem e os ginecologistas as atendiam somente como mulheres, sendo que os medicamentos que expomos para as mulheres normais teoricamente não são adaptados para as atletas.

A experiência tem sido muito bem sucedida há alguns anos na seleção brasileira feminina de vôlei, onde Pellini se juntou ao preparador físico José Elias Proença para orientar as jogadoras quanto à saúde genital. A ação mais recente da dupla visa vacinar atletas do vôlei contra o HPV.

Para isso, eles trabalham em um acordo entre o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), as equipes Sesi-SP e Vôlei Futuro e um laboratório que forneça as doses para serem aplicadas na jogadoras até a próxima Olimpíada.

Mulher atleta, tratamento de atleta

Mas mudar apenas os medicamentos significava apenas um passo no que deveria ser o tratamento ideal dado às atletas. Oferecer orientação sexual também se mostrou necessário, já que muitas treinam desde antes da adolescência e ficam afastadas da família e de amigos no período da iniciação sexual.

Para tapar essa lacuna, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) criou um programa de recrutamento de mulheres atletas para uma pesquisa, baseado em estudos anteriores que mostraram a necessidade de analisar melhor a saúde sexual desse nicho.

As voluntárias devem ter entre 12 e 25 anos, praticar atividade física regular e já ter iniciado a vida sexual. Ao serem selecionadas, elas recebem orientação sobre sexo e fazem exames de sangue que detectam possíveis doenças sexuais e de papanicolau (mais informações no tel. 5539-5158).

Segundo uma das coordenadoras do programa, a ginecologista do esporte Tathiana Parmigiano, membro do setor de ginecologia da Escola Paulista de Medicina, e uma das pioneiras do atendimento especializado, a necessidade desse recrutamento surgiu depois que médicos da instituição notaram que faltavam informações básicas sobre o assunto na vida das jovens esportistas que procuraram o ambulatório da escola.

- De um lado todo mundo pensa que o atleta é o super-herói, não fuma, não bebe, mas isso não é uma realidade. Ele tem sua vida social e muitas vezes sai de casa cedo para treinar em grandes centros.

Atleta não é "santa"

O programa da Unifesp visa atingir adolescentes e mostrar os benefícios de cuidar da vida sexual para que ela só beneficie o desempenho físico. O que, de acordo com Tathiana, vem dando bons resultados.

- Com a ginecologia do esporte a gente está tendo a oportunidade de ajudá-las com o rendimento. E elas acabam sendo mais assíduas e entendem que é mais do que uma situação de saúde.

A velocista Marli de Lima Pereira, de 29 anos, participa do programa da Unifesp desde 2007. Ela admite que é comum a falta de informação sobre sexo entre as atletas, principalmente com as mais jovens.

Mas é a intensidade da vida sexual que abre as portas para aumentar o risco, já que, como qualquer mulher jovem e moderna, elas não são "tão certinhas" como imaginam, segundo ela.

- Muitas não se preocupam, acham que nunca vai acontecer com elas, porque está todo mundo bem [de saúde], são atletas. Até tem confinamento, mas quando acaba a competição todo mundo quer se divertir.

A esportista de São Paulo treina desde 2001 e faz exames todo o ano para manter a saúde ginecológica. Atualmente parou de treinar por causa da gravidez de cinco meses. Ela espera gêmeos do namorado boxeador.

Quando a doença afeta o desempenho

Qualquer infecção, de origem sexual ou não, pode ser prejudicial à vida da atleta, segundo Sérgio Peixoto, professor titular de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC e membro da comissão de doenças infectocontagiosas da Febrasgo.

- A região genital fica muito relacionada à mobilidade, a todos os movimentos do corpo. Se a atleta tiver uma vaginite ou um problema nas vias urinárias vai limitar muito seu desempenho.

E até mesmo o HPV, uma DST sem sintomas na fase inicial, pode ser prejudicial por causar dor local, queimação e pela possibilidade de crescimento da verruga genital, quando mais avançada, explica Peixoto.

- Uma infecção de qualquer ordem altera o sistema imune e a paciente tem suas condições físicas debilitadas, além de ter a parte sexual prejudicada também.

Uma atleta com DST pode indicar ainda uma chance maior de transmissão da doença entre outras atletas, de acordo com Pellini.

- Se ela tem uma DST transmissível dentro de uma concentração favorece o risco, principalmente de HPV, já que poderão usar a mesma toalha. E infelizmente essas meninas têm lesões, estão mais expostas a sangramento.

Fonte: R7

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terça-feira, 5 de julho de 2011

Motivos para a prática de atividade física em academias exclusivamente femininas


O avanço tecnológico facilitou muito a vida das pessoas, mas também as tornou mais sedentárias1. Além disso, a falta de tempo e o excesso de trabalho também são fatores que contribuem para o aumento do sedentarismo2.

Alguns autores relatam uma relação positiva entre a inatividade física e o risco de doenças crônico-degenerativas3,4, enquanto outros mostram que a prática regular de atividade física apresenta uma relação inversa com risco de doenças crônico-degenerativas, além de ter um efeito positivo na qualidade de vida5,6.

Os padrões estéticos7 e também a busca por um melhor estado de saúde8 têm levado as pessoas a procurarem as academias de ginástica. De acordo com Marcellino9 as academias vêm ocupando cada vez mais espaço no contexto social, como locais adequados para a prática de atividade física. Entretanto, para Lima e Maffia10 a busca por uma atividade física, atualmente, inclui o alcance dos objetivos e também uma atividade que proporcione prazer.

Reconhecer a importância da atividade física para a saúde e a qualidade de vida de um indivíduo é muito importante, porém é necessário também conhecer os fatores que motivam os indivíduos a praticarem a atividade física regularmente11.

A motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos)12.

A busca pela prática de exercícios físicos em programas para promoção de saúde vem crescendo na atualidade13 e atraindo homens e mulheres, porém a inatividade é maior entre as mulheres14. As causas para isto podem ser as múltiplas jornadas de trabalho, limitando o tempo para a prática regular de atividade física.

Tentando minimizar estas limitações encontradas pelas mulheres surgiram nos últimos anos academias especializadas ao público feminino onde tiveram expansão a partir da década de 90 nos Estados Unidos. No Brasil, as primeiras academias apareceram na última década. O que chama atenção nestas academias é o método de treinamento em circuitos que duram trinta minutos com atividades cardiovasculares e de fortalecimento muscular15.

Além disso, é importante considerar que a competência profissional não só demanda do domínio técnico, mas também da capacidade de motivar, ajudar e orientar adequadamente, proporcionando uma permanência prazerosa dos indivíduos nas atividades físicas.

Diferentes estudos foram realizados na última década com o objetivo de identificar os principais motivos para a prática de atividade física em academias de ginástica7,8,16,17,18, entretanto, poucos foram realizados pensando em academias exclusivamente femininas10.

Tahara et al.16 verificaram que os motivos que levaram os sujeitos a aderir à prática de exercícios físicos em academias incidem sobre as questões estéticas (26,67%), bem como na expectativa de melhoria da qualidade de vida (23,33%). Resultados semelhantes foram observados por Madeira et al.17 e Araújo et al.7 e Lopes et al.18. Os dois motivos iniciais determinantes à prática de atividade física em academias de ginástica foram respectivamente, questões estéticas (19,9%) e necessidade de melhora da saúde (18,1%), questões estéticas (50,6%) e condicionamento físico geral (31,3%) e questões estéticas (68,4%) e melhora da qualidade de vida (77,4%). No estudo de Milagres et al.8 os dois principais motivos para a prática de atividade física em academias foram: melhorar ou manter o estado de saúde (83%) e aumentar o bem-estar corporal e manter a boa forma, ambos com 80% das respostas.

Nos estudos destacados acima, os voluntários foram de ambos os sexos, desta forma, será que mulheres que freqüentam academias exclusivamente femininas priorizam outros motivos?

Baseando-se nas informações acima o presente estudo tem como objetivo verificar os motivos para a prática de atividade física em academias exclusivamente femininas.

Métodos

Amostra

Participaram desta pesquisa 115 mulheres, praticantes de atividade física em academias exclusivamente femininas localizadas na cidade de Belo Horizonte. Como critério de inclusão foi estabelecido que as mesmas deveriam praticar a atividade a no mínimo 6 meses, tempo estabelecido como viável para classificá-las como adeptas a atividade física13. Todas as voluntárias foram informadas dos objetivos e procedimentos, leram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, concordando em participar da pesquisa. No termo de consentimento estava determinado que a participação era voluntária, anônima e que as participantes poderiam abandonar a pesquisa a qualquer momento.

Instrumentos e procedimentos

O estudo é de caráter descritivo e para coletar os dados foi utilizado um questionário adaptado de Chagas e Samulski19 composto por 2 partes distintas. A primeira parte está relacionada com os dados demográficos e questões relacionadas à prática de atividade física. A segunda parte diz respeito à importância dos motivos para a prática regular de atividade física. As respostas da segunda parte foram classificadas pelos indivíduos por meio de uma escala de importância: 0 (zero) para nenhuma importância, 1 (um) para pouca importância, 2 (dois) para importante e 3 (três) para muito importante.

Inicialmente foi feito um contato prévio com os responsáveis das academias, os objetivos da pesquisa foram explicados e foi solicitada uma autorização para realização da mesma por meio da assinatura de uma “Carta de Ciência”. Após a autorização foram feitas visitas para aplicação dos questionários. A aplicação dos questionários foi feita no próprio local de prática de atividade física. Os objetivos e procedimentos metodológicos foram apresentados às voluntárias, enfatizando o caráter anônimo da pesquisa. A aplicação do questionário foi feita pelas pesquisadoras, que abordavam as voluntárias no início ou no final da atividade física.

Análise estatística

Foram realizadas análises descritivas como média, desvio padrão, distribuição de freqüência e percentual. A análise foi feita com auxílio do programa Microsoft Office Excel 2003.

Resultados e discussão

No presente estudo a amostra foi composta por 115 mulheres com idade entre 19 e 59 anos. A faixa etária verificada no presente estudo (19 a 59 anos) é semelhante aquela encontrada no estudo de Tahara e Silva20 (16 a 60 anos), Madeira et al.17 (18 a 70 anos) e Lopes et al.18 (11 a 60 anos). Nos outros estudos analisados7,8,10,16, a amostra foi composta por grupos mais jovens. Das 115 voluntárias oito são estudantes e cinco donas de casa. Todas as outras 102 mulheres exercem alguma profissão fora de casa. Em relação ao estado civil da amostra pode ser observado na Tabela 1 que a maioria (62,6%) é casada.

Tabela 1. Valores percentuais referentes ao estado civil da amostra

O tempo mínimo de prática de atividade na academia foi de 6 meses e o tempo máximo de 48 meses (média de 13,8 ± 9,1 meses). Este tempo de prática foi inferior ao estudo de Tahara et al.16. Esses autores relataram que a maioria dos seus voluntários (26,67%), pratica exercícios físicos em academia a, pelo menos, quatro anos. Entretanto, o tempo de prática do presente estudo foi superior ao encontrado no estudo de Milagres et al.8 (0,9 ± 1,2 anos). A freqüência semanal mínima verificada no presente estudo foi de 2 vezes e máxima de 6 vezes (média de 3,4 ± 0,7 vezes). Dos estudos citados anteriormente, o único que fez referência à freqüência semanal foi o de Tahara et al.16, onde 33,33% da amostra freqüentam a academia quatro vezes por semana e 26,67% freqüentam cinco vezes por semana, ou seja, valores superiores ao do presente estudo.

Apenas oito das 115 voluntárias nunca haviam freqüentado outras academias antes de optar pela academia exclusivamente feminina. No presente estudo, 101 mulheres escolheram a academia pela localização e por oferecer flexibilidade nos horários. Esses resultados podem estar relacionados à maneira das pessoas viverem nos dias de hoje. Atualmente, as pessoas são impostas a longas jornadas de trabalho, restando pouco tempo livre para lazer e para a prática de atividade física. Sendo assim, se a academia estiver próxima de casa ou do local de trabalho e ainda oferecer flexibilidade nos horários, facilita a adesão de seus freqüentadores8. Somente quatro voluntárias afirmaram ter escolhido a, academia por ser uma academia exclusiva para mulheres.

Na Tabela 2 estão apresentadas as freqüências e os valores percentuais referentes aos motivos para a prática de atividade física. É possível verificar que as maiores freqüências associadas aos motivos para a prática foram: “Melhorar ou manter o estado de saúde” (90,4%), “Aumentar o bem-estar corporal” (85,2%), “Melhorar a qualidade de vida” (82,6%). Já as menores freqüências associadas aos motivos para a prática foram: “Aumentar o status social” (41,7%), “Por indicações médicas” (35,6%) e “Por incentivo de amigos/família” (30,4%).

Tabela 2. Freqüências e valores percentuais referentes aos motivos para a prática de atividade física

Ao analisar o motivo mais importante para estar praticando neste momento atividade física (“melhorar ou manter o estado de saúde”), pode-se verificar que o resultado do presente estudo corrobora os achados de Milagres et al.8 e Checa et al.21, entretanto se difere dos estudos de Tahara et al.16, Madeira et al.17, Ravagnani et al.22 e Araújo et al.7, onde o principal motivo de adesão estava relacionado com questões estéticas. O fato da maioria das pessoas praticarem atividade física por questões estéticas pode estar relacionado aos padrões estéticos na atualidade. A mídia, de certa forma, vem contribuindo para o aumento na procura pelas academias de ginástica, uma vez que divulga constantemente corpos considerados modelos de beleza8. Entretanto, no presente estudo, a estética não se destacou entre os motivos mais importantes para a prática de atividade física. Esse resultado pode estar relacionado a amplitude da faixa etária do presente estudo (19 a 59 anos), pois a maioria das voluntárias se encontra na faixa etária acima de 40 anos e com o aumento da idade as preocupações com a saúde são mais evidentes em comparação a população mais jovem.

O segundo motivo mais importante para estar praticando neste momento atividade física foi “aumentar o bem-estar corporal”. Este resultado é semelhante apenas ao estudo de Milagres et al.8. Em relação aos outros estudos analisados verifica-se que o motivo “aumentar o bem-estar corporal” não estava entre os principais motivos para a prática de atividade física.

O terceiro motivo mais importante para estar praticando atividade física neste momento foi “melhorar a qualidade de vida”. No estudo de Tahara et al.16 este motivo foi o segundo mais importante, mostrando assim, semelhança com o presente estudo. Além disso, Santos et al.23 também encontraram a qualidade de vida como um dos principais motivos para adultos entre 40 e 60 anos estarem praticando atividade física e Lopes et al.18 para adultos entre 30 e 60 anos estarem praticando atividade física.

Os três motivos de menor importância para as voluntárias estarem praticando atividade física no momento foram: “aumentar o status social” (48%), “por indicações médicas” (41%) e por incentivo de amigos/família” (35%). Esses dados corroboram, mais uma vez, os resultados encontrados por Milagres et al.8. No estudo de Checa et al.21 o motivo “por indicações médicas” também foi um dos motivos de menor importância para os voluntários estarem praticando atividade física. Torna-se interessante destacar que no estudo de Santos et al.23 o motivo “por indicações médicas” foi considerado o mais importante entre os voluntários para estarem praticando atividade física. Os autores relatam que parece ser necessário surgir uma ameaça à saúde para que o indivíduo comece a se cuidar e que a partir de um vinculo de necessidade e através dos benefícios obtidos pela atividade física regular, a prática torna-se essencial para a vida desta pessoa.

Conclusão

Foi possível verificar que, apesar da maioria dos estudos encontrados na literatura terem encontrado como principal motivo para a prática de atividade física questões estéticas, no presente estudo o principal motivo estava associado à melhoria ou manutenção do estado de saúde. É fato que a questão estética é hoje uma preocupação de grande parte da população, devido aos padrões estéticos impostos, entretanto a população está cada vez mais consciente dos benefícios que a prática regular de atividade física pode proporcionar. Motivos relacionados com o aumento do bem-estar corporal e melhoria da qualidade de vida representam aspectos de similar importância para a prática de atividade física em academias exclusivamente femininas.

A comodidade em relação a prática também transpareceu neste estudo, pois em sua ampla maioria a amostra se mostrou com maior tendência a aderir às atividades fisicas em virtude da localização da academia.

Fonte
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domingo, 3 de julho de 2011

Deficiente intelectual e a Educação Física Adaptada

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2000), o Brasil possui 24,5 milhões de pessoas com alguma deficiência. Isto significa que 14,5% da população brasileira, que era de 169,8 milhões em 2000, têm alguma dificuldade de enxergar, de ouvir, locomover-se ou é tem alguma deficiência física ou intelectual. Provavelmente, esse número aumentou nos últimos 10 anos. Desses 24,5 milhões, cerca de 3 milhões de pessoas possui algum tipo de deficiência intelectual, ou seja, 12,2% da população com algum tipo de deficiência têm deficiência intelectual.

Para Carmo (1991), as pessoas com deficiência existem desde os primórdios da humanidade, e perante a sociedade ou eram vistas como heróis ou com menosprezo, dependendo dos valores e normas das culturas. Algumas tribos ignoravam, assassinavam ou abandoavam as crianças, adultos e velhos com deficiências e doenças. Outras acreditavam em feitiçaria, maus e bons espíritos e, assim, não atentavam seus, ditos, diferentes.

Durante a história do homem (desde a pré-história até os tempos atuais), os deficientes foram passando por períodos onde, ora eram vistos como carmas, ora eram temas de pesquisas sobre a deficiência.

Só a partir do século XX foi que surgiu um interesse maior dos governos referentes às pessoas com deficiência, pois após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) houve um aumento considerável de pessoas com vários tipos de deficiência: cegos, amputados, paraplégicos, tetraplégicos, dentre outros. Assim, iniciam-se programas de reabilitação dirigidos a essas pessoas, com o objetivo de reintegrá-los ao mundo.

Conseqüentemente, surge a Educação Física Adaptada (EFA), voltada para essas pessoas com deficiências e que tem como definição, segundo Rosadas (1994) apud Borges (2006, p.2), como sendo “uma área do conhecimento em educação física e esportes que tem por objetivo privilegiar uma população caracterizada como pessoas com deficiências ou de necessidades especiais, e desenvolve-se através de atividades psicomotoras, esporte pedagógico, recreação e lazer especial, e técnicas de orientação e locomoção.”

As pessoas deficientes por não serem vistas pela sociedade como “normais”, muitas vezes são dela excluídas e, conseqüentemente sem acesso a educação, lazer, vida social. Assim, tendem a se fecharem no ambiente familiar, que, freqüentemente, também, é um lugar de exclusão.

De acordo com Glat (1997), a integração das pessoas com deficiências é, sem dúvida, a meta primordial da Educação Especial.

Sendo assim, a Educação Física Adaptada tem um papel importantíssimo nessa integração, e tem como propósito potencializar as possibilidades de participação ativa de pessoas com deficiência, em programas com foco em atividade física/movimento corporal humano. (FEIJÓ, 2006)

A presente pesquisa visou analisar dados para discussão acerca dos benefícios da Educação Física Adaptada para as pessoas com deficiência mental.

Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica, onde se pretendeu encontrar, na literatura, diversas concepções acerca do tema, analisando-as criticamente.

História da Educação Física Adaptada

“Há indícios que a prática desportiva por pessoas com deficiência existe desde a Antigüidade, porém, somente após a II Guerra Mundial é que teve maior ênfase na área de reabilitação, prevenção e organizações, devido ao aumento da população portadora de deficiência” (ITANI, 2004, p.2).

De acordo com Rechineli et al (2008), “desde o início da história da humanidade, os tipos de comportamento em relação às pessoas com deficiência eram de eliminação, destruição e menosprezo, caracterizados pelos corpos e suas marcas”.

Segundo Carmo (1991), nas culturas primitivas, que viviam basicamente de caça e pesca, os idosos doentes e portadores de deficiência, na maioria das tribos, eram abandonados em ambientes perigosos, onde a morte se dava por inanição ou por ataques de animais.

Nessa mesma época, na antigüidade, segundo Rechineli et al. (2008), havia dois núcleos que eram referência das pessoas com deficiência: Grécia e Roma. Na Grécia havia uma preocupação com o corpo saudável, forte e perfeito, servindo muitas vezes como instrumento de poder. Só os amputados devido a guerras eram considerados heróis; aos outros deficientes, morte, desprezo e abandono eram o que os esperavam.

Roma seguia o mesmo pensamento dos gregos, ou seja, construir uma sociedade modelo para a época. Nesse mesmo período surge o pensamento dicotomizado de Platão, onde coloca a divisão do ser humano em corpo e mente, promovendo, assim, a exclusão das pessoas deficientes, por serem consideradas incapazes, física e mentalmente.

De acordo com Melo (2009), na Idade Média a igreja atribuía as causas das deficiências ao sobrenatural, pois estas pessoas eram vistas como seres possuídos por demônios. A deficiência foi associada ao pecado. Para Rechineli (2008, p.3) “corpos marcados pela deficiência eram vistos como manchados pelo demônio, vindos à vida por conta de carmas e culpas de seus pais ou familiares”. Essas pessoas ficavam em lugares específicos, como orfanatos, manicômios, prisões, entre outros.

Já no Renascimento, há uma transformação importante nos conceitos; surgem os primeiros indícios de pesquisas sobre o tema deficiência, ainda mais no advento das ciências biomédicas, com Descartes. E para Carmo (1991, p.25) significou o grande marco no campo dos direitos e deveres dos deficientes.

De acordo com Rechineli et al. (2008), houve uma transação importante do feudalismo para o capitalismo, que gerou uma mudança radical no comportamento das pessoas. Como o capitalismo sempre gera o lucro, as pessoas deficientes eram vistas como disfuncionais, por não se ajustarem aos critérios de rendimento e eficácia.

Os estudos científicos multiplicaram-se nos séculos XVIII e XIX, atingindo seu auge no século XX, marcados por um período de reformas sociais e guerras, início dos interesses governamentais em assuntos referentes às pessoas deficientes, especialmente no campo da educação, psicologia e medicina (RECHINELI, 2008). Segundo este mesmo autor, foi após a II Guerra Mundial que aconteceram atitudes positivas para essas pessoas. Iniciaram-se em hospitais programas de reabilitação para os lesionados das guerras como forma de reintegrá-los à sociedade.

A pedido do governo britânico, o neurologista Ludwing Guttman, na cidade de Aylesburry, Inglaterra, criou o Centro Nacional de Lesionados Medulares do Hospital de Stoke Mandeville, destinados a tratar de homens e mulheres do exército inglês, feridos na II Guerra Mundial (COSTA, 2004, p.30). Assim, de acordo com Itani (2004), o esporte entra na vida dessas pessoas como um auxiliar importante nos processos de reabilitação e integração.

“As pessoas deficientes talvez sejam um pouco mais diferentes, já que podem possuir sinais ou seqüelas mais notáveis” (RIBAS, 1994, p.13).

O Deficiente Mental

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2000), 10% da população em países em desenvolvimento, são portadores de algum tipo de deficiência, sendo que metade destes são portadores de Deficiência Mental, propriamente dita. Calcula-se que o número de pessoas com retardo mental guarda relação com o grau de desenvolvimento do país em questão e, segundo estimativas, a porcentagem de jovens com menos de 18 anos que sofrem retardo mental grave se situa em torno de 4,6%, nos países em desenvolvimento, e entre 0,5 e o 2,5% nos países desenvolvidos.

Aqui no Brasil, segundo a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), a porcentagem estatística deveria ser a mesma: 10% da população seria deficiente. Porém, Ribas (1994), acredita que esse número é bem maior. Por dois motivos: primeiro, porque a OMS indica que nos países do Terceiro Mundo a porcentagem pode chegar de 15% a 20%; e segundo por causa das regiões mais pobres (principalmente Norte e Nordeste), onde há locais de maior incidência de deficientes e cujos meios de vida são insatisfatórios.

Segundo FONSECA (1995, p.44):

a deficiência mental apresenta um ritmo e uma aplicabilidade de desenvolvimento e de maturação que se verificam evoluções conceituais malcontroladas, além de problemas de atenção seletiva e de auto-regulação de condutas, em que o meio joga um papel fundamental, aceitando ou rejeitando comportamentos adaptativos, que são ou não “normalizados” ou “padronizados” (FONSECA, 1995, p.44)

Para Rosadas (1989, p.9), “o deficiente mental é portador de vários fenômenos complexos, que modificam sua conduta, relacionados a causas ainda mais complexas, nas quais a inteligência inadequada ou insuficientemente desenvolvida constitui denominador comum.”

A OMS estabeleceu uma escala para facilitar o diagnóstico do deficiente mental, caracterizado por um quociente de inteligência (QI) inferior a 70, média essa apresentada pela população. Segue abaixo uma tabela (adaptada) apresentada pela OMS quanto à classificação dos deficientes mentais.

Quadro 1. Classificação dos Deficientes Mentais de acordo com a OMS

Coeficiente intelectual

Denominação

Nível Cognitivo segundo Piaget

Idade Mental correspondente

Menor de 20

Profundo

Período sensório-motriz

0-2 anos

Entre 20 e 35

Severo

Período sensório-motriz

0-2 anos

Entre 36 e 51

Moderado

Período pré-operativo

2-7 anos

Entre 52 e 67

leve

Período operações concretas

7-12 anos

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)



Através de perfis de desenvolvimento, que correlacionam à capacidade de uma pessoa desempenhar determinados papéis, pode-se obter a idade mental, que, comparada com a idade cronológica, nos dará o QI de inteligência, numa simples operação (ROSADAS, 1989, p.10):

Rosadas (1989, p.10) com muita propriedade nos lembra que “é muito difícil prever o grau e os setores do corpo que serão afetados e identificar o que ocasionou a lesão.” Sendo assim, é praticamente inviável se homogeneizar uma população de deficientes mentais, pois há diversas seqüelas, mas todos possuem danos cerebrais, e esses danos prejudicam a sensibilidade e a função dessas pessoas.

Concordando com o que é dito por FONSECA (1995, p.49), “a deficiência mental não é uma doença, mas sim uma condição, que em termos humanos deve ser respeitada a todos os níveis”.

Benefícios da Educação Física Adaptada para os deficientes mentais

A Educação Física tem um papel importantíssimo no desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo dos alunos, principalmente daqueles com deficiência.

Segundo Palma (2008, p.3), “a educação física é uma área do conhecimento que trabalha diretamente com o corpo e suas significações em todos os seus contextos de atuação”. Para Juncken et al (1987, p.17), “o esporte exerce papel fundamental no desenvolvimento somático, funcional, baseado em métodos e normas que respeitem a individualidade de cada um, bem como suas capacidades e limitações”.

De acordo com Strapasson (2007, p.8):

A Educação Física deve propiciar o desenvolvimento global de seus alunos, ajudar para que o mesmo consiga atingir a adaptação e o equilíbrio que requer suas limitações e ou deficiência; identificar as necessidades e capacidades de cada educando quanto às suas possibilidades de ação e adaptações para o movimento; facilitar sua independência e autonomia, bem como facilitar o processo de inclusão e aceitação em seu grupo social, quando necessário (STRAPASSON, 2007, p 8).

Os objetivos para os deficientes são os mesmos, e só, as regras, as normas, a organização e os procedimentos de cada atividade particular requerem um mínimo de adaptação a fim de brindar as atividades de tempo livre uma conjuntura flexível, mesmo que compensadora.

Baseado em Palma (2008), sabe-se que a maioria de pessoas com deficiência não freqüentam academias, clubes, aulas de Educação Física. Não porque elas são incapazes, mas porque a sociedade apoderou-se destas pessoas, estes direitos. Não há dúvida de que elas são capazes, porém é necessário que o profissional de Educação Física seja capaz de compreender esta capacidade e assim trabalhar com a diversidade humana, valorizando a pessoa com deficiência.

Sendo assim, segundo Melo (2009), a educação física adaptada consiste em uma parte da educação física cujo objetivo é o estudo e a intervenção profissional no campo das pessoas que apresentam diferentes condições para a prática de atividades físicas. Logo, seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal de movimento, complementando, “e se expressa nos jogos, nas danças, nas lutas, nos esportes e nas ginásticas” (STRAPASSON, 2007, p.8).

De acordo com Melo (2002), a prática de alguma atividade, seja ela física e/ou esportiva por pessoas com deficiência pode proporcionar, dentre todos os benefícios que já conhecidos, a oportunidade de testar os limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias a uma deficiência e promover a integração social do indivíduo. Esses benefícios são evidenciados tanto na esfera física, melhorando no equilíbrio, na coordenação, na resistência; quanto na psíquica, melhorando a auto-estima, integração social, redução da agressividade.

Muitos estudos mostram que pessoas com deficiência mental costumam terbaixos níveis de algumas variáveis metabólicas como: VO2 máximo, freqüência cardíaca, e tendência a serem mais obesas que pessoas normais. (BURKETT, 1983, CAMPBELL, 1974, CORDER, 1966, FOX, 1982 APUD BARROS ET AL, 2000).

Mais especificamente, “a educação especial visa proporcionar aos deficientes mentais condições que favoreçam a sua integração na sociedade, desenvolvendo alternativas de atendimento diferenciado, metodologias especiais, promovendo e utilizando recursos humanos especializados” (JUNKEN et al, 1987, p.9). Segundo esses mesmos autores, o atendimento a esses deficientes deve ser entendido e realizado seguindo alguns princípios básicos, como a normalização, proporcionando-lhes condições de vida iguais à da sociedade; integração e individualização, respeitando suas diferenças individuais, suas necessidades, possibilidades e limites.

Para Junken et al (1987), o esporte contribui, na vida do deficiente mental, para a auto-suficiência, levando a uma maior independência e participação na comunidade. Concordando com o que é dito por esses autores, essas atividades desenvolvem não só sua capacidade motora, mas também intelectiva, estabelecendo através do movimento relações com o meio. Eles experimentam nessas atividades os movimentos corporais, posições no espaço, noções de direção, distância, tempo e força que contribuem muito para o desenvolvimento global dos deficientes mentais.

A Educação Física possibilita seus alunos a conviver com a diversidade, mostrando que essas possuem dificuldades, como todas as outras pessoas, podendo superar suas limitações; sua relação com os outros; barreiras arquitetônicas; preconceitos; etc. Ela permite que se veja o corpo como outro qualquer, podendo ir atrás de sonhos, superar dificuldades, ter qualidade de vida, apesar das limitações.

Em todos os esportes, a relação do aluno e professor é essencial. É através do professor que o aluno se sentirá seguro para fazer as atividades, aumentando seu campo de ação, conseqüentemente, fará com que o aluno se sinta com mais condições de participar das atividades da comunidade e da família, “criando assim, um meio social onde o deficiente mental posso atuar com os mesmos direitos e oportunidades” (JUNKEN et al., 1987, p. 9).

As tarefas principais do professor de educação física adaptado são promover a autoconfiança e aceitação que permitirão à pessoa deficiente desenvolver habilidades e talentos que compensem a sua deficiência física.

Conclusão

De acordo com as referências utilizadas para a produção desta pesquisa, percebe-se que a história do corpo deficiente e sua discriminação, ocorrem há séculos. Só a partir do Renascimento é que o corpo deficiente é visto como meio de pesquisa.

Hoje, a preocupação com essas pessoas deficientes é muito maior. Vários são os meios para a inclusão destas na sociedade. É evidente que elas possuem alguma deficiência, mas como visto por vários autores estudados, isso não quer dizer que elas são menos capazes ou mais ineficientes do que pessoas ditas “normais”.

A Educação Física, dentre os vários benefícios já estudados, tem como objetivo a inclusão social. Sendo assim, a Educação Física Adaptada tem como um dos seus principais objetivos esse citado acima.

Fica claro que a Educação Física Adaptada é de suma importância para os deficientes, pois, proporciona benefícios como a melhora da auto-estima, estímulo independência e autonomia, melhora das funções organo-funcionais, melhora na força e resistência, dentre outros.

Para o deficiente intelectual, muitos, também, são os benefícios, conforme foram citados no desenvolver do trabalho, mas, talvez, o mais importante seja a integração dessas pessoas à sociedade, promovendo uma maior aceitação deles na própria família e com as pessoas do convívio.

Projetos sociais, não só direcionados para esse público, mas para todos os deficientes, são essenciais, pois reintegram essas pessoas à sociedade.

Pode-se concluir, a partir do referencial teórico consultado, que aceitar a diferença é obrigação de todos. E que a inclusão, principalmente dos deficientes intelectuais, possa mudar suas vidas e das pessoas ao redor.

Fonte
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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Reflexões sobre o corpo

Em vários âmbitos como o religioso, o filosófico, o científico e até mesmo no âmbito da magia e no imaginário das pessoas, o corpo humano, desde tempos mais remotos, tem sido objeto de estudo e reflexão. Dessa forma, as investigações sobre corpo atuam como objeto de pesquisa para melhor compreensão dos homens acerca desse assunto.

São várias as inferências que buscam definir o que é o corpo afinal. Para Vargas (1990, p. 33), o corpo é um turbilhão de acontecimentos culturais, sociais, animais e psíquicos, uma confluência de fenômenos, uma teia de emoções, de movimentos, um leque inesgotável de gestos. Feijó (1992, p. 7) considera que corpo e mente são um dado fenomenológico da percepção diária, dessa forma, nenhum dos dois deve ser negado ou diminuído. Brito (1996, p. 44) afirma que estudos atuais têm evidenciado como a psiconeuroimunologia e a psiconeuroendocrinologia, estudam as relações do corpo físico, com os corpos energético, emocional e mental. Ladislau e Pires (2007, p.1) relatam que o corpo de um indivíduo ao mesmo tempo em que guarda vários traços de sua subjetividade e de sua fisiologia, também pode esconder tais traços, e se aventurar na tentativa de desvendar esses mistérios é perceber o quanto é inútil separar a obra da natureza daquela realizada pelos homens, pois o corpo é “biocultural”, tanto a nível genético, quanto oral e gestual. Para Villaça e Góes (1998, p. 29), pensar o corpo é pensar em suas possibilidades e em seus limites, percebendo-o como um dos elementos constitutivos do universo, no qual se produzem as subjetividades.

Na Grécia antiga, vários filósofos já passavam a expressar discussões sobre a relevância da dimensão corporal do homem, tentando explicar sua importância. Eles buscavam preconizar a harmonia entre corpo e mente, demonstrada nas belas estátuas nuas, feitas através de uma expressão inteligente (VARGAS, 1998, p. 33). Platão pregava a dicotomia entre corpo-alma, para ele era fundamental fazer ginástica desde a infância e a adolescência, dessa maneira, a ginástica cuidaria do corpo e a música cuidaria da alma, criando uma harmonia entre os dois. Sócrates considerava que um corpo saudável era resultado de um corpo trabalhado e Aristóteles postulava que a educação compreendia três momentos: a vida física, o instinto e a razão.

Ainda segundo Vargas (1998, p. 33), na idade média, o corpo e a sexualidade eram vistos como sinônimos de pecado e, assim, os conceitos religiosos da educação preconizavam a elevação do poder mental e espiritual, renegando-se qualquer ação expressiva corporal. Somente as habilidades guerreiras dos cavaleiros e seus soldados eram permitidas, quando tinham como ideal a conquista de “lugares santos” e o combate às pessoas consideradas infiéis.

Contemporaneamente Marleau-Ponty em sua obra Fenomenologia da Percepção, propõe uma nova idéia sobre dimensão corporal e ressalta que é através do nosso próprio corpo que interagimos com o mundo e as pessoas ao nosso redor. Dessa forma, compreende-se que, quer seja na filosofia antiga, quer seja na filosofia atual, o corpo surge como um ponto crucial para as relações humanas (NOVAES, 2001, p. 17).

Segundo Silva et al. (2007, p. 2) o corpo que temos hoje, guarda muitos vestígios dos corpos de antigamente. Alguns desses vestígios vêm à tona com maior evidência, outros nem tanto, mas todos deixaram suas marcas. Representações de saúde, beleza, doença, juventude, virilidade, etc., não desapareceram, simplesmente, adquiriram novas características, produzindo “novos corpos”. Dessa forma, a individualidade das aparências criadas a partir da super valorização da imagem, leva o indivíduo a acreditar que o corpo é o local da identidade, que o corpo fala sobre a personalidade e atualmente a individualização do eu é de grande importância, já que, hoje ser único é ser visível.

Analisar o corpo através do parâmetro cultural é compreendê-lo situado no tempo onde vive, mas não apenas ligado à natureza biológica, e sim, em interação com o mundo ao seu redor, e dessa maneira, perceber como o corpo é provisório, passível de inúmeras mudanças, de diversas formas de aperfeiçoá-lo, significá-lo. É acima de tudo, entender que a construção daquele corpo é a todo o momento atravessada por diferentes marcadores sociais como raça, gênero, geração, classe social e sexualidade (LADISLAU & PIRES, 2007, p. 2).

Intimamente ligadas ao corpo humano estão às relações sociais, culturais, políticas e econômicas do momento histórico vivido e essas relações influenciam por completo o universo das técnicas e práticas corporais, fazendo com que, o corpo tenha, após a modernidade, se tornado um dos elementos mais complexos e interessantes (SOARES, 2001 apud BANDEIRA & ZANELLA, 2007, p.2-3).

Segundo Adorno (1994) citado por Bandeira e Zanella (2007, p. 3), dentre as várias categorias que constituem essas relações, encontramos a indústria cultural e sua relação com o corpo humano sob o âmbito mercadológico, fazendo do corpo uma mercadoria. Nessa conjuntura, a indústria cultural tenta alienar a sociedade e convencê-la de que o consumidor é o sujeito nessa relação, quando na verdade ele não passa de objeto.

Neste contexto, o corpo, influenciado pela cultura do belo, tem sido um dos principais agentes para o crescimento do consumo. Diante da ditadura da beleza e influenciados pela mídia, os corpos vêm sendo homogeneizados a determinados padrões estéticos (BANDEIRA & ZANELLA, 2007, p. 3).

A centralização que o corpo adquiriu na idade contemporânea levou ao aumento do número de produtos e serviços relacionados ao corpo, ao seu desenvolvimento, manutenção, controle. A indústria da beleza não pára de crescer, assim, o corpo torna-se um modelo sob o qual são conferidas diversas marcas, transformando-se em algo provisório, mutável, conforme o desenvolvimento de cada cultura (SILVA et al. 2007, p. 2).

A questão tradicional de aceitar ou não o corpo recebido torna-se agora: como mudar o corpo e até que ponto? O desenvolvimento das ciências da vida nos últimos anos permite hoje que o corpo sofra alterações não somente na aparência, mas também nos elementos de sua estrutura, e a possibilidade de recusa ou aceitação do corpo é uma alternativa oferecida ao indivíduo a partir do distanciamento advindo com a tomada de consciência de sua própria imagem (VILLAÇA & GÓES, 1998, p. 29).

Atualmente, vários são os discursos que tentam convencer a todos de que vivemos em tempos de diversidades e de relativismos. Esses discursos pregam a existência de conceitos em que o respeito a normas e padrões estaria se extinguindo, assim, entende-se que finalmente, a hora de valorizar e respeitar as diferenças teria chegado. Entretanto, quando o assunto é corpo, observa-se o que pode ser chamado de “paradoxo contemporâneo”. Por um lado, vivemos um momento denominado por muitos de pós, no qual conquistamos uma certa liberdade, que permite a cada indivíduo se expressar livremente, ser e ter o que quiser, inclusive no que diz respeito ao corpo. Por outro lado, há uma série de discursos, principalmente midiáticos, que desejam convencer a todos, estabelecendo um modelo corporal a ser seguido. Logo, aquele contexto de apoio à diversidade e esse poder normatizador sobre o corpo, constituem o “paradoxo contemporâneo” (VILAÇA et al. 2007, p. 2).

Segundo Rodrigues (1975, p. 45), o fato de a cultura ditar normas em relação ao corpo, às quais o sujeito deverá se acostumar a qualquer custo, até o ponto de esses padrões lhe parecerem naturais, vem fazendo com que o homem tenha dificuldade em lidar com a sua própria imagem.

Bandeira e Zanella (2007, p. 4) questionam se o fato de a sociedade buscar enquadrar seus corpos aos modelos ditados pela mídia, não esteja fazendo com que as pessoas passem a adotar imperceptivelmente a idéia de coletivo, perdendo a autonomia e a tão desejada visibilidade através do ideal de ser único, ser diferente.

No decorrer da história, chegamos a um ponto em que as pessoas, em busca do desejo de tornar o corpo perfeito, procuram separá-lo de seu patrimônio genético e cultural (LADISLAU & PIRES, 2007, p. 7). Encantadas por belas imagens, por físicos inigualáveis, expostos pela mídia, elas se aventuram a reformar o corpo por meio dos avanços tecnológicos e científicos. O resultado dessa reforma é a satisfação de ver o corpo padronizado aos modelos estéticos atuais, a conquista de uma possível visibilidade perante a sociedade e uma falsa individualidade, falsa porque, um modelo estético que é comum a todos não confere a ninguém exclusividade.

Na Grécia, mais ou menos entre os séculos 300 a.C. e 200 d.C. reinava o período Helenístico. Nesse período, a idéia de corpo era traduzida através da physis (físico), sinônimo de corpo na atualidade e que se tornou popular após o século XIX com a prática das chamadas educação física e atividade física (SOARES, 2007, p. 14).

Segundo Soares (2006, p. 31) o caminho grego no qual o ser humano poderia existir e se desenvolver era guiado por três valores: o belo, a justiça e o bem, de forma que a prática da ginástica atuaria para manutenção e equilíbrio destes.

No helenismo, a estética corporal em harmonia com os valores culturais formava o homem grego sensível. Nesse período, a ginástica era vista como exercício das faculdades individuais e o ginásio como um indicador do nível de desenvolvimento da nação, essa duplicidade diferenciava os gregos das sociedades bárbaras, dando-lhes sensibilidade (SOARES, 2006, p. 31).

Abrantes (1998) citado por Soares (2006, p.35) afirma que o período helenístico foi fortemente influenciado pelo pensamento estóico, que pregava a exclusividade da existência dos corpos. O materialismo e o corporeísmo valorizados pelas idéias estóicas foram criticados pelo cristianismo e pelas filosofias e ciências modernas, já que o fato de Deus ser considerado pelos estóicos como modo de ser da matéria, não estava de acordo com os princípios filosóficos e científicos.

O helenismo ao seu final foi revolucionado por Alexandre Magno, que na tentativa da monarquia universal e dotado de valores estóicos, inverteu a problemática platônica e aristotélica de valorização do equilíbrio entre corpo e espírito e também a idéia da physis, que juntamente com as mudanças na política, destruiu a harmonia entre sociedade e indivíduo na Grécia, levando a sua invasão pelo Império Romano. “A estruturação do individualismo, fundamentado na nova filosofia helenística, leva a uma perspectiva individual da ética da estética, a physis transforma-se em um físico material singular de cada indivíduo” (SOARES, 2006 apud SOARES, 2007, p.15).

A inversão do entendimento da physis faz com que o povo grego, agora greco-romano perca a capacidade de manter o equilíbrio entre corpo, espírito e beleza (SOARES, 2007, p.15). Para Soares (2006, p. 39) foi nessa época que teve início o individualismo e o egocentrismo que reinam até hoje.

Com a queda da sociedade grega o entendimento da civilização quanto às relações entre corpo e espírito também caem por terra, a partir desse momento tem início a idéia da atual cultura corporal de valorização do físico ao espiritual. Surge na antiguidade, a idéia da superioridade da matéria em relação ao espírito. Quando o cidadão greco-romano adota o pensamento estóico pregado no helenismo, talvez inconscientemente, ele esteja criando um novo fenômeno de culto ao corpo, conhecido na modernidade como fenômeno estético de adoração ao belo, o determinado modelo corporal imposto pela sociedade (SOARES, 2007, p. 16).

Entende-se estética como a ciência do belo, sendo o belo o subjetivo de cada um, ou seja, características que tornam um objeto ou corpo agradável ou não (DUFRENNE, 1998 apud CARDOSO, 2006, p. 26).

Segundo Novaes (2001, p.35), nas civilizações pré-colombianas, a beleza estava ligada ao privilégio de poder produzir alguma deformidade. Assim, uma desproporcionalidade entre a orelha e o nariz, pode ser considerada uma deformidade para a nossa cultura, mas para outro povos não. Por outro lado, uma musculatura desenvolvida pode ser considerada uma anomalia por alguém de uma cultura diferente da nossa.

Para Feijó (1992) citado por Novaes (2001, p. 35) o conceito de beleza é universal, já aquilo que é considerado belo é relativo aos padrões de cada cultura, de cada época. Hoje a estética surge atrelada à noção de beleza, ligada a cultura corporal (DUFRENNE, 1998 apud CARDOSO, 2006, p.26).

Segundo Aranha e Martins (2003, p. 371) citados por Soares (2007, p. 17) a beleza muda de padrão com o tempo, e tal mudança depende mais da cultura e da visão em alta no momento do que de uma exigência interior de belo, assim, fatores como mídia e cultura podem influenciar na subjetividade estética das pessoas.

Desde a queda do período helenístico quando teve início o fenômeno estético, o corpo passou por diversas transformações. Hoje ele passa a ser visto como objeto de beleza, desejo, status. Surgem padrões a serem seguidos no que diz respeito à estética corporal, técnicas de modificação para que as pessoas se enquadrem nesses padrões. A prática de exercícios, as dietas, as cirurgias são algumas dessas técnicas que têm se tornado comuns no campo do esteticismo (SOARES, 2007, p. 17). Para Soares (2006, p. 21) é como se hoje fosse necessário sintonizar os corpos com os objetos tecnológicos de consumo.

De acordo com Le Breton (2003) citado por Vilaça et al. (2007, p.3) o avanço tecnológico, que culminou com a substituição do trabalho braçal pelas máquinas, ajudou para o engrandecimento do fenômeno do culto ao corpo, pois a partir do momento em que os músculos não estavam mais ligados à idéia de força e eficiência mecânica para gerar lucros, o corpo estaria livre para ser trabalhado das mais diversas formas possíveis fora das indústrias.

No decorrer da história da humanidade, a forma como homens e mulheres trataram o corpo se fez sob uma quase total irracionalidade. Isso pode ser percebido pelos padrões estabelecidos em diferentes momentos na história, assim, a sociedade sempre determinou, ao longo das décadas, um tipo de corpo (FERREIRA et al., 2005, p.168).

Voltamos aqui àquela noção do “paradoxo contemporâneo”; o transcorrer da história determinou ao longo dos anos o fim de certas “amarras” da sociedade, no momento em que o corpo poderia ser tratado e trabalhado sob os mais diversos pontos de vista, ele se vê encurralado por um novo modelo que restringe seu uso. Dessa forma é necessário se pensar o corpo como um objeto destinado a seguir determinado padrão (VILAÇA et al., 2007, p.3). Dando-se evidência aos corpos masculinos o que é padrão atualmente são os modelos altos, fortes e robustos (LADISLAU & PIRES, 2007, p.6).

Hoje em dia, pode-se perceber que o sexo masculino tem se mostrado muito mais preocupado com a aparência. Essas preocupações estão voltadas para os cabelos, para a altura, para os pêlos, entre outras. Segundo Pope et al. (2000, p.204) a preocupação masculina com os cabelos se faz pelo medo de que estes sejam ralos demais anunciando uma provável calvície ou que estejam ficando grisalhos. Para os homens, um cabelo livre da aparência grisalha, das caspas e da calvície, sugere que eles sejam mais jovens, mais bonitos e bem-sucedidos, atraindo as mulheres.

O aspecto das mamas também é uma das preocupações masculinas. Mamas grandes ou gordas podem ficar com um aspecto feminino e gerar certa insegurança dos rapazes quanto à masculinidade e virilidade. Dessa forma milhares de homens recorrem à cirurgia para redução de mamas anualmente (POPE et al., 2000, p.208-209).

Preocupar- se com o fato de ter pêlos demais ou de menos também é comum entre os homens e ser baixo para a maioria deles também é motivo de alerta, já que para a sociedade os homens têm que ser mais altos que as mulheres (POPE et al., 2000, p.209).

Analisando todas essas características consideradas importantes para o gênero masculino, pode-se concluir que ter muito cabelo, mamas que não tenham aspecto feminino e ser bastante alto são para a maioria dos homens sinônimos de força, virilidade, dureza e masculinidade (POPE et al., 2000, p.210).

Para Beiras (2007), a masculinidade que os homens tanto buscam afirmar, nada mais é do que uma construção histórica e social, que através de certos atributos determinam o que é o masculino. Mas com o tempo esses símbolos sofreram certas transformações e a noção de maturidade e masculinidade anunciadas antigamente pela barba e por outros pêlos corporais, hoje está mais voltada para a aparência musculosa e mesomórfica.

Pope et al. (2000, p.13) ressaltam que essa preocupação com a aparência musculosa tem levado muitos homens a sacrificar boa parte de suas vidas para se exercitarem exaustivamente nas academias, buscando um tórax mais musculoso, um abdômen mais definido. Vários homens e jovens adultos estão gastando muito na compra de suplementos alimentares, esteróides anabolizantes ou outras drogas perigosas para “aumentar” o corpo, e assim, melhorar a estética. No entanto, podemos nos questionar, por que a noção de beleza do masculino está ligada a imagem de um corpo musculoso?

A pergunta acima pode ser respondida se resgatarmos a história e verificarmos que desde antigamente a doutrina cristã por mais rigorosa que fosse, permitiu que o tema da imagem musculosa do herói se tornasse convenção artística, até a invenção da fotografia no século XIX (VILLAÇA & GÓES, 1998, p.58).

Na era pós-industrial a idéia de construção do corpo (body building) ganhou força quando os antigos valores a que o corpo se apegava sofreram um impacto com a espetacularização do mundo contemporâneo. Kenneth Dutton, primeiro body builder, ao final do século XIX, Sandow, o magnífico, ressaltam que sua expressão individual passou a ser valorizada, diante de uma série de acontecimentos, entre eles o movimento da cultura física germânica, a espetacularização das formas corporais para a população e o importante papel da fotografia para contemplação da estética, o que acontecia anos atrás somente através da pintura e das esculturas (VILLAÇA & GÓES, 1998, p.58-60).

Para Ito et al. (2008, p.54), desde o surgimento da primeira fotografia, esta tinha como função primordial apenas reproduzir de maneira precisa os fenômenos naturais, sendo usada somente de forma objetiva e realista. Posteriormente, o caráter apenas documental da fotografia viu surgir outra maneira de se ver o mundo sob o ponto de vista da preocupação estética nas imagens.

Em meio às crises que se configuravam entre os anos de 1870 a 1880, às greves violentas e a imigração descontrolada de povos do sul e do centro da Europa, a cultura física passou a fazer parte da cultura americana como motivo de fuga para todos os problemas. Foi o momento da valorização dos músculos masculinos. A nudez passou a encontrar nos heróis gregos e romanos a permissão estética e a aceitação pela moral puritana devido à força e vigor muscular. Naquela época, passou-se a pensar que um corpo de homem, se fosse musculoso, jamais estaria verdadeiramente nu (VILLAÇA & GÓES, 1998, p.60).

Segundo Suguihura (2007, p.199), desde as estátuas gregas, há um elo entre imagem e o discurso que determina o tipo de corpo característico de cada sociedade. Na Grécia antiga, os heróis da mitologia eram imortalizados em estátuas que expressavam, pelos corpos “perfeitos”, os valores, as atitudes que levavam ao sucesso, ao reconhecimento.

Com todos os eventos que cercavam essa nova moda de adoração às formas corporais masculinas, o body building entrou em ascensão, passando a caracterizar a construção da massa muscular, desligada da noção de força e saúde. Tal tendência se estendeu até a Primeira Guerra, como um ideal de perfectibilidade a ser alcançado. No início do século XX, a exibição corporal se tornou freqüente. Com o desprendimento das amarras da moralidade, nos anos de 1920 a 1930, os ícones esportivos eram mostrados ressaltando o hedonismo que se instaurou no mundo do esporte. Surge uma nova linguagem, a body language, caracterizada como um tipo de comunicação não verbal, que utiliza as posturas, os gestos e expressões faciais (VILLAÇA & GÓES, 1998, p.61).

A comunicação não-verbal deslumbra os seres humanos desde seus primórdios, pois envolve todas as manifestações de comportamento não expressadas pelas palavras, podendo ser observada na pintura, literatura, escultura e outras formas de expressão humana. Pode-se dizer que o movimento inserido em um contexto traduz o significado de uma mensagem (SILVA, 2000).

Muitos dos adeptos do body building até 1930 eram levantadores de peso que se apresentavam em circos, ou como modelos fotográficos, porém com o declínio do teatro de variedades, o body building passou a seguir caminhos variados. O levantamento de peso se tornou uma modalidade olímpica em 1920 e se transformou em um tipo de treinamento para aquisição de força. O ato de posar passou a exigir uma ênfase na estética voltada para fotografias e a atenção as formas seria o determinante. Com a crise do modelo “herói”, a espetacularização dos músculos do homem perfeito se tornou curiosidade de cabaré (VILLAÇA & GÓES, 1998, p.61-62).

A preocupação com o corpo perfeito renasce nos anos 40 com a criação do concurso de Mister América. Da América essa obsessão pelo corpo se espalhou pelo mundo e novos concursos para exaltação do físico masculino foram criados como o Mister Universo, no final dos anos 60, e o Mister Olympia, repercutindo nos cinemas com os filmes de gladiadores até a era Schwarzenegger. Dessa forma, o body building é reinventado (VILLAÇA & GÓES, 1998, p.62). A preocupação masculina com relação ao corpo faz parte da cultura narcísica, que tem no body building, uma de suas mais fortes expressões.

Segundo Pope et al.(2000, p.73-74) a valorização da beleza corporal masculina é muito comum em outras culturas, sendo que em algumas delas, a estética do homem é tida como mais importante que a estética da mulher. Na África, os homens da tribo Wodaabe, são fortes guerreiros e líderes políticos, mas também cuidam de sua aparência, enfeitam-se, ficam descontentes com suas rugas e imperfeições, pintam seus rostos e fazem penteados nos cabelos. Nessa tribo, os homens até participam de concursos de beleza tendo as mulheres como juradas.

A adoração ao corpo masculino pode ser vista em vários momentos da história. A masculinidade das estátuas gregas e romanas é um exemplo. Na idade média a beleza masculina era contemplada através dos heróis cristãos: altos, fortes e elegantes. Na Inglaterra elisabetana, os homens já eram muito vaidosos com sua aparência e preocupados com seu vestuário (POPE et al., 2000, p.74).

Contemporaneamente um corpo esculpido, com músculos bem torneados é objeto de valorização para os homens. Cada cultura constrói sua imagem de corpo e essas imagens se estabelecem como maneiras próprias de ver e viver o próprio corpo (RUSSO, 2005, P.81-83).

A preferência por determinadas características do corpo masculino, pode ser explicada parcialmente pela biologia e pelo processo evolutivo. A idéia de beleza através da simetria dos traços corporais, já está moldada na mente das pessoas e se torna uma preferência coletiva. Outro exemplo dessa preferência coletiva é um grande tamanho de corpo. No mundo animal, o tamanho corporal é extremamente importante, já que o animal maior é aquele que domina. Da mesma maneira, desde tempos mais antigos, para o sexo masculino, ter um corpo maior e mais forte, confere aos homens algumas vantagens, como proteção para a prole e luta por uma fêmea (POPE et al., 2000,p.75).

Durante séculos a aparência masculina foi valorizada por diversas culturas, nos mais diversos locais, muito disso, pela vontade de atrair as mulheres e dominar outros homens. No entanto, os homens modernos estão mais inseguros com seus corpos, com relação aos homens de antigamente e isso pode ser explicado pelo papel de destaque que as mulheres conquistaram na sociedade (POPE et al., 2000,p.75-79).

Vários autores (Assunção, 2002; Ballone, 2005; Choi, Pope Jr., Olivardia, 2006; Pope Jr., Phillpis, Olivardia, 2000; Mirella, 2006; entre outros) citados por Falcão (2007, p.6) afirmam que o papel masculino e feminino na sociedade vem sendo modificado nas últimas décadas.

Pope et al. (2000, p.75-76) acreditam que a igualdade entre os sexos conquistada pelas mulheres ao longo dos anos em muitos aspectos da vida diária, foi um dos responsáveis por desencadear a insegurança dos homens com relação à imagem corporal. Os autores ressaltam que as mulheres hoje podem fazer praticamente qualquer coisa como um homem. Atualmente é possível encontrá-las ocupando desde cargos políticos, até ingressando em academias militares, papéis antes, restritos apenas ao público masculino, além disso, elas se tornaram mais independentes financeiramente. Diante dessa situação, o que teria restado aos homens para afirmar a sua masculinidade, teria sido apenas o corpo, pois um dos aspectos em que as mulheres dificilmente se igualam ao sexo masculino é no desenvolvimento da musculatura.

De acordo Falcão (2008), à medida que as conquistas femininas foram ganhando destaque na sociedade, a preocupação masculina com relação ao corpo também aumentou, devido a um sentimento de masculinidade ameaçada. Esse fato pode ser visto com mais intensidade a partir dos anos 60 em que é possível perceber os maiores avanços tecnológicos das mulheres e as mais notáveis transformações nas atitudes culturais com relação ao corpo masculino. Para eles, obter um corpo musculoso se tornou importante porque a musculatura representa a masculinidade e está relacionada às funções culturais dos homens de serem fortes, poderosos, eficazes, dominadores e destruidores.

Escritores como James Gillett e Philip White, citados por Pope et al. (2000, p.77) afirmam que um corpo musculoso representa hoje em dia, uma tentativa dos homens de resgatarem o auto controle e o valor masculino, já que a igualdade entre os sexos, tirou deles o papel exclusivo de provedores e protetores. Michelle Cottle, jornalista, afirmou em um artigo recente que “com as mulheres tornando-se cada vez mais independentes, os pretendentes estão descobrindo que precisam colocar na mesa mais do que uma carteira recheada se esperam ganhar (e manter) a linda donzela”.

A estética corporal masculina evoluiu com o passar dos anos, acompanhou o desenvolvimento da história da humanidade, caracterizando-se e se deixando influenciar pelas mais diversas culturas. Atualmente, ela se caracteriza por corpos fortes e musculosos, como uma maneira dos homens afirmarem a masculinidade ameaçada pelo avanço do feminismo, mas também como tendência a acompanhar a padronização dos corpos através de um modelo de beleza imposto pela mídia e pela sociedade.


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